Por costume ou rotina, se convencionou inserir no dia de Natal uma lista de resoluções ou de votos piedosos. Talvez esteja implícita tarefa suplementar ao bom velhinho, a quem as crianças já enviaram os rituais pedidos.
Como o orvalho matinal que rápido desaparece aos primeiros raios solares, tampouco tarda nos dias que correm a inocência infantil com a fábula de Papai Noel. Nesse ponto, diferem os pais, no mantê-la ou não. Dada a condição humana, as discrepâncias não haverão de provocar maior espécie. Aí me permitirei inserir um personagem que desta praxe não fazia a menor idéia.
Reporto-me a Aristóteles, que tinha a respeito a lei do meio termo. Bem sei das naturais limitações desta lei que muito tem a ver com a respectiva experiência. De todo modo, cada um terá sempre alguma noção quando está ou não ultrapassando o limite...
De qualquer modo, se a porteira está aberta para sugestões, acho muito boa a sugestão de Miriam Leitão de que se melhore a educação no Brasil. Se vamos partir para um padrão finlandês, é outra estória. Dado o bom senso no approach por partes, faria muito sentido que em um local para tanto mais apropriado ele fosse imitado à risca. O seu êxito teria o condão de induzir a sua repetição em outras partes, e assim por diante. Nesse caso, conjugaríamos a ambição com a prudência. É um método que pode funcionar.
Dentro do mesmo princípio, importa restringir a respectiva lista de solicitações. Não ignoro que tal pretensão não é nada fácil. Nesse contexto, a colunista de O Globo nos fala da matriochka russa, mas até mesmo as mais elaboradas bonecas artesanais conhecem um limite, e é bom que assim seja.
Por isso, dentro da auto-imposta norma, me permitiria acrescentar mais uma instância apenas. Não é praxe que assim se proceda, mas, como o leitor se dará conta, esse aparente comedimento é uma tática que lá tem o seu mérito. Pois a minha agregada súplica natalina não é das menores.
Peço apenas mais uma coisa: que se ab-rogue a lei de Gerson, essa diretiva que não consta de nenhum registro de legislação formal, que foi abjurada pelo seu próprio autor, e que, não obstante, perdura na difusa ânsia de levar vantagem em tudo, por mais que a intenção seja deletéria, contrária ao bom senso e a qualquer projeto conducente ao entendimento construtivo, mutuamente partilhado sob o selo da boa fé recíproca.
É dessa esperteza burra que devemos nos livrar. Sei da dificuldade da empreitada, porque a tal lei não está inscrita em nenhum cartório ou diário oficial, mas sim em alegada mentalidade, na qual miopia e astúcia pensam dar as mãos, com o desastroso resultado que por todos esses anos se nos depara.
Talvez nos sirva afinal de lição a imagem do turista ucraniano que veio aqui dar com os costados, a angústia escrita no gesto e no corpo. Eis que conduzido a proverbial delegacia vestia não mais que uma cueca. Jovem, ingênuo, terá acreditado na boa vontade do carioca e passeado pelas areias de Copacabana, com lenço, documentos e mais pertences, acabar do jeito descrito, confuso, e querendo saber dos seus.
A sua história, tenho para mim que acabará bem.
O que me preocupa deveras é a resposta que os brasileiros darão aos votos de Natal.
( Fontes: O Globo, Rede Globo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário