terça-feira, 1 de maio de 2012

Notícias do Front (17)

                                   
  Reação europeia pró-Timoshenko

      O governo do Presidente Viktor Yanukovitch, por sua perseguição da líder da oposição, Yulia Timoshenko, se vê diante de um crescente boicote político de líderes europeus. Há várias ausências políticas já anunciadas para a Reunião de Cúpula de governantes do Centro e do Leste Europeu, por causa do escandaloso tratamento dado à Timoshenko.
       Com efeito, a Chanceler Angela Merkel, assim como chefes de estado e governo da Áustria, Eslovênia, República Tcheca e Itália, não pretendem ir nos próximos meses à Ucrânia, enquanto não se resolver satisfatoriamente a situação da ex-Primeira Ministra.
      A greve de fome por ela iniciada foi o recurso in extremis  adotado pela Timoshenko, diante do cinismo e da violência dos métodos empregados pelo governo de Viktor Yanukovitch.
      Depois da discutível condenação sofrida através de um dócil juiz, a campanha judicial orquestrada pelo governo Yanukovitch – este, por fraude eleitoral, fora afastado, em 2004, do poder pela revolução laranja, encabeçada por Viktor  Yushchenko – redobra de intensidade, agora através de nova ação, relativa à suposta evasão fiscal na década de noventa, em empresa privada de energia.
      Ameaçada de mais doze anos de prisão, nessa cascata de processos encomendados, a Timoshenko prossegue na sua greve de fome.
      Entrementes, manifestações de multidões em favor da líder da oposição ocorrem em Kiev. E o ucraniano Vitali Klitschko, campeão mundial de boxe, se pronuncia em favor de pressões da UE sobre o seu país “contra situações políticas negativas”. No seu entender, a Ucrânia se está tornando um regime autoritário.
     E a despejada perseguição por Yanukovitch de sua adversária política é disso prova bastante.


Ainda os efeitos de despropositada excursão   

         O rei Juan Carlos de Borboun continua devedor de garrafal erro político. A caça, esse falso esporte, que se baseia em infligir a morte a outras espécies, sofre cerco crescente da opinião pública.
        A gritante falta de sensibilidade de Sua Majestade torna-se ainda mais exasperante não só pelo escopo da jornada – em anacrônica exposição da crueldade ocidental em terras africanas, em incrível página que teima em não ser virada -, mas pela situação de seus súditos, com o desemprego de tantos infelizes, e a ameaça de desgraças econômicas ainda piores.
        A Espanha  tem uma relação histórica de ódio e amor com a realeza, como o atesta o desprestígio real nos anos trinta, e o advento de uma república que os fascistas condenaram a uma vida curta.
         Apadrinhado pelo caudilho Francisco Franco, em detrimento de um pai menos manejável, Juan Carlos demonstrou a princípio bom senso e firmeza que lhe ganharam amplo apoio popular.
        Agora septuagenário, terá pensado reaver o malbaratado prestígio com um pedido de desculpas ? Além de afastar-se do credo dos Bourbon de França – de onde é originária a Casa Real de Espanha, obtida por longa e desgastante guerra por Luis XIV, o Rei-Sol de França – teria feito melhor Sua Majestade se tivesse agido como antes, pondo-se à frente das causas gratas à seu povo.
        Derramado o leite da antiga confiança, fica complicado recolocá-lo na garrafa.


 Mais um asilado na Embaixada Americana


        Morreu no exílio faz pouco talvez o maior símbolo das manifestações de Tiananmen. Fang Lizhi ficou homiziado por um ano em porão sem janelas da embaixada estadunidense em Beijing.
        Só logrou a liberdade após reconhecer a própria responsabilidade, em confissão exigida pelo lider supremo Deng Xiaoping, que atribuía a esse renomado físico estranha importância, no juízo do próprio Fang.
       A sua ironia o tornou um líder natural dos estudantes chineses. Em certos aspectos, a perseguição burocrática chinesa traía a incrível mediocridade dos apparatchiks partidários. Acreditando desmoralizá-lo como um liberal burguês, colheram, com a meticulosidade que lhes é própria, uma série de citações de seus discursos, que distribuíram pelas universidades de toda a China, no intento de desmascará-lo. O resultado foi torná-lo famoso em todos os rincões do Império do Meio, pela qualidade de seu pensamento...
        A ditadura burocrática chinesa se vê ora às voltas com um dissidente cego Chen Guangcheng, que logrou chegar a Beijing em rocambolesca travessia, para fugir da torpe crueldade dos carcereiros de sua prisão domiciliar (uma das modalidades mais em voga da tirania chinesa, como o dirá a esposa Liu Xia do Prêmio Nobel Liu Xiaobo, preso em masmorra interiorana).
       A Secretária de Estado Hillary Clinton tem reunião marcada com os gerarcas chineses. Embora Barack Obama se tenha recusado a falar sobre o tema, não lhe escapará decerto que o único caminho aberto para Washington será o de garantir a liberdade do advogado Chen Guangcheng, seja nos porões da embaixada, seja de preferência no exterior. Entregar o dissidente ao regime do P.C.C. seria mostra  de imperdoável fraqueza.




( Fontes: O Globo, International Herald Tribune,  Folha de S. Paulo )


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