quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A Princesinha do Mar

                                    
        A Copacabana que eu conheci quando menino é como aqueles retratos na parede de que nos fala Drummond. Ela permitia, no entanto, entrever para as lentes da infância imagens que ainda se podem manusear, com sorridentes, por vezes distantes adultos.
       Chegado do sul, trazido por mãe e avó em  camarote do transporte de então, um Ita da companhia Costeira, viajei,como fazem as crianças, sem cuidados de bagagem e sem muito pensar na troca da vida em cidade interiorana pela capital do país.
       Dentro dos largos espaços da memória infantil, Copacabana me foi apresentada, depois do longo, recortado percurso da avenida Beira-Mar, com suas atarracadas muretas, que debruavam as estreitas praias do Flamengo e Botafogo.
       Com as duas bocas na montanha, que engoliam ou despejavam bondes e  ônibus, o túnel Novo nos fez passar para o largo espaço da avenida Princesa Isabel. Sem que o soubesse, Copacabana se abria para mim.
      Entretanto, com os seus ares e a fama internacional que já tinha, como as grandes damas da alta sociedade, nosso conhecimento não seria imediato. À guisa de intróito, ficaria na margem extrema que se estende até o morro São João, com o seu sonolento forte, que forma o bairro do Leme.
      Malgrado estivesse um tanto crescido para segurar-me em barras de saia, posso talvez dizer que a minha relação com a praia famosa principiou de maneira lateral, como as regradas cortes de antanho.
     Ficamos em hotelzinho caiado de branco. Em época de férias escolares, cruzávamos o asfalto, junto com  as primas, seguros pela mão temerosa do tio, que sabia dos perigos do tráfego na avenida da cidade grande. Vivendo no universo dos jogos e brinquedos, nós corríamos, senão atrás de borboletas, sob o sol quente, em areias tão brancas quanto as do Cassino[1], movidos pela esfuziante alegria da prazerosa novidade.
     Aos lerdos adultos, a tarefa ingente de controlar esse irrequieto bando. Hoje imagino contristado a trabalheira para os grandes, intentos em vigiar-nos as incursões seja na arrebentação, seja na areia batida, por onde corríamos nas incessantes carreiras de tantos agitados, leves e lépidos pezinhos.
     Cada idade tem o próprio compasso. A criançada, contudo, que não conhece as estreitas peias da fadiga, nem as cautelas dos graúdos, tem a algariada onipotência dos verdes anos, de cuja fragilidade é ignara, até que a sorte lhe pregue alguma cruel ou imprevista peça.
      Naquela estação não caiu sobre o  grupo familiar tal raio súbito e impiedoso. O gesto de meu tio, todavia, na curta caminhada para a praia, guardava de temporada anterior o olhar ansioso e os lábios cerrados, mêmores da menina, companheira nos folguedos das areias e mar do Leme, que num arroubo se desprendera de mãos calejadas na insana carreira de chegar mais depressa, através da rua também cruzada por carros e seus pesados pára-choques.    
     Guardo ainda, se bem que envolta nas brumas de tantos anos, lembrança de foto que nos mostrou, com a sorridente guria, ao lado de minhas primas, suas amigotas do peito. Em alguma gaveta ele estará guardado, para sempre jovem e sem rebuços, eterno sorriso de uma cortada promessa de vida.

                                                      *

     Viraram depressa as páginas do meu livro. A estada em prédio da avenida Antonio Carlos, quase esquina de Presidente Wilson. Em fins de semana, pelas mãos de outro tio, a assistência no barracão do incipiente aterro vizinho do aeroporto Santos Dumont. Eram espetáculos de luta-livre. Ao me ver sofrendo com os golpes baixos  que padecia Baroni, o lutador leal, quem me convidara tratou de tranquilizar-me:
     ‘Não te preocupes, que aqui os bons ganham sempre.’
      Dito e feito. Para que voltasse feliz ao acanhado apartamento.

                                                      *

      Em 1949 afinal nos mudamos.Novíssimo, o prédio. Mal viera o habite-se, minha mãe tratara de arranchar-se com o filho, em andar alto de apartamento com vista para o mar. Era na avenida Nossa Senhora de Copacabana, e se havia prédios à frente, muitas casas ainda restavam. Por isso, à direita se rasgava larga faixa das areias do posto seis, a ponto de que, no futuro, ela me deixava ir sozinho para a praia, desde que fosse para aqueles lados, onde da sacada me podia cuidar.
     Aliás, nos primeiros meses, em que, pela idade me retinha mais em sua companhia, tínhamos o hábito de nos postarmos na sacada aberta – mais tarde minha mãe a cerraria com largos janelões, de modo a aumentar a sala. Abaixo corria a avenida Copacabana, com ônibus e carros, nas duas mãos. Logo a seguir, a esquerda, saíam da Francisco Sá os trilhos de bonde que rumavam para Ipanema e Leblon, na época longas viagens.
     Não demorou que me chamassem a atenção  uns ônibus pesados, que faziam a linha nr. 12 Posto Seis – Estrada de Ferro Central do Brasil. Eram apelidados camões, porque tinham na frente, ao lado do capô, o banco do motorista. Avantajados pelas dimensões, costumavam passar depressa diante do nosso edifício. Numa tarde quente, com o olhar distante de quem se apresta a buscar outros afazeres, acompanhei intrigado um vira-lata que enveredara pela avenida.
     Vinha do ponto final a caminho da cidade um enorme camões.A pista estava desimpedida e o chofer avançava. Para mim, daria tempo de evitá-lo. No entanto, através da aberta vidraça lateral, vi com nitidez  sua postura. Não deu a mínima para o que fatalmente ocorreria.  
      Talvez pelo calor que se desprendia da máquina, se achava meio adernado para fora, com a camisa branca em desalinho. Estarrecido, me dei conta de que o ônibus colheria em cheio o cachorro, nem grande nem pequeno, com o pelo branco e manchas negras.
       Ignorava na época quantos centésimos de segundo transcorreram, na câmera lenta das memórias indeléveis. Acreditei piamente que havia tempo para pelo menos o motorista tentar fazer qualquer  coisa: desviar o carro, procurar travá-lo.
      Nada disso aconteceu, porém. O quadro que me ficou é o de um rosto que olha para a rua como se à sua frente nada houvesse.  As rodas que atravessam o corpo do animal, deixando para trás perninhas que se mexem em repelões, com a parte esmagada do corpo imóvel sobre o asfalto quente.
     Minha mãe arranjaria jeito de me tirar prontamente da janela. Mais difícil seria apagar o incidente da lembrança, malgrado quando ali voltasse os vestígios da cena tivessem desaparecido.                   

                                                      *   

     Sem que ninguém me ensinasse, aprendi a nadar. Ajuizado, dava as minhas  canhestras braçadas pouco além da arrebentação, mas com a certeza de encontrar pé tão logo cansasse.
     Os amigotes giravam em torno das peladas, em que praticava um futebol discreto.
     Gostava e muito de ajudar no arrastão, que lançava colônia de pescadores, bem junto do rochedo que adentra o oceano, e que naquele tempo abrigava um Forte de Copacabana, com muitos soldados, inclusive artilheiros que manipulavam os pesados canhões, voltados para o Atlântico e a encapelada monotonia do mar aberto.
     Muito mais tarde, e por única vez, ouvi do meu quarto o estrondo de um tiro contra o cruzador Barroso. Por sorte nossa, saberia muito depois, o comandante não respondeu com os próprios canhões. A bordo, estava o governo deposto pelo ‘movimento de retorno aos quadros constitucionais vigentes’, em reação ao que seria  tentativa de golpe contra a posse de Juscelino Kubitschek.     

                                                      *

      Aos sábados, de tarde, nos campos de areia da praia de Copacabana, marcados por balizas regulamentares, se sucediam as partidas de times uniformizados. Pouco antes do jogo, vinham trazer as redes.
      Não tardou demasiado para que me descobrisse um espectador engajado, torcedor da equipe do posto seis – o temível Lá Vai Bola. Por fortuna, me calhou assistir aos primeiros jogos, e o nosso time, com calções brancos e malha de listas verticais de cores  já esmaecidas na minha memória, não costumava perder em casa.
     Logo aprendi a hora das partidas e, se fosse o caso, quando deveríamos reunir-nos para seguir pelo passeio até o campo do adversário. Os encontros se caracterizavam pela lealdade e que me recorde, salvo um breve aceno, as torcidas se respeitavam. Separavam até lugar para os visitantes.
       Como era campeonato levado a sério, com turno e returno, disputado pelos times dos diversos postos, lembro-me de que, certa feita, caminhamos até o Leme, justamente o bairro pacato, aninhado no fim da praia de Copacabana. Mal me recordei então das minhas corridas com as primas naquelas areias em que ora jogava o Lá Vai Bola. Teria, nos princípios da puberdade, dado de ombros para as criancices de anos passados.
      Era agradável caminhada, no estreito passeio que se estendia por uns cinco quilômetros. Passava por muitos campos até alcançar o sítio da partida. A praia de Copacabana como que se engalanava com as suas equipes uniformizadas, os juízes compenetrados com seus apitos, e o público, distribuídos nas fileiras pró e contra, de pé, quase na borda da calçada com a areia.
      Em geral,  sua atenção seguia mesmerizada os lances e percalços da partida, com aplausos, apupos e eventuais assobios, se o árbitro maltratasse o time da casa.Mas o fair play dos anos cinquenta estava igualmente presente. Não se ouviam palavrões, algumas mulheres compareciam, mas não muitas. Por esses tempos, as moças não costumavam aparecer, pois diziam que futebol era coisa pra homem.
      Por falar nisso. Não esqueci o episódio que proporciou Bob, um roliço americano, que andava rebolando. Não sei se foi de propósito, mas ei-lo que surge no passeio do Posto Seis, durante partida do Lá Vai Bola. O público torcedor, que ladeava a praia, logo se apercebeu  da presença inusitada. Bob apressou o passo,parecendo envergonhado mas não temeroso, sob saraivada de assobios que o perseguiram até sumir em meio aos transeuntes, bem além do espaço reservado do time da casa.
      São ruidosas manifestações do preconceito, com ar brincalhão, que não mais se escutam nas calçadas hodiernas, embora coisas piores possam ocorrer, em ruas desertas ou sob o abrigo das trevas da madrugada. Cena não muito diversa em termos de intolerância se me deparou também no Posto Seis, quando grupo de moças com sumários maiôs de duas peças foi posto a correr por um bando de energúmenos que, de repente, começara a jogar-lhes punhados de areia, sem outro motivo que a própria boçalidade.   
                                                             *                             

        Nos anos cinquenta, cresci. Saí do Anglo-Americano em Botafogo e me transferi para o Mello e Souza, na rua Xavier da Silveira. Se antes precisava do bonde ou do ônibus para cursar o ginásio, no clássico caminhava do posto Seis até a rua do colégio, trajeto que consumia em cerca de quinze minutos.
       Naquela época Copacabana tinha belas calçadas, e não havia atropelo nos logradouros. Desde cedo, me dera já alguma latitude e eu percorria as quadras do bairro entre a Santa Clara e o meu prédio, que ficava no quarteirão ladeado pela Júlio de Castilhos e a Francisco Sá. Da vizinha  Júlio de Castilhos, via surgir a figura conhecida de Mário Lago, que, creio, deveria morar por aquelas bandas.
      Por causa dos meus amigos do Mello e Souza passei também a ir a Ipanema, na época  bairro tranqüilo, residencial, com casas de família ladeando a Visconde de Pirajá.
     Era a época dos cinemas, e das longas filas que se formavam nas bilheterias. A televisão ainda engatinhava, com a Tevê Tupi e a Tevê Rio. A princípio, não tínhamos aparelho de televisão, e por vezes ía com minha avó à casa dos pais de Adolpho Bloch, na Cinco de Julho, para o ajantarado do domingo,a que precedia a sessão da televisão da sala. Quando se cobria a partida de futebol no Maracanã, por vezes tinha a fortuna de assistir os rushes do Ademir que, em geral, decidiam os jogos para o meu Vasco da Gama.
    Podia-se sair a qualquer hora, que o perigo não rondava nas ruas de Copacabana (nem tampouco nas de Ipanema).
    O comércio de Copacabana ladeava as quadras da principal artéria do bairro. Muitas lojas finas no centro da cidade – sobretudo na Ouvidor e na Gonçalves Dias – possuíam sucursais na zona sul, que em geral se situavam na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Havia pouco comércio em Ipanema, pelas características do bairro.
    Era um prazer  passear pelos quarteirões de Copacabana. As lojas tinham bom nível. Só principiavam a decair nas ruas transversais, a partir da Siqueira Campos. Mesmo em frente da Praça Serzedelo Correia havia bons hotéis, como o que se hospedou minha outra avó, que veio ao Rio acompanhada de prima coetânea minha.
      A galeria Menescal, construída com revestimento de granito, era uma sequência de lojas que, hoje, diríamos de marca. Nesses tempos, os shoppings centers que atualmente vemos em São Paulo e no Rio não existiam. A própria Barra da Tijuca na época exigia  extensa viagem pela Niemeyer até São Conrado, e depois a sinuosa travessia do Joá, até alcançar-se o que constitui o núcleo da Barra antiga.
      Por isso, caminhar pelas calçadas em geral bem cuidadas, não atopetadas de gente, de percurso fácil e agradável, seria experiência a que me dedicava amiúde, preferindo atravessar o bairro nos trajetos indicados, do que pegar um bonde ou um ônibus.
      Também os passeios pela Atlântica, eu os fazia com os meus amigos do Mello e Souza. Era a sazão das paqueras, em anos que podiam ser dourados, mas que não ofereciam aos jovens as facilidades que o tempo hodierno de certa forma banalizou. Naqueles anos ficar não era verbo intransitivo.
     Percorríamos os aprazíveis ares da madrugada, nunca nos metemos em cabarés como o Bolero,  íamos a uma que outra boate ou  inferninho em ruas mais agitadas. Quiçá o que mais prezássemos seriam as longas andanças sob a brisa marinha a visitar-nos com o gosto acre do grande espaço escuro do mar oceano.
     E nessas pequenas, desertas horas de silenciosas extensões, nunca nos assaltaram temores, sustos ou mesmo a versão moderna mais usual do verbo, antes confinado aos bons modos do sentido figurativo.
                                                     *             

      Não vivo mais em Copacabana. Na verdade, deixei de ser morador de o que se tornava quase-cidade em 1966, e de modo definitivo, por questões pessoais e funcionais. Vivendo no exterior, a serviço do Brasil, não perdi contudo o contato com o bairro, em que mãe e tias residiam.
    Com tristeza, pude observar-lhe a degeneração, com a inchação demográfica e a  lenta mas inexorável queda na qualidade de vida.
    No passado, morar na avenida Atlântica era quase fruir das condições dos prédios da Vieira Souto. Com algumas exceções, os edifícios que descortinavam a enseada de Copacabana eram garantia de excelência.
    A prefeitura cuidava de manter o gabarito das construções que caracterizavam a Atlântica, até que no período do regime militar seus prepostos  permitiram que a linha famosa fosse alterada. Nesse aspecto, o último golpe viria de gigantesco arranha-céu, que se tolerou conspurcar a paisagem, de forma  que o mostrengo, situado em área próxima à Igreja de Santa Therezinha (que fica do outro lado do túnel novo) quebrasse o eterno perfil das montanhas.
    Nunca o pristino risco de um cenário natural viria a ser torpemente adulterado por tão poucos,  em vil afronta ao milenar legado,  por tantos prezado e admirado.
    Quando vinha ao Rio, acompanhava minha mãe na sua caminhada do posto seis ao quatro, aonde morava sua irmã. Prezávamos o passeio, em geral feito ao longo das amplas calçadas que ladeiam os prédios a defrontarem as duas pistas da nova Avenida Atlântica.
     Não tardei em verificar que a nossa  travessia se transformara em incursão não livre de riscos, dado o número de drogados e  vadios que ora se acoitavam nos espaços antes privativos de babás com carrinhos de bebê.
     O transcurso do tempo não fora benévolo com tais quarteirões. Saltava aos olhos  que os moradores já não desciam com a despreocupação de antes, haja vista a frequência, o desmazelo na manutenção, e as consequentes ameaças aos transeuntes que por lá se aventurassem.
     Não demorou muito que, para evitar o pior, convencesse minha mãe a tomar um táxi.

                                                     *

     Nos dias que correm, quando por circunstâncias alheias à minha vontade, tenho de palmilhar as calçadas da infância e juventude, mormente as da avenida Nossa Senhora de Copacabana, me descubro a mergulhar em área ignota, que pouco ou nada tem a ver com a Copacabana que guardo nos caprichosos recessos da memória pessoal.
    Hoje, as calçadas estão descaracterizadas, com os espaços de pedra portuguesa restritos a nesgas e, ainda por cima, tornados irreconhecíveis pelos bisonhos consertos. É  cimento que as recobre, cercadas por agências bancárias, negócios de pouca monta, brechós, lojas lotéricas em que neste país onde felizmente os jogos de azar são terminantemente proibidos se acena à gente de escassos meios a ilusão das senas acumuladas, muitos armazéns de gêneros alimentícios, com os respectivos cartazes pendurados, a desfiar questionáveis ofertas, sem esquecer as farmácias, muitas farmácias, com remédios a mancheias para a multidão de idosos do bairro.
    Atget[2], famoso fotógrafo, sentia o dever de retratar, nos arrabaldes parisienses, as construções sobre as quais suspeitava pairasse a fulmínea ameaça do martelo demolidor. Seria a sua homenagem à antiga beleza. Com dignidade, preservá-las de algum modo, inda que em singela fotografia.
    Desafortunadamente, Atget se defrontaria com um soez desafio no bairro de Copacabana. As construções são grandes demais para que esse gênero de demolição possa ocorrer. E, por isso, as deformações se realizam de maneira mais insidiosa e traiçoeira.
    As coisas, as vitrines, as lojas, as edificações continuam e, sem embargo, não mais são encontráveis. Ao serem dilapidadas, mantêm ilusória superfície ou aparência, mas no processo perdem a alma.
    Isso talvez me ajude a entender melhor o aperto que sinto ao caminhar pelas calçadas que foram da minha infância, mas que agora, pelo decurso do tempo, não mais logro reconhecer.                                                              



[1] a praia oceânica da cidade do Rio Grande.
[2] Eugène Atget, fotógrafo francês (1856-1927)

Um comentário:

Mauro disse...

Caro Pai,
gostei muito de ler estas crônicas. Relembro nelas fragmentos das histórias que você me contou ao longo dos anos. Considere com carinho minha sugestão - sei que seria muito trabalho mas está claro que isto não seria empecilho.
Abs,
Mauro