domingo, 26 de abril de 2020

A Sucessão de Moro


                            
     Para a colunista Eliane Cantanhêde, competente observadora de Brasília e de muitos governos, na atual confusão política, advinda em boa parte do comportamento errático do Presidente Jair Bolsonaro, assinalo, uma vez mais, a relevância de ler a sua coluna hodierna, sob o título "Suicídio".

       De todo interesse, a referida imagem do superministro Paulo Guedes, durante o pronunciamento  do presidente Bolsonaro: era o único a portar máscara, em mangas de camisa e sem sapatos, só de meias, e no entender da colunista parecia seguir os passos do já ex-ministro Sérgio Moro: se está lixando para o cargo e para Bolsonaro. Fim de festa. Assim o descreveu a tarimbada jornalista.

       Para a Cantanhêde, só agora os militares de alta patente admitem: 'com o governo se esfarelando, um militar  de alta patente define o clima: "Muita tristeza". E segue: 'Junto com o governo, esfarelam-se os sonhos de por ordem na bagunça, combater com Moro a corrupção e o crime organizado, recuperar com Guedes a economia, os empregos e a esperança. Seria  impossível com um tenente rechaçado, depois um parlamentar inútil. Mas só agora eles admitem. Talvez, tarde demais para descolar as Forças Armadas do desastre. Triste mesmo.'

        Ainda segundo a Cantanhêde,  "Bolsonaro é incansável em seus movimentos suicidas, envolto em sombras, combatendo inimigos por toda  parte, fazendo só o que lhe dá na cabeça. Ou o que os filhos lhe põem na cabeça. Por que a obsessão em demitir o delegado Maurício Valeixo da Polícia Federal?  Em nomear um pau-mandado na PF do Rio, sua base? E abrir crise na PF e derrubar Moro, o maior troféu do governo, dias depois de Mandetta e em meio ao caos?"

          A tal propósito, creio relevante a observação do então Ministro Sérgio Moro, ao pedir "a razão de tudo isso". A resposta, para a Cantanhêde "está na psicologia, egolatria, medo, culpa e na proteção dos filhos 01,02 e 03 de investigações sobre rachadinhas, fake news, gabinete do ódio e organização e financiamento de atos golpistas. Ante pandemia, mais de 4 mil mortos, o desespero de empresários, empregados  e Ministério da Economia, Bolsonaro só pensou nele e nos filhos."

          E cabe mais um excerto do artigo da Cantanhêde: "O pronunciamento foi sobre ele, ele e ele. Por que demitir Valeixo? Porque, depois de milhares de horas de investigações, a PF não concluíu  o que "ele" queria: que a facada foi um complô, quem sabe da China comunista? E Valeixo não atropelou as leis e o MP-RJ nas investigações sobre Marielle, o condomínio da Barra da Tijuca e as namoradas do filho 04".

         E para terminar, segundo a colunista "a Bolsonaro e Moro resta uma acareação jurídica, política e midiática. Bolsonaro não entende nada dessa seara (...) mas Moro estará em seu habitat.  Se um afunda, o outro emerge na política, o que pode dar em tudo ou nada, mas passa a ser o grande pesadelo de um ser conturbado e sob risco real de impeachment."

( Fonte: O Estado de S. Paulo, artigo Suicídio, de E. Cantanhêde)   

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