segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Notícias do Front (5)

                                   
O novo Ministro já chega com bagagem

      Como se não bastassem os sinais pregressos, mais uma, agora ao ensejo da nomeação do novo Ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, líder do PP na Câmara.
      O flamante Ministro já tem de responder pelos seus pedidos ao antecessor Mário Negromonte. Pedira ao correligionário que turbinasse o Minha Casa, Minha Vida no município em que, veja só, sua mãe é prefeita.
      Data venia, Ministro, isso configura nepotismo. Se não é bom augúrio para o novel responsável pela pasta das Cidades, tampouco diz bem desse estranho sistema presidencialista, inaugurado pelo lulo-petismo, que é o do(a) presidente submeter-se à indicação daquele partido da base a que se atribui o feudo ministerial.  
 

Até para ti, ó Casa da Moeda ?!

      Quando as pessoas imergem em um modelo, e o tomam como paradigma, surgirão certas instâncias que, pelo seu absurdo, poderão servir como sinais reveladores de que algo existe de muito errado no sistema.
      Esse desvirtuamento, se acaso faltasse, reponta no episódio da demissão de Luiz Felipe Denucci da presidência da Casa da Moeda.
     Levar esse desvairado fisiologismo a tal instituição, como se a fábrica governamental do numerário fosse um órgão político, e portanto suscetível de ser alocada ao PTB, é mais uma prova de que é mais do que tempo para virar essa mesa.
     O senhor Denucci foi demitido pelo Ministro da Fazenda Guido Mantega. Seria interessante conhecer das razões de seu afastamento, mas a experiência nos indica que a base parlamentar cuidará de blindar o governo e o ministro Mantega, inviabilizando qualquer tentativa de aclarar esse mini-escândalo.
     E como diz a canção, tudo continuará bem, madame la Marquise[1].


Ecos da Visita Cubana

     Não caíu bem o comportamento da Senhora Presidente Dilma Rousseff. Segundo transpirou, resolveu desconhecer as sugestões dos assessores em matéria de direitos humanos. Não é dificil entender o seu drama íntimo. Ela foi torturada e encarcerada por um regime opressivo e brutal.Nesse capítulo, a sua lapidar resposta ao  Senador José Agripino Maia (Dem/RN)  é irrespondível.
    Por outro lado, lhe é difícil esquecer o fanal da revolução cubano, que tanto motivou a sua geração.
    O problema se complica, no entanto, com o passar dos anos, o esclerosamento da liderança da pequena ilha, e a sua transformação em tirania. Os ideais dizem permanecer, mas como interpretar a postura de carrasco de um povo?
      As tolices de Lula, quando de sua visita – que coincidiu com a morte de Orlando Zapata – parecem ora de menor peso do que a hipocrisia de não atentar para mais um crime, a morte do dissidente político  Wilmar Villar Mendoza, após a ritual greve de fome.
     Trocar confidências com o déspota substituto, Raul Castro, sob o pano de fundo de um regime que não permite um direito humano fundamental – o de ir e vir -, pode ser descrito como o fez Berta Soler, porta-voz das Damas de Branco: ‘Ela agiu como Lula e não se interessou pelo povo cubano. Só nos restou o papel de enfrentar a situação sozinhos’.
     De que serve o visto no passaporte da blogueira  Yoani Sánchez, se faltou a palavra simples, para libertá-la de grilhões que nada tem de metafóricos ?


O Fim dos Paraísos

    No passado, os diplomatas que visitassem seus colegas em Genebra podiam sentir alguma sensação de inveja.
    O ritual dessas estadas incluíam  passeio a um dos parques da plácida cidade que depois de escorraçar o seu célebre cidadão Jean-Jacques Rousseau,  viria, depois de morto, a entronizá-lo em monumentos e logradouros citadinos.
    Nessas caminhadas, em geral dispostas em horas adentradas na noite, os nossos anfitriões nos perguntariam retoricamente – em que lugar do mundo é possível passear por um parque público sem correr qualquer perigo ? 
    E o visitante, o olhar esgazeado, contemplava a quietude e a serenidade do lugar, e não poderia refrear, no recôndito do próprio ânimo, um olhar comprido, daqueles eivados de assentimento misturado, às vezes, com um comentário irrepresso e tácito: que sortudo esse fulano de viver nesse paraíso da segurança!
   Agora, nos vem a triste nova. A periferia não mais permitirá que tais passeios se possam repetir. Porque, pasmem, Genebra começa a conviver com os amigos do alheio !
    Assim, a antiga tranquilidade vira retrato na parede. E como dói !


( Fontes:  O Globo, Estado de S. Paulo, International Herald Tribune )



[1] senhora Marquesa.

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