sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

PIF PAF


 Adiado o inútil acordo ortográfico

          Dentro da geral indiferença, informa-se que o acordo ortográfico  ‘negociado na década passada’ não vai mais ser obrigatório a partir de 1º de janeiro de 2013. Como é do conhecimento público, sob a dúbia justificativa de que era para atender modificações desejadas por Portugal, fora levada avante a nova reforma. A Academia Brasileira de Letras cuidou, junto com outra associação formal  – a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) – de empurrá-lo goela abaixo dos governos respectivos.
          A insignificância desse acordo – que altera a grafia de cerca de 0,5% das palavras em português – já é decerto bastante para provocar a reimpressão de dicionários e livros que as inúteis e desnecessárias modificações introduzidas tornavam ipso facto obsoletos.
          Veja caro leitor e ilustre passageiro da nave Brasil, como está adiantado o português em nossa terra. Enquanto no século vinte nem o francês nem o inglês, coitados, mereceram a atenção de qualquer reforma, nossos acadêmicos podem atestar orgulhosos que em Pindorama houve muitas !
           Tanto esforço dedicado a um fugidio objetivo: o da uniformização linguística ! O idioma, no entanto, é o espelho da fala de cada povo. Desse modo, fica complicado tentar uniformizar – senão para engendrar ficções – linguajares que podem ter origem comum, mas refletem realidades distintas.
          Em tempo: a obrigatoriedade do novo Acordo Ortográfico é adiada para 2016. Talvez o único problema dessa longa postergação, será que em chegando o tempo, ou terão dificuldade em aplica-lo, ou se perguntarão se já não seria tempo de um novíssimo acordo, um que realmente uniformizasse a língua (pouca importa que seja tarefa impossível...)


O  Asilo prometido pelo Deputado Marco Maia

          Noticia a imprensa que o Presidente da Câmara, Deputado Marco Maia (PT/RS) aventa a possibilidade de abrigar os deputados que tiverem a prisão decretada pelo Presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa.
          Para o Presidente do STF, acolher os condenados na Câmara seria uma grave violação da Constituição. Por outro lado, o ministro Joaquim Barbosa rechaçou a acusação de Maia de que haveria ingerência do STF no Legislativo: “Condenar pessoas que tenham cometido crimes de corrupção ativa ou passiva, peculato, lavagem de dinheiro (...) é  ingerência no Legislativo ?”  E completou : “Atacar o patrimônio público (...) será que a Constituição confere esse tipo de privilégio ?”
          Como se sabe, o direito de asilo é uma instituição antiquíssima, surgida na antiga Hellás, com o propósito precípuo de minorar a selvageria dos vencedores sobre os vencidos. Muita vez era a circunstância de abraçar-se no templo na imagem do deus a oportunidade propícia para pelo menos retardar a punição cruel e amiúde mortal. Nesse sentido, havia templos notórios pelo renome da respectiva compaixão outorgada e da severa reação causada pelo desrespeito a tais regras, que eram  menos de misericórdia, do que de respeito à figura do adversário.  Terá sido com base neste asilo dos templos que se difundiu na América Latina o asilo diplomático.
         É importante, por fim, assinalar que tanto na Grécia, quanto na atualidade latino-americana (e não só no nosso continente, como a História e a atualidade o demonstram) tal asilo é sempre concedido para estrangeiros e não para nacionais. Recordemo-nos de que a velha Hellás só ficava em paz durante as Olimpíadas...  No restante do tempo, a guerra era a forma corriqueira de relação para aqueles que, apesar de gregos, consideravam os seus irmãos de cidades vizinhas como estrangeiros.

 

( Fonte: Folha de S.Paulo )

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