segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Pif Paf Natalino


                                           
Egito:  “aprovação da Constituição”

          A primavera árabe se veste ... com trajes islamistas. O fenômeno já fora notado na terra onde tudo começara, com o sacrifício de Mohamed Bouazizi.  A democracia se vai evaporando sob a pesada indumentária islâmica, com a regressão nos direitos da mulher e outros traços característicos. Sob o impulso da agremiação islâmica, a revolução lançada pela auto-imolação do verdureiro tunisiano, derrubara o regime corrupto de Ben Ali. A vaga islâmica, no entanto, busca atingir a valorização da mulher, introduzida em Tunísia por Habib Bourguiba e mantida por Ben Ali.
         Com a constituição egípcia, aprovada de cambulhada por assembleia dominada pela Fraternidade Muçulmana, o questionável recurso do referendum popular ratifica um texto de Lei Magna que vai ao arrepio do sentir da maioria da população.  Mohamed Morsi carimba agora a sua carta, também de marcada inspiração islamista, a despeito de haver uma abstenção de dois terços dos eleitores. A suposta maioria de 64% dos sufrágios tem a manchá-la não só a circunstância de ser apoiada por gritante minoria do corpo eleitoral, mas também as denúncias da oposição, com as habituais irregularidades na apuração e no tratamento dispensado às urnas.  
 

O “progresso” chega ao sertão nordestino

        Parece piada de mau-gosto, mas infelizmente é verdade.  Refletindo em cores cruas de que estampo são esses senhores, noticia a imprensa que políticos de municípios do sertão nordestino – onde a população sofre sob o látego da seca – tiveram a suprema cara de pau de aprovarem  reajustes  de  até 272%  nos subsídios de prefeitos e vereadores que tomarão posse – e que posse ! – no dia 1º de janeiro. Em algumas localidades, como Carira, no Sergipe, o prefeito receberá R$ 24 mil.
       Com tal remuneração, já se podem medir o alcance e as intenções dessas figuras.
       Para tanto, é mister recorrer ao Ministério Público, para que se logre impugnar esse desfile de sem-vergonhice e de falta de qualquer sentido de cidadania que tal despropositada distribuição natalina decerto evidencia.

 
A guerra civil síria  (Contd.)

        Pelo visto, o déspota Bashar al-Assad e seus Migs obsoletos (mas tristemente eficientes para alvos civis) teme – e muito !- ajuntamentos populares. A última evidência de tal estranha fobia se verificou no patético bombardeio de uma fila de padaria, na cidade de Halfaya, que passara para a Liga Rebelde há cerca de uma semana.
        Sem qualquer escopo de cunho militar, só se pode atribuir seja a um terrorismo já defasado, seja a grosseiro erro do piloto, o estúpido sacrifício imposto a gente que se anima a sair dos próprios tugúrios movida pela fome.
        Está outra vez em território sírio – a que desta feita só logrou aceder por via terreste – o enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi.  Diplomata argelino, sucedeu a Kofi Annan, após o malogro do Plano Annan, o que era previsível dada a falta de qualquer caráter coercitivo para a participação das Nações Unidas. Se tal não ocorrera por acaso – e sim pelo cerceamento dos poderes do mediador pelo veto russo no Conselho de Segurança – tampouco Brahimi teria condições, malgrado a maior proximidade de Argel com Damasco.
       Já vão longe, no entanto, os dias de glória da diplomacia de Argel. A própria intenção de mediar o conflito, consoante expressa por Brahimi,  já soa defasada, eis que o próprio antigo protetor da ditadura alauíta – o Kremlin – não mais demonstra qualquer interesse em negociar em seu favor.
       Na expressão inglesa, Bashar al-Assad semelha se ter pintado em um canto, de onde ele não tem saída aparente.

 
Blindagem para governadores 

       A chamada CPI do Cachoeira, aquela genial ideia de Nosso Guia, acabou terminando em gigantesca pizza.  Findou seus inglórios dias, sob chuva de recriminações, e sem um indiciamento sequer. O PT já dera o exemplo, subtraindo o seu governador (Agnelo Queiroz, do D.F) e Marconi Perillo (GO/PSDB) também sairia da lista.
      De Sérgio Cabral (RJ/PMDB) então nem falar. Dentre  uns e outros (como v.g. Fernando Cavendish, da Delta – aquele da turma do lenço), salvaram-se todos em mais uma mostra das condições da presente legislatura. Se havia inclusões indevidas, como a do Procurador-Geral Roberto Gurgel, dos jornalistas, outras tinham bastantes títulos para serem levadas adiante, caso a dita Comissão estivesse à altura da tarefa.
     Por falar em governadores, o instituto da blindagem judicial semelha estar indo muito bem, obrigado. Veja-se a situação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que se acha impedido de abrir sete processos criminais contra cinco Governadores de Estado.
     O colendo Tribunal espera resposta dos Legislativos dos Estados governados por André Puccinelli (PMDB-MS), e pelos tucanos Beto Richa (PR), José de Anchieta Jr. (RR) e Marconi Perillo (GO).  A blindagem do peemedebista Sérgio Cabral é ainda mais forte, eis que a Assembleia do Rio de Janeiro, após cuidadosa consideração não autorizou o início do processo.
    E passou o plúmbeo tempo em que Carlos Lacerda investia contra os alegres compadres de Brasília ...

              

( Fontes:  O  Globo, Folha de S. Paulo )

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