A crise europeia chega ao Brasil. É o que demonstra o desempenho da economia no terceiro trimestre de 2011. A começar pela pouco lisongeira comparação com os demais Brics. Encabeçados pela locomotiva China, com 9,1% (os totais chineses costumam ser tão esfuziantes que se chega a suspeitar que sejam manipulados), seguidos pela Índia, com 6,9%, e um prêmio de consolação para quem apostou no Brasil situado na rabeira do grupo, com 2,1% (variação do PIB em relação ao 3º trimestre de 2010).
Se, no entanto, nos ativermos à comparação com o segundo trimestre de 2011, a economia ficou estagnada, i.e., com 0% (no corrente ano, o crescimento acumulado foi de 3,2%).
A que se deve tal parada do PIB ? Na agropecuária, houve alça de 3,2% em relação ao trimestre anterior[1]. Excluídas as exportações (aumento de 1,8%), foi o único resultado positivo. Com efeito, na ótica da produção, a indústria registra queda de 0,9% e os serviços, de 0,3%; e sob o prisma da demanda, o consumo das famílias caíu 0,1% e o do Governo, 0,7%. Também há índices negativos na formação bruta de capital fixo (- 0,2%), o que traduz maior cautela e menos otimismo quanto às perspectivas da produção futura. O único ítem em que o indicador negativo (-0,4%), desde que mantido em um baixo nível, pode ter efeitos positivos está nas importações.
À vista dos dados disponíveis, já se projeta o crescimento do PIB para 2011 em total inferior a 3,0%. O resultado acumulado do ano é de 3,2% e, em termos absolutos, somou no primeiro trimestre R$ 1,047 trilhão.
Com o resfriamento da economia internacional (estagnação da americana e a crise na europeia), as cotações das commodities, os chamados produtos de base, dificilmente manterão os atuais elevados níveis. Há uma tendência histórica para que as recessões (e as depressões) incidam de forma mais substancial nos produtos primários (agricultura e pecuária) que, infelizmente, ainda constituem a tônica nas nossas exportações (malgrado o desenvolvimento de nossa economia industrial). Permanecendo como um dos celeiros mundiais, em tempos de vacas magras, estaremos fadados a pagar o preço cobrado desse tipo de economia. Dispensa comentários, se ainda por cima se permite,com o novo Código ruralista que o desmatamento em escala industrial dos grandes infratores fique na prática impune, não é necessário ter bola de cristal para antever o que reserva o futuro àqueles que malbaratam seus inigualáveis recursos no presente...
A desaceleração na economia se deveu às medidas para conter o crédito implementadas no fim de 2010, e no começo do corrente ano, assim como a política de juros altos para resfriar a economia e combater a inflação. Assinale-se que em função das bondades do governo Lula da Silva – e da farra pré-eleitoreira do Congresso - a inflação dera um pulo. Com efeito, apesar dos proclamas de Mantega de que seria apenas sazonal, na verdade a irresponsabilidade do governo petista ameaçava redespertar o velho dragão. Dessarte, diante das inquietantes projeções que carregavam a carestia para acima do teto de 6,5% para o ano, o jeito foi administrar, à moda dos antigos egípcios, purgantes et al. na economia.
Agora, quando se revêem os cálculos, por força da reversão na economia, retorna a um afrouxamento do crédito e as desonerações fiscais. Os tributos continuam altos – demasiado altos – mas já o anúncio de algumas rebaixas pontuais têm contribuído para que o consumidor volte a interessar-se por produtos de consumo durável.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário