sexta-feira, 22 de junho de 2012

Obama será uma das vítimas da crise europeia ?


                
       Os indicadores econômicos não pressagiam para a Europa  rápida recuperação. A vaga de virtuais concordatas nas economias da União Europeia avança com a situação na Espanha, submetida ao socorro da U.E., pela exposição de seus bancos.
       Se bem que o governo espanhol fale de preservação da própria soberania, os fundos internacionais de emergência não chegam sem fiscais, nem regras especiais. A União Europeia já apresenta um rosário de condições falimentares, como atestam as intervenções brancas na Irlanda, Portugal e na Grécia. Se persiste um raio de luz, após a última eleição na República Helênica, afastado por ora a perspectiva do calote grego, e de suas imprevisíveis consequências nas globalizadas finanças, o gabinete Samaras não será tão dócil quanto os precedentes, e a medicação prescrita pela UE e o BCE não pode ser de molde a liquidar o paciente junto com a enfermidade.
      Nesse contexto, se prefiguram os próximos embates no diretório da União Europeia, em que a Chanceler alemã se há de deparar com o novo líder francês, que não reza pela sua cartilha, e principia o quinquênio com o duplo endosso do respectivo eleitorado.
       Se a Alemanha é a economia mais forte, terá de compor-se com a França, que é a segunda na UE. Se a disciplina fiscal não pode ser ignorada, tampouco se deve afastar o recurso ao crescimento, na linha keynesiana cujo resultado gaulês tende a enfatizar.
      A solução é complexa, porque a robustez da economia germânica tem limites, a par da paciência de seus eleitores, que não vem apoiando ultimamente o governo e o partido de Angela Merkel.
      São poucas as economias europeias que, como a Finlândia, se atêm aos deveres de casa. Não surpreenderá, portanto, que Frau Merkel se descubra um tanto isolada na sua postura de austeridade.
     O contágio da crise tampouco é de molde a ser ignorado. O próprio Primeiro Ministro italiano, Mario Monti, o relembrou, no que respeita à condição da Espanha.
     A Itália estaria na posição daqueles bancos de Wall Street que foram julgados grandes demais para que fossem abandonados à condição do Lehman Brothers. Se os efeitos da falência desse banco de investimentos foram ruinosos, precipitando a grande crise financeira internacional, compreende-se a preocupação das autoridades financeiras em evitar que se repita o descalabro desencadeado pelo quinze de setembro de 2008.
     Tal inquietude esteve presente no rebaixamento pela agência de classificação de risco Moody’s de quinze grandes bancos mundiais. Dentre os americanos, no primeiro grupo de cortes está o JPMorgan Chase (nota de longo prazo Aa3), que apresenta riscos significativos, mas dispõe de forte colchão para absorver choques. No segundo grupo está o Goldman Sachs. Por fim, as piores notas (A3) estão no terceiro grupo com o Bank of America, Citigroup e Morgan Stanley. Assinale-se que o Citigroup e o Bank of America estão a apenas dois níveis de junk (alto risco).
     A ação da agência Moody’s foi interpretada como para sinalizar a diferença do comportamento das agências classificatórias na crise de 2008, em que a situação falimentar do Lehman Brothers não motivara qualquer indicação prévia para o mercado de parte de tais agências.
     É de observar-se, outrossim, que grandes bancos como o Citigroup – que foram salvos pelo Tesouro americano na crise de 2008 – de volta à gestão privada não parecem corresponder às expectativas do mercado.
     O eventual agravamento da crise financeira europeia  - e a sua possível extensão a economias do porte da italiana – tenderá a ter reflexos na situação econômica americana, que os especialistas designam quer como a grande recessão, quer até como incipiente depressão.
    De qualquer maneira, dada a globalização, uma piora na Europa terá fatalmente influência negativa na principal economia do planeta, que é a estadunidense. Se os respectivos índices refletirem esse contágio, a ulterior fragilização da economia americana não deixará de ter séria influência na campanha presidencial.
   E não é segredo que a conta por uma economia em crise costuma ser paga por presidente que postule a reeleição. Dessarte, uma recaída na situação econômica americana tenderá a ajudar o candidato da oposição que, no caso em tela,  pode até jactar-se de ter amealhado a respectiva fortuna através de intervenções pontuais em empresas que se debatiam em precárias condições financeiras.




( Fontes: O Globo e Folha de S. Paulo )  

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