Bolsonaro não perde tempo em menosprezar essa enfermidade - que já matou cerca de 185 mil. De resto, avança pelo país a temível segunda onda da que ele chama de "gripezinha", e para quem tem dúvidas sobre a periculosidade da doença, recomenda-se acompanhar no noticiário televisivo a sua sinistra progressão.
Depois de demitir o médico Mandetta da Pasta da Saúde - logo ele, que tem uma visão e uma empatia profissionais, e que lograra motivar a população - Bolsonaro acabou, após lidar com um malogro mediático, por contratar um militar em fim de carreira, sem qualquer ligação com a medicina.
Não é necessário, decerto, consultar ao Dr Sigmund Freud para indicar a óbvia gravidade do problema - a par do fato de que por uma série de circunstâncias, essa atitude presidencial pode ser considerada como perigosa. Não é só à menção chula a uma "gripezinha", que me parece um acinte às centenas de milhares de brasileiros que tiveram de hospitalizar-se para vencer esse mal isto no caso de terem tido sorte e bons médicos. Bolsonaro desfaz da terrível enfermidade que mandou a muitos para a sepultura, se não tinham para defendê-los no caso mais sério da UTI, que apesar de suas consequências por vezes terríveis representa nas hipóteses mais graves e de maior periculosidade a única esperança de salvação, malgrado as sequelas que o tratamento deixa nos pacientes mais graves.
A par disso, se seria demasiado desejar compará-lo com a Primeira Ministra da Nova Zelândia - que colheu a gratidão de sua gente pela própria eficiência no comando - quem sabe a atitude de Jair Bolsonaro o aproxime mais do seu muito admirado presidente Trump, que tentou uma salvação in extremis inventando males imaginários, tão imaginários que nem a Fox neles acreditou, sem falar em tudo aquilo em que Trump contribuíu,pela própria incompetência, a aumentar a triste colheita.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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