Reação europeia pró-Timoshenko
Com efeito, a Chanceler Angela Merkel, assim como chefes de estado e governo da Áustria, Eslovênia, República Tcheca e Itália, não pretendem ir nos próximos meses à Ucrânia, enquanto não se resolver satisfatoriamente a situação da ex-Primeira Ministra.
A greve de fome por ela iniciada foi o recurso in extremis adotado pela Timoshenko, diante do cinismo e da violência dos métodos empregados pelo governo de Viktor Yanukovitch.
Depois da discutível condenação sofrida através de um dócil juiz, a campanha judicial orquestrada pelo governo Yanukovitch – este, por fraude eleitoral, fora afastado, em 2004, do poder pela revolução laranja, encabeçada por Viktor Yushchenko – redobra de intensidade, agora através de nova ação, relativa à suposta evasão fiscal na década de noventa, em empresa privada de energia.
Ameaçada de mais doze anos de prisão, nessa cascata de processos encomendados, a Timoshenko prossegue na sua greve de fome.
Entrementes, manifestações de multidões em favor da líder da oposição ocorrem em Kiev. E o ucraniano Vitali Klitschko, campeão mundial de boxe, se pronuncia em favor de pressões da UE sobre o seu país “contra situações políticas negativas”. No seu entender, a Ucrânia se está tornando um regime autoritário.
E a despejada perseguição por Yanukovitch de sua adversária política é disso prova bastante.
A gritante falta de sensibilidade de Sua Majestade torna-se ainda mais exasperante não só pelo escopo da jornada – em anacrônica exposição da crueldade ocidental em terras africanas, em incrível página que teima em não ser virada -, mas pela situação de seus súditos, com o desemprego de tantos infelizes, e a ameaça de desgraças econômicas ainda piores.
A Espanha tem uma relação histórica de ódio e amor com a realeza, como o atesta o desprestígio real nos anos trinta, e o advento de uma república que os fascistas condenaram a uma vida curta.
Apadrinhado pelo caudilho Francisco Franco, em detrimento de um pai menos manejável, Juan Carlos demonstrou a princípio bom senso e firmeza que lhe ganharam amplo apoio popular.
Agora septuagenário, terá pensado reaver o malbaratado prestígio com um pedido de desculpas ? Além de afastar-se do credo dos Bourbon de França – de onde é originária a Casa Real de Espanha, obtida por longa e desgastante guerra por Luis XIV, o Rei-Sol de França – teria feito melhor Sua Majestade se tivesse agido como antes, pondo-se à frente das causas gratas à seu povo.
Derramado o leite da antiga confiança, fica complicado recolocá-lo na garrafa.
Só logrou a liberdade após reconhecer a própria responsabilidade, em confissão exigida pelo lider supremo Deng Xiaoping, que atribuía a esse renomado físico estranha importância, no juízo do próprio Fang.
A sua ironia o tornou um líder natural dos estudantes chineses. Em certos aspectos, a perseguição burocrática chinesa traía a incrível mediocridade dos apparatchiks partidários. Acreditando desmoralizá-lo como um liberal burguês, colheram, com a meticulosidade que lhes é própria, uma série de citações de seus discursos, que distribuíram pelas universidades de toda a China, no intento de desmascará-lo. O resultado foi torná-lo famoso em todos os rincões do Império do Meio, pela qualidade de seu pensamento...
A ditadura burocrática chinesa se vê ora às voltas com um dissidente cego Chen Guangcheng, que logrou chegar a Beijing em rocambolesca travessia, para fugir da torpe crueldade dos carcereiros de sua prisão domiciliar (uma das modalidades mais em voga da tirania chinesa, como o dirá a esposa Liu Xia do Prêmio Nobel Liu Xiaobo, preso em masmorra interiorana).
A Secretária de Estado Hillary Clinton tem reunião marcada com os gerarcas chineses. Embora Barack Obama se tenha recusado a falar sobre o tema, não lhe escapará decerto que o único caminho aberto para Washington será o de garantir a liberdade do advogado Chen Guangcheng, seja nos porões da embaixada, seja de preferência no exterior. Entregar o dissidente ao regime do P.C.C. seria mostra de imperdoável fraqueza.
( Fontes: O Globo, International Herald Tribune, Folha de S. Paulo )
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