quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A Montanha Russa do GOP

                              
       Continua a alternância na disputa pelas primárias republicanas. Desta feita, foi a vez de Mitt Romney.  Persistem, no entanto,  as resistências  contra a  candidatura do ex-governador de Massachusetts. A par disso, cabe notar que a permanência de Newt Gingrich entre os pré-candidatos retira votos de Rick Santorum.
      Assim, em Michigan – é bom lembrar que se trata do estado natal de Romney – este venceu com dificuldade, com 36%, seguido por Santorum com 33%, o libertário Ron Paul com 10%, e o conservador Newt  com 6%.
     Por sua vez, no Arizona, a vantagem de Romney, com 47% dos sufrágios, sobre Rick Santorum, com 27%, parece a princípio bastante mais marcada (Gingrich teve 16% e Ron Paul,8%).
     Como se verifica, entretanto,mesmo em  estado onde contou com o apoio da governadora Jan Brewer,  se somados os votos dos dois pré-candidatos que se proclamam conservadores (Santorum e Gingrich),  a parcela dos opositores de Mitt se elevaria a 43%, apenas três por cento menos do que o total atingido pelo ex-governador de Massachusetts (os votos de Ron Paul, da radical corrente libertária estão fora, na prática, do marco partidário).                         
     A par disso, se a demografia de Arizona é mais favorável para Romney, o apoio da governadora – que, não faz muito, teve acalorada discussão no aeroporto com o presidente Obama – semelha mais para o oportunista, eis que ela deve  sua eleição ao Tea Party, movimento republicano da franja do extremo direitismo que até hoje se mantém à distância do moderado Romney.
     A sorte de Newt Gingrich será selada na chamada Super Terça-feira (6 de março), com muitas primárias em estados sulistas (Gingrich é natural da Georgia). Se o antigo Speaker da Câmara não conseguir nessa data desempenho razoável, com pelo menos uma vitória no seu estado natal, afigura-se provável que venha a desistir da pré-candidatura. Dada  sua filiação ao campo conservador, ele tenderia a pôr suas fichas no candidato principal desta tendência, v.g.,  Rick Santorum (sempre na suposição de que Santorum tenha uma votação substancial nessa data, que é um dos momentos decisivos da campanha das primárias).
    Dos dois prélios da terça-feira 28 de fevereiro, o mais esperado era o de Michigan. Um tropeço de Mitt Romney enfraqueceria bastante a sua postulação.
    Nesse contexto, há alguns aspectos que merecem ser sublinhados. Em Michigan, como no New Hampshire, a primária está aberta não só para republicanos, mas também para democratas. Dentro da orientação – que é precipuamente a da Casa Branca – de ver em Mitt Romney o rival mais temível (e aquele com maior probabilidade de arrebatar a nomination na Convenção de Tampa, na Flórida) os democratas que participaram da votação, concentraram as suas preferências em Rick Santorum, que pela linha conservadora e posturas de quase extrema-direita seria, nos comícios de novembro, o candidato republicano claramente mais débil.
     A par disso, o próprio campo de Santorum solicitou os votos democratas, julgando que tal recurso não fere a ética partidária (a fortiori, porque Romney pleiteara os sufrágios dos democratas em New Hampshire).   
      Como a campanha em Michigan para Mitt não foi fácil – na semana anterior, o ex-governador de Massachusetts estava ainda atrás nas preferências com relação a Santorum – a modesta organização eleitoral do ex-senador pela Pennsilvania demonstrou regozijo pela dinheirama que o pré-candidato Mitt Romney (não obstante estar competindo no seu estado natal) teve de dispender, diminuindo os fundos da sua candidatura (que é de longe, entre os republicanos, a mais bem fornida).
      Em consequência, Romney prevaleceu nas duas primárias, mas haja vista as considerações acima, as suas vitórias não foram triunfos determinantes e esmagadores.
      Perdura, assim, a montanha russa da corrida no GOP. Mitt Romney, que é o postulante com a campanha mais organizada e com maiores fundos, e que dispôs desde o princípio de uma sustentação mínima de 25% das preferências, se ressente de uma rejeição substancial na militância conservadora do partido de Abraham Lincoln.
      Será, indubitavelmente, por tal motivo, que os votos desses militantes  pairaram em vários pré-candidatos (hoje politicamente defuntos), como Herman Cain (o executivo afro-americano do Burger King) e Rick Perry (governador do Texas) com claros na memória. Está na marca do pênalti Newt Gingrich (o ex-Speaker) com notórios pontos fracos de caráter, enquanto Rick Santorum representa a principal ameaça para a Convenção.
      Nesse momento da campanha republicana existem três possibilidades, em linha crescente de probabilidade, para  Tampa, na Flórida: (a) uma convenção negociada - como se fazia no passado remoto, em que a direção dos notáveis do GOP designaria um candidato até então fora da disputa, como, v.g., Jeb Bush (o irmão de Bush júnior) ou o governador de New Jersey, Chris Christie; (b) a entronização do conservador Rick Santorum ou de seu contendor, o ressuscitado Newt Gingrich; e (c) a confirmação do moderado Mitt Romney, como a opção, amarga para os conservadores, porém com maiores probabilidades de constituir a alternativa de Barack Obama.
      


( Fonte subsidiária:  CNN )

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