sábado, 11 de fevereiro de 2012

O Lado Democrata

                                      
       As possibilidades de vitória da candidatura do Presidente Barack Obama à reeleição em novembro melhoraram um pouco, desde os baixios do ano anterior, quando as prévias indicavam marcado decréscimo na  preferência pelo atual presidente.
       Estávamos na desastrosa negociação com os republicanos para a elevação do teto da dívida pública, momento burocrático no passado, que foi instrumentalizado pela bancada do GOP na Câmara de Representantes, notadamente a ala do Tea Party, de que se prevaleceu o líder Eric Cantor (R-VA), nisso arrastando o moderado Speaker John Boenher (R-OH).
       Talvez esse haja sido o pior momento para Obama, discursando para um punhado de fotógrafos no jardim da Casa Branca, ao ensejo de sua assinatura de um acordo que parte da bancada democrata se recusou a avalizar.
      Desde então, em parte por cortesia do GOP, sobretudo na Câmara, que passa imagem de contínuas confrontações e de escassa propensão por soluções de interesse nacional, e igualmente por alguma melhoria na situação econômica, a partir de janeiro último, com novos 243 mil empregos – o segundo mês de ganhos acima do previsto -, com a queda do índice do desemprego para 8.3%, e o número total de desempregados baixando para 12.8 milhões, a curva das perspectivas tem inflexão positiva.
      Para a reeleição do presidente, a história indica que, excetuado FDR durante a grande Depressão, nenhum primeiro mandatário logra um segundo mandato, em cenário recessivo da economia, sobretudo se com índice de desemprego acima de 8.8%. A despeito da circunstância de que não criou tal situação, ao cabo de quatro anos Obama será julgado pelas condições da economia. O fato de que a chamada Grande Recessão se deva à calamitosa gestão de George Bush júnior, no entendimento da opinião pública, a responsabilidade recai ora sobre o sucessor.
       Daí, os sinais promissores pelos novos empregos e a queda no índice de desemprego, dadas as anteriores pessimistas previsões, que chegavam a apontar para patamares de 8.8% de desemprego em outubro/novembro, vale dizer às portas dos comícios presidenciais. Diante do viés negativo desse prognóstico – nenhum presidente em exercício, em tempos recentes, lograra reeleger-se com tais índices -, compreende-se o relativo maior otimismo no campo democrata.
       No entanto, o peculiar estado da economia americana torna, de certa forma, o presidente refém das estatísticas mensais de criação de emprego e de desemprego produzidas pelo Bureau do Trabalho.
      Embora não mais possa ambicionar aos totais do candidato da Esperança e da Mudança, Obama, em alguns aspectos, tem crescido no exercício de seu mandato. Não é mais ingênuo a crer na possibilidade do bipartidismo. Dessarte, tem confrontado os republicanos, evidenciando pouca vontade de transigir com o GOP na sua exigência de prorrogação da suspensão de impostos sobre a folha de pagamentos.
      Diante do bloqueio pela bancada republicana do Senado de nomeações do interesse de sua Administração, tampouco tem hesitado em valer-se de designações durante o recesso congressual, como na do importante cargo de presidente do órgão de Proteção Financeira ao Consumidor.
        Há um aspecto, contudo, cuja eventual ressurgência relembra a atitude do Barack Obama do primeiro biênio de seu mandato. Haja vista a melhora de seus índices de aprovação – supera, por um ou dois pontos, a de seu rival Mitt Romney, que malgrado as reviravoltas no GOP continua a ser visto como o provável antagonista em novembro -, Obama, e o seu grupo mais próximo, tem por vezes manifestado aquela húbris que fora singularmente castigada nas eleições intermediárias de 2010, através da reconhecida shellacking (tunda), que deu a maioria na Casa de Representantes aos radicais do Tea Party.    
       Em recente cerimônia na Casa Branca, estavam previstos dois oradores, Barack Obama e, em representação do clã Bush, o governador Jeb Bush. Despertou um pouco de estranheza que Obama depois de discursar, e sem esperar pela outra intervenção,  tenha deixado o recinto, não obstante estivesse presente o 41º Presidente dos Estados Unidos, George H.W. Bush.
      Não será através da arrogância e da consequente atitude de distanciamento, que Obama há de efetivamente progredir no respectivo propósito de evitar tornar-se presidente de um único mandato.



( Fonte:  International Herald Tribune )

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