François Hollande mantém a dianteira das preferências até as vésperas da eleição presidencial mas sua vantagem tem diminuído de forma constante.De uma diferença de até quinze pontos, nas últimas pesquisas, três delas apontam cinco pontos percentuais, em favor de Hollande (52,5% contra 47,5% para Sarkozy), e uma delas a restringe sua vantagem para 4 pontos (52% a 48%).
Dois fatos são inegáveis: o candidato socialista continua na frente, mas a sua margem se vem estreitando bastante na véspera do domingo seis de maio. O Presidente Nicolas Sarkozy conseguiu reduzir a sua posição de inferioridade, mas até agora não logrou reverter o quadro.
A despeito de dúvidas acerca de sua firmeza e capacidade – dúvidas essas que vem de longe, eis que o Presidente François Mitterrand nunca o nomeou para um ministério, preferindo escolher a sua então esposa Ségolène Royale[1] – Hollande fez boa campanha, chegando inclusive a vencer no debate final com o presidente Sarkozy.
Nessas condições, malgrado a estreiteza da margem, François Hollande pode ser considerado como o mais provável ganhador do pleito de amanhã.
Não obstante o seu desempenho algo apagado no debate, chegando até a ficar na defensiva, Sarkozy ainda pode surpreender. Dois fatores apontam nesse sentido: a sua progressão nas últimas prévias, mas sobretudo a dúvida colocada por 15% de indecisos.
Boa parte dos eleitores da extrema-direita tendem a ‘camuflar’ o seu favorecimento do Front National. Perguntados pelos pesquisadores, muitos deles têm vergonha de assumir a sua preferência fascistóide. A líder Marine Le Pen declarou que votará em branco no segundo turno. O seu objetivo é, sobretudo, preparar o terreno para uma boa votação do F.N. na fase ulterior para o Legislativo.
Semelha discutível que tal sinalização da Le Pen seja seguida maciçamente por seu eleitorado. A maior parte dele deverá votar por Sarkozy, conquanto a parcela de que necessita do sufrágio do Front para superar Hollande (80%) se afigura assaz difícil de ser atingida.
Também François Bayrou, o líder do centro, se afastou do presidente, declarando que votará por Hollande. Nesse campo, o mais provável é que os eleitores centristas se distribuam entre os dois candidatos, com pequena vantagem para Sarkozy.
Resumindo, em termos de linguagem turfista, François Hollande não é pule de dez, i.e., franco favorito, mas, a julgar pelas pesquisas, parece ser o provável ganhador. Por sua vez, Nicolas Sarkozy não seria contudo um azarão, com pule muito alta, retendo algumas possibilidades de surpreender.
( Fonte: O Globo )
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