A estratégia do P.T. contra o
julgamento do mensalão é multiforme. Atua em diversas frentes. Houve há pouco
recurso do advogado Márcio Thomaz Bastos, que pretendia o desmembramento do
mensalão, sob o pretexto de que o réu que ele representa - o ex-diretor do Banco Rural, José Roberto
Salgado – deveria ser julgado em primeira instância, e não pelo Supremo.
O recurso, de caráter processual, que
visava ganhar tempo, foi denegado pelo Ministro-Relator, Joaquim Barbosa. De
resto, já apresentara tal recurso anteriormente. A motivação para a insistência seria de que o
caso fosse a plenário. Joaquim Barbosa o denegou, porque os ministros do STF já
manifestaram a decisão de julgar o processo na integra.Por outro lado, o processo se encontra com o Ministro revisor, Ricardo Lewandowsky. Há compreensível ansiedade em que este julgamento comece prontamente. No entanto, até o momento não tem sido possível indicar o mês do início do juízo. Indagado a propósito, Lewandowski a definiu como pergunta de um milhão de dólares. Por não dar respostas conclusivas, chegou a ouvir a observação: você não vai querer ser considerado como o ‘coveiro do mensalão’, não é ?
O Presidente do Supremo, Ayres Britto, tem asseverado que o mensalão será julgado pelo STF. O problema é que o mês do início do julgamento continua a avançar. Por não ter data fixa e determinada, cresce a expectativa e a decorrente apreensão de que continui a afastar-se, malgrado as declarações peremptórias de parte a parte.
Por outro lado, a CPI do Cachoeira, de que o ex-Presidente Lula da Silva é um dos padrinhos, visaria não só a acertar contas com desafetos seus – como o Governador Marconi Perillo (PSDB-GO), mas também poderia ser empregada como artilharia diversionista.
Uma vez iniciado o que muitos consideram o ‘juízo do século’, a banda de música da CPI viria a calhar. Representaria uma forma de desviar as atenções do escândalo do mensalão.
A tática pode parecer muito hábil, mas na verdade é bastante primária. A opinião pública não é boba, nem será propensa a tomar gato por lebre.
Vejam por exemplo os ataques de expoentes do P.T. contra o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel. Em sua resposta, o chefe do Ministério Público pôs o dedo na ferida: no seu entender os ataques que sofre por não ter investigado Demóstenes Torres em 2009 partem de quem “está morrendo de medo do julgamento do mensalão”.
Roberto Gurgel será o promotor contra os réus do mensalão. Para ele, é “compreensível”que pessoas que buscam proteger os réus do mensalão, denunciados pela Procuradoria, queiram atacá-lo e a ministros do Supremo, que julgarão o caso.
Já houve tentativa frustrada de convocar o Procurador-geral da República. Há críticas de petistas, como o deputado Candido Vaccarezza (SP), enquanto prosseguem os intentos de que Gurgel deponha no Congresso.
Ora, inexistem fundamentos legais e constitucionais para justificar tal deposição, o que configuraria tentativa de intimidação ou de desvio de atenção.
Após rememorar vários escândalos – recentes e não tão recentes da República – a colunista Eliane Cantanhêde alinha fatos e fitas, pergunta ‘Collor e o PT estão guerreando contra que mídia, e por quê ?’ e assinala, ao final, “contra fatos – e fitas – não há argumentos. O resto é chiadeira, retaliação e guerra, com mensalão e morte de Celso Daniel em julgamento...”
E haverá alguma semelhança entre o P.T., de oposição, magro, dogmático e inflexível, da atual gorda e tentacular criatura do poder ?
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