No oitavo mês da Administração Dilma ainda se discute do formato que terá perante a opinião pública. O spin dos publicitários – em tradução livre, a versão retocada – pode ser uma, e a realidade outra. O que há de importar será a imagem que ficará na mente do eleitor, quando tempo suficiente houver transcorrido para que a sociedade civil chegue a uma conclusão. Decerto haverá visões contrastantes. A que interessa será aquela que se afirmar como a preponderante.
Dilma não desconhece qual o interesse da opinião pública. Traduzido em miúdos, que o governo funcione, e que a mais-valia dos impostos arrecadados se traduza em um retorno visível, que dê ao contribuinte a certeza de que o seu, o dele, o nosso dinheiro ser bem empregado, para ganho de toda a coletividade.
Portanto, a faxina é importante, ao afastar gestores pouco confiáveis, colocando à frente de tais órgãos gente honesta e competente, que evitará assim a perda de grande parte da receita do Estado. Em outras palavras, fechar o ralo da corrupção, esse duplo desperdício: a inútil sobrecarga da comunidade sem qualquer proveito para ela própria.
Ora, houve indicações pela propalada faxina de que seria este o desígnio da presidente Dilma. Ao invés de indicações políticas para a gestão dos fundos públicos, a designação de técnicos experientes e respeitáveis. Em função da impressão difundida de que seria este o real propósito do governo Dilma Rousseff, a resposta da opinião pública não se fez esperar.
Contudo, a distorção política está muito entranhada – os oito anos de Lula da Silva são disso demonstração evidente – e os representantes políticos da base não só esperam, mas pressupõem como de seu direito abancarem-se em tais cadeiras.
A consequência de política que privilegie a eficiência da administração pública, através da entrega dos cargos correspondentes a técnicos competentes e confiáveis, tenderá a reforçar a imagem de Dilma como governante e administradora – tanto mais que o bom emprego dos fundos públicos se traduzirá em melhores estradas, terminais portuários, aeroportos, assim como em mais saúde, educação e segurança (com a necessária fiscalização dos recursos passados para estados e municípios).
Haverá dificuldades na base aliada ? Mal-habituados, certamente, existirá reboliço e ranger de dentes. Mas não esqueça a Presidenta de onde vem o seu poder - não da união corporativista dos congressistas, mas do Povo. Assim, ao ver traduzir-se na rotina do dia-a-dia o compromisso ético da Chefe de Estado em um banho de realidade fornecido por recursos substanciais e não desviados para outros destinos que não o de interesse da coletividade, não haverá política alternativa que se sustente.
O governo não poderá sustentar-se em uma via de mão única, em que o assistencialismo se cinge apenas às classes menos favorecidas - o assistencialismo das bolsas-família e da campanha contra a miséria. O esforço conjunto da sociedade – traduzido pelo impostômetro – não pode ser política de caixa-preta, em que o contribuinte dá cerca de 40% de sua renda para os cofres da Viúva, a troco de um pífio retorno de estradas em condições lastimáveis, aeroportos com terminais terceiro-mundistas, de segurança entregue a Deus, com hospitais e escolas que só luzem nas vilas Poniatowski da propaganda oficialista... Em outras palavras, a sociedade não quer mais ser engodada pela oratória de Lula e reivindica ser tratada com respeito e seriedade, observados pelo governo os mesmos princípios que são cobrados de todos os cidadãos.
Dona Dilma, nos disse há pouco que isso não é Roma antiga. Como a alusão se afigura imprecisa, a ignorância então prevalece. Porque falar-se de Roma antiga para alguém com o nível cultural da Presidenta é reportar-se ao governo da Roma arcaica, a que aludi em blog anterior, em que os mores se caracterizavam pelas figuras de Cincinato e Regulus. Agora, se por Roma antiga Dilma Rousseff pretende referir-se à Roma imperial, com os seus panes et circences (pão e circo), então a sua administração não difere da precedente, e tudo fica no mesmo.
Como se há de convir, não é apenas uma questão semântica que se acha em baila. É o destino do governo Dilma Rousseff.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário