O palpite infeliz do Prefeito
Embora se possa discutir se a afirmação do Prefeito
Eduardo Paes é um palpite ou não, eu prefiro considera-la dessa forma.
Pressionado, o senhor prefeito saíu-se com esta, que manifestamente não se
afigura a resposta adequada.
Senhor Prefeito, o fato de não
haver votado no senhor não me tolda o juízo quanto à sua atuação e de que tem
feito boas obras nesta nossa cidade maravilhosa. Por isso, é que me dou o
trabalho de ponderar-lhe que não está evidenciando a sua habitual sensatez ao
negar-se peremptoriamente a reconstruir o elevado do Joá. Para tanto, o senhor
aduz razões que poderiam valer se se tratasse de alguma obra desimportante, suscetível
de ser contornada, ou até desativada, se outras vias a pudessem substituir a
contento.Aqui tampouco se fala de Copa de Mundo ou da Olimpíada. Está aí uma parte da população do Rio que cresce a cada dia. Os fatos são conhecidos e não de hoje. A degradação do Elevado do Joá é visível, e as fotografias vincam a negligência de anos, talvez décadas na intervenção. Por isso se impõe a recomendação dos técnicos da Coppe/UFRJ de reconstruir o Elevado, para conter a degradação que põe em risco a integridade da via.
Como o senhor forçosamente terá de precatar-se, um valor mais alto se alevanta, diante do qual as suas ponderações e a tentativa de empurrar o problema para a próxima administração beiram a insensatez. Nem todas as missões que nos são cometidas são agradáveis, mas seria bom que um administrador com a sua capacidade empresarial encarasse a questão como um grande desafio que, por capricho da Deusa Fortuna, veio cair justamente diante de sua pessoa, em que formilham tantas ideias para a progressão desta mui leal e heróica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Lamento dizer-lhe que esta é uma responsabilidade sua, que não tem condições de delegar a alguma potestade futura.
E mãos a obra, meu Prefeito, sem mais tardança, porque, por maior que ela seja, a assunção da responsabilidade será sempre a boa resposta. Reconhece decerto a ingente dificuldade, mas ao afrontá-la transmite ao povo carioca a própria responsabilidade assumida no comprometimento, franco e sem rebuços, de resolvê-la a bem da coletividade.
Havia na multitudinária base de apoio, uma surda revolta contra a faxina da presidente Dilma Rousseff. Na calada da noite e ao ouvido
de algum repórter de confiança, se refugava contra o exercício, que não
passaria de truque demagógico, de resto mineiramente nunca assumido, da novel
presidenta.
De qualquer forma, a sua forma de
corrigir o que chamava pundonorosamente de malfeitos
– que ela matreiramente descontava, como se tudo fosse obra do acaso – lhe
rendia pontos preciosos nas pesquisas, eis que não desagrada ao eleitor que a
corrupção seja punida e o agente, seja quem ele for, afastado do governo. De uns tempos para cá, no entanto, a faxina desapareceu do noticiário, posto que não os escândalos. Tudo mudou quando suspicácias caíram sobre um dileto amigo e colaborador de Dilma Rousseff, o Ministro Fernando Pimentel. Do dia para a noite, os férreos critérios mudaram, e a enérgica presidenta não mais entreviu motivo para aplicar a Pimentel o tratamento usual.
Tais mudanças trazem consequências. A Comissão da Ética presidencial se viu transmutada. Partiu o probo Ministro Sepúlveda Pertence e outros conselheiros de igual parecer. Emasculada, desfalcada, a Comissão não foi extinta, mas perdeu o grão de sal que por um tempo a distinguira.
Quanto à faxina, já virou história, à maneira de outros eventos que a seu tempo despertaram clamor e aplausos, para depois cairem no ramerrame do dia-a-dia.
( Fonte: O
Globo )
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