Até o amargo fim ?
Vladimir
V. Putin não quer nem saber. A despeito das profusas reavaliações de altos
funcionários que são presumidos entenderem das questões do aliado al-Assad, e de suas perspectivas, que
têm ultimamente pendido de forma pesada na tecla do pessimismo no que tange ao
´futuro´ do regime alauíta na Síria, o presidente russo se opõe tenazmente a
qualquer intervenção internacional naquele país. O que traduzido em miúdos,
significa que, a despeito do sombrio horizonte de Bashar, o Conselho de
Segurança das Nações Unidas continuará manietado pelo veto do Kremlin a qualquer ação mais pró-ativa
no aludido conflito.
O mapa de atuação – ou melhor
dizendo, não-atuação – se inspira do exemplo líbico. Até hoje, Putin se
ressente do suposto engano em que teria caído, ao abrir os céus da república de
Muammar Kaddafi às forças da OTAN.
No seu entender, o domínio aéreo da aliança ocidental teria preparado, pela
ordem, a queda da ditadura líbica, e, em seguida, aberto as comportas para o
atual ‘caos’ que existiria na relação de forças que sucedeu ao então mais
longevo déspota mundial.Como não se desconhece, o Brasil foi um dos países que mais custou em reconhecer o regime da república de Benghazi. A par dos ônus que geralmente recaem sobre os Estados – e respectivas empresas - que mais tardam em admitir um processo de sucessão de regimes, também terá prevalecido o critério de nossa Presidenta, que fê-la censurar a mídia (e o público brasileiro) por desrespeitar a própria regra de que não se deve comemorar a morte de governantes.
A alienação da comunidade islâmica na
França
Residindo em conjuntos residenciais – habitações de
baixo custo denominadas HLM – nas periferias suburbanas das grandes cidades, a
etnia franco-árabe semelha condenada à rejeição, tratados como franceses no
Norte Africano (Magreb), e como
árabes na França.
Ficou tristemente famosa a frase do
então Ministro do Interior, Nicolas
Sarkozy, que, implicitamente, a eles se referiu como ‘racaille’, quando indicava o propósito de reprimi-los, no contexto
das centenas de automóveis incendiados em protesto por essa comunidade.A inadaptação de tal comunidade – e o número de muçulmanos na França é indicativo do seu peso demográfico, com mais de oito milhões no chamado hexágono – se veria refletida em Mohammed Merah (o terrorista que matou três soldados franceses, um rabino e três crianças de credo judaico, e, não obstante, é tido como mártir do Islã por segmentos da imigração).
A conflitante experiência dessa comunidade franco-árabe é vivenciada pela senhora Latifa Ibn Ziaten, que é a mãe do sargento policial Imad, morto pelo terrorista Mohammed Merah. Ao contactar essa comunidade, a senhora Latifa ouviu ser Merah considerado um herói, um mártir do Islã. Na avaliação da tresloucada ação de Merah, existe uma contradição : de acordo com a comunidade franco-árabe, Mohammed errou no que fez, mas essa gente entende a mensagem que ele quis passar.
No entender dessa comunidade, apesar de sua ação terrorista, ele só foi abatido pela polícia pela circunstância da própria etnia. Todo o paradoxo dessa questão poderia ser resumido na avaliação feita pela mãe do sargento policial morto por Mohammed Merah: “Ele me tirou o que me era mais caro. Ele me levou meu filho, meu amigo, meu príncipe. Mas ele era também uma vítima da sociedade.”
A saída de cena do tecnocrata Mario Monti, ao cabo da aprovação pelo Parlamento italiano do
orçamento para 2013 se terá revivido o fantasma do ex-Primeiro Ministro Silvio Berlusconi, e a associada imagem
do bungabunga, também mostra que o eleitor italiano não é
burro, e sabe distinguir nas névoas da demagogia qual é o seu principal
interesse.
Dado o êxito de sua presença na democracia
parlamentarista italiana, o ex-primeiro ministro teria deixado uma fé de ofício
que, apesar dos prognósticos pessimistas, venha a embasar uma eventual candidatura
sua nos próximos comícios. Monti contaria com uma base centrista. As forças prevalecentes até agora são as de centro-esquerda do Partido Democrático de Pier Luigi Bersani, e da coligação populista capitaneada pelo irreprimível Silvio Berlusconi. No segmentado universo político italiano, o centrismo de Monti aglutinaria quinze por cento de votantes, o que poderia constituir, no parlamentarismo italiano, uma fórmula precária, mas válida de governabilidade.
Continua a saga judicial anti-Timoshenko
Consignada ao dito pequeno noticiário muita vez reservado à crônica policial, continua a saga imposta à líder da oposição na Ucrânia, a prisioneira (de Yanukovich) Yulia Timoshenko.
A judicialização da perseguição política – introduzida por Vladimir Putin na vizinha Federação Russa - prossegue na sua triste e impiedosa marcha no que tange à líder da oposição na Ucrânia. Se em outros países, a liderança da oposição se defronta democraticamente com o primeiro ministro nos bancos do Parlamento – como espelha o modelo da democracia ocidental em Westminster -, em Kiev a contenda é transladada para os bancos judiciais.
Quem está sendo perseguida judicialmente não é uma criminosa, mas a própria líder da oposição, que, consoante o poder imperante, deve pagar na justiça a audácia de haver posto em risco o projeto de governo, simbolizado no caso em tela pelo senhor Viktor Yanukovich.
O resumo deste drama é o seguinte: a senhora Timoshenko – que se caracterizara pelas tranças camponesas e que é culpada essencialmente de pôr em risco o projeto governatorial de Yanukovitch – fora sentenciada a sete anos de prisão em outubro de 2011, com base em acusações de abusos cometidos ex-officio. Como se tal não bastasse, surgiu um segundo processo, em que se alegam sonegação fiscal e peculato.
Marcado para abril do corrente ano, o juízo tem sofrido seguidas postergações motivadas pelo estado de saúde da ré. Como é público e notória, Yulia Timoshenko está encarcerada em um lazareto prisional de Kharkov, por sofrer de agudas dores da coluna.
A despeito de ocasionais manifestações de solidariedade, como a da visita da Presidente da Lituânia, a Timoshenko tem sido mantida em um limbo que semelharia conveniente para as lideranças europeias e ocidentais.
Essa judicialização da política, na aparência uma versão dita menos incivilizada da refrega política, implica na verdade em uma cínica instrumentalização de uma velha senhora vendada, que, em outras plagas, têm o bom senso de não trocar as bolas. O último caso de pretenso contágio terá sido na Geórgia, em que o gabinete entrante terá acenado com a conveniente prática da dita judicialização no contexto político.
( Fontes:
International Herald Tribune, O Globo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário