Questão
Palestina
Em atitude de afronta à comunidade internacional, o
gabinete Netanyahu resolveu levar avante, em represália à maciça aprovação pela
Assembleia Geral do status da
Palestina como país observador não-membro, o plano de construir conjuntos
residenciais em área de Jerusalem oriental.
É importante frisar que, ao
fazê-lo, o governo direitista de Netanyahu demonstra não só o seu menosprezo
pela lei internacional e a perspectiva de um eventual acordo com Ramallah, mas também – o que é mais
grave – ignora a posição política da superpotência, a cujos ditames deveria
pautar-se. Como já assinalado por este blog,
a conformidade de Tel –Aviv com as posturas de Washington – malgrado dele
depender dos inúmeros vetos que tem impossibilitado condenações de Israel pelo
Conselho de Segurança - foi substituída a partir dos anos setenta
por uma inversão na relação, com o Estado-cliente
assumindo larga autonomia no que tange à potência protetora.O caso em tela pode servir de exemplo prático para essa desenvoltura do estado nominalmente cliente. Há duas décadas os Estados Unidos sinalizam a sua firme oposição a construções nessa área, conhecida como E1, com 1.200 hectares, em que os assentamentos tornariam impossível conectar as cidades palestinas de Ramallah e Belem às áreas vizinhas de Jerusalem Oriental (que sediariam as instâncias diretivas da Autoridade Palestina, em solução paritária da questão).
Fundado no apoio político interno das duas Casas do Congresso americano, o gabinete Netanyahu – e muitos antecessores seus – adota política de fato consumado, na convicção de quem esteja na Casa Branca não ousará contrariar frontalmente muitas posições israelenses ao arrepio do direito internacional.
Na última eleição, Netanyahu não trepidou em apoiar abertamente a Mitt Romney, agindo de resto como se considerasse favas contadas a vitória do ex-governador de Massachusetts. Será interessante verificar se mais esse desrespeito da prática diplomática internacional provocará uma reação mais firme de Barack Obama. Tal poderia inclusive sinalizar a Mahmoud Abbas e aos palestinos, que a superpotência preza manter a necessária isenção com vistas a viabilizar a paz na região.
A crise da democracia no Egito
O Presidente Mohamed Morsi tem dado sobejas indicações
de que não pretende revogar o decreto pelo qual se arrogou poderes ditatoriais.
Por outro lado, a Fraternidade Muçulmana, com a sua maioria na Assembléia
Constituinte, procedeu a aprovação de afogadilho do texto constitucional, em
que pontos importantes como os direitos da mulher, o respeito das religiões (em
especial da minoria cristã-copta), ou não são sequer mencionados, ou o são de
forma amplamente insatisfatória.
Essa tática do fato consumado se
evidencia, outrossim, na promessa de um referendo nacional para a aprovação do
texto da Carta Magna. A maneira com que tema de tal relevância está sendo
tratado, não é uma indicação promissora para a criação de um regime realmente
democrático. Morsi dispensou aos manifestantes da praça Tahrir tratamento que não difere muito daquele intentado, em março de 2011, pelo seu antecessor Hosni Mubarak.
O povo egípcio deu manifestação de maturidade democrática ao sinalizar que a ele interessa uma democracia autêntica e não um simulacro com tinturas autoritárias.
(Fontes: International Herald Tribune; O Globo )
Um comentário:
Questão Palestina: O desrespeito às pautas defendidas pela Assembleia Geral da ONU,por Netanyahu, é uma clara demosntração de sua onipotência. Esta caracteristica tem pautado as politicas de Israel em relação ás questões palestinas.
Egito: Depois de tanta luta do povo egípcio para derrubar um ditador eis que o novo presidente dá claras demonstrações que os avanços democráticos foram mínimos.
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