A primavera árabe se veste ... com trajes islamistas.
O fenômeno já fora notado na terra onde tudo começara, com o sacrifício de Mohamed
Bouazizi. A democracia se vai
evaporando sob a pesada indumentária islâmica, com a regressão nos direitos da
mulher e outros traços característicos. Sob o impulso da agremiação islâmica, a
revolução lançada pela auto-imolação do verdureiro tunisiano, derrubara o regime
corrupto de Ben Ali. A vaga islâmica,
no entanto, busca atingir a valorização da mulher, introduzida em Tunísia por Habib Bourguiba e mantida por Ben Ali.
Com a constituição egípcia, aprovada
de cambulhada por assembleia dominada pela Fraternidade Muçulmana, o
questionável recurso do referendum popular ratifica um texto de Lei Magna que
vai ao arrepio do sentir da maioria da população. Mohamed Morsi carimba agora a sua
carta, também de marcada inspiração islamista, a despeito de haver uma abstenção
de dois terços dos eleitores. A suposta maioria de 64% dos sufrágios tem a
manchá-la não só a circunstância de ser apoiada por gritante minoria do corpo
eleitoral, mas também as denúncias da oposição, com as habituais
irregularidades na apuração e no tratamento dispensado às urnas.
O “progresso” chega ao sertão nordestino
Parece piada de mau-gosto,
mas infelizmente é verdade. Refletindo
em cores cruas de que estampo são esses senhores, noticia a imprensa que
políticos de municípios do sertão nordestino – onde a população sofre sob o
látego da seca – tiveram a suprema cara de pau de aprovarem reajustes
de até 272% nos subsídios de prefeitos e vereadores que
tomarão posse – e que posse ! – no dia 1º de janeiro. Em algumas localidades, como
Carira, no Sergipe, o prefeito
receberá R$ 24 mil.
Com tal remuneração, já se podem medir o
alcance e as intenções dessas figuras. Para tanto, é mister recorrer ao Ministério Público, para que se logre impugnar esse desfile de sem-vergonhice e de falta de qualquer sentido de cidadania que tal despropositada distribuição natalina decerto evidencia.
Pelo visto, o déspota
Bashar al-Assad e seus Migs obsoletos
(mas tristemente eficientes para
alvos civis) teme – e muito !- ajuntamentos populares. A última evidência de
tal estranha fobia se verificou no patético bombardeio de uma fila de padaria,
na cidade de Halfaya, que passara para a Liga Rebelde há cerca de uma semana.
Sem qualquer escopo de cunho militar,
só se pode atribuir seja a um terrorismo já defasado, seja a grosseiro erro do
piloto, o estúpido sacrifício imposto a gente que se anima a sair dos próprios
tugúrios movida pela fome.Está outra vez em território sírio – a que desta feita só logrou aceder por via terreste – o enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi. Diplomata argelino, sucedeu a Kofi Annan, após o malogro do Plano Annan, o que era previsível dada a falta de qualquer caráter coercitivo para a participação das Nações Unidas. Se tal não ocorrera por acaso – e sim pelo cerceamento dos poderes do mediador pelo veto russo no Conselho de Segurança – tampouco Brahimi teria condições, malgrado a maior proximidade de Argel com Damasco.
Já vão longe, no entanto, os dias de glória da diplomacia de Argel. A própria intenção de mediar o conflito, consoante expressa por Brahimi, já soa defasada, eis que o próprio antigo protetor da ditadura alauíta – o Kremlin – não mais demonstra qualquer interesse em negociar em seu favor.
Na expressão inglesa, Bashar al-Assad semelha se ter pintado em um canto, de onde ele não tem saída aparente.
A chamada CPI do Cachoeira,
aquela genial ideia de Nosso Guia, acabou terminando em gigantesca pizza. Findou seus inglórios dias, sob chuva de
recriminações, e sem um indiciamento sequer. O PT já dera o exemplo, subtraindo
o seu governador (Agnelo Queiroz, do D.F) e Marconi Perillo (GO/PSDB) também
sairia da lista.
De Sérgio Cabral (RJ/PMDB) então nem
falar. Dentre uns e outros (como v.g.
Fernando Cavendish, da Delta – aquele da turma do lenço), salvaram-se todos em
mais uma mostra das condições da presente legislatura. Se havia inclusões
indevidas, como a do Procurador-Geral Roberto Gurgel, dos jornalistas, outras tinham
bastantes títulos para serem levadas adiante, caso a dita Comissão estivesse à
altura da tarefa.Por falar em governadores, o instituto da blindagem judicial semelha estar indo muito bem, obrigado. Veja-se a situação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que se acha impedido de abrir sete processos criminais contra cinco Governadores de Estado.
O colendo Tribunal espera resposta dos Legislativos dos Estados governados por André Puccinelli (PMDB-MS), e pelos tucanos Beto Richa (PR), José de Anchieta Jr. (RR) e Marconi Perillo (GO). A blindagem do peemedebista Sérgio Cabral é ainda mais forte, eis que a Assembleia do Rio de Janeiro, após cuidadosa consideração não autorizou o início do processo.
E passou o plúmbeo tempo em que Carlos Lacerda investia contra os alegres compadres de Brasília ...
( Fontes:
O Globo, Folha de S. Paulo )
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