Foi repelida pelo eleitores a tentativa de dividir o Pará em três estados. Por cerca de 66% dos votantes – dois terços do total portanto – se rejeitou a proposta de fracionar a histórica província do Pará em mais dois outros estados, denominados ‘Carajás’ e ‘Tapajós’. Além de poupar inúteis despesas de R$ 3,8 bilhões – seria a conta provocada pelos dispêndio de infraestrutura para montar mais duas administrações estaduais – a ótima notícia lança água fria em outros intentos separatistas que aguardavam na fila.
Com esse Congresso atual, mandrião e corporativista (só trabalha a pleno vapor nas quartas-feiras e se reputa em estrato superior atmosférico, lembrando-se que é originário do mandato do Povo soberano tão somente em ano de eleição), outras divisões estaduais seriam acionadas, com a ligeireza irresponsável que caracterizou a proposta de despedaçar o Pará.
Para os oportunistas, desprovidos de qualquer sentido ético e de respeito ao legado de nossos antepassados, luziam apenas os novos cargos prometidos. Salivavam mais seis cadeiras senatoriais, a par de mais deputanças, eis que, com a habitual munificência com a fazenda pública, se inventara há muito o mínimo de oito deputados por unidade federativa.
O malogrado trem da alegria não difere muito da vergonhosa inchação dos funcionários do Senado, promovida pelo Vice-Rei do Norte, José Sarney. Pouco importa que antes se comprometera a reduzir o plantel.
A posição do Governador do Pará, Simão Jatene, foi muito oportuna : ‘O Brasil não precisa de mais Estados’. No seu entender, a discussão sobre a divisão do Pará tem raízes no ‘esgarçamento do pacto federativo’. E acrescentou: “É uma questão séria. Imagine que isso abra uma esteira e que os outros projetos de divisão territorial sejam aprovados.”
Neste Brasil dos dias que correm, em que o facilitário impera, afigura-se de capital importância que se ponha termo a tais projetos que nada aproveitam à Nação, e só existem para cevar ambições e ganâncias que se dissimulam sob os ilusórios pretextos de levar avante eldorados da fragmentação territorial.
Para quem não tem princípios não é difícil conjuminar tais artifícios, que sóem favorecer apenas ao mágico e seu punhado de clientes.
Nesse vasto reino de Pilatos, onde abundam as bacias de água para lavar as mãos, o exercício de ontem não foi em vão, malgrado os próprios desígnios e a maligna indiferença que ensejou fosse lançado. Os aproveitadores jogaram em vão essa rede. A cobiça toldou-lhes a vista, e ora se encolhem chamuscados pelo intento.
Na luz forte da vontade popular, se desfez a miragem.
Contudo, não nos esqueçamos dela e do mal que perseguia.
O Brasil não é grande por acaso. Mas como os calabares estão por toda parte e há mouros na costa, o preço de nossa integridade deve ser pago com a moeda diuturna da vigilância e da fé patriótica, que para os torpes passou de moda.
Hoje, essa laia estará ressabiada e quieta. Não é motivo para que baixemos a guarda.
( Fonte subsidiária: O Globo )
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