sábado, 20 de agosto de 2011

Notícias do Front (IX)

Estrebucha a ditadura de Kaddafi ?

          Em meio a rumores de que o ditador Muammar Kaddafi estaria doente, rebeldes e forças governamentais se empenham em renhido combate pelo controle da cidade (e refinaria) de Zawiya, 40 km a oeste de Trípoli. Os rebeldes teriam ocupado Zlitan (150 km a leste) da capital. Em torno de Trípoli, aumentam as incursões da Liga Rebelde, o que levou ao fechamento da saída rodoviária para a Tunísia.
          Se completar-se o cerco da capital líbica, com o anel rebelde cerrando-se em torno do último reduto de Kaddafi, é óbvio que a situação do líder da Jamairia há de assumir caráter dramático.
          Restará ao coronel apenas o Mediterrâneo como eventual via de abastecimento (ou retirada). Dadas as condições prevalentes, sua utilização tende a ser muito precária, com o domínio dos ares pela OTAN, e a probabilidade de estabelecimento de um bloqueio marítimo. Se não houver retrocessos na progressão das unidades rebeldes, o cerco de Trípoli fechará as vias de comunicação por terra (a liga de Benghazi já controla mais de dois terços do país).
          Em tais condições, circulam boatos de iminência da debandada do bunker pelo coronel, para tentar o refúgio na Tunisia. Se os progressos militares da Liga no entorno tripolitano se confirmarem, resta determinar em que termos se realizaria a fuga in extremis do coronel Kaddafi, ao cabo de mais de quarenta anos de ditadura.

A Situação de Bashar al-Assad


          Os Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido e Canadá pedem afinal a saída do ditador sírio. O presidente Obama determinou, outrossim, o congelamento de todos os depósitos sírios, assim como o embargo a negócios de cidadãos americanos com a Síria. Por sua vez, o Kremlin continua a apoiar Assad. No que tange a Brasil, Índia e União Sul-Africana – há pouco fizeram gestão do grupo Ibas dos embaixadores acreditados em Damasco encarecendo moderação ao regime alauíta - não se associaram à nova postura ocidental.
          No cenário diplomático relativo à crise síria, resta determinar a posição da Turquia de Recip Erdogan, que antes se dissociara do governo de Damasco em função da desapiedada, brutal repressão pelas forças de Bashar da população civil da Síria. Há pouco, a atitude de Ancara fora mais incisiva que a do Ibas. Com efeito, a gestão, em nível de ministro do exterior, dadas as relações anteriores entre os dois países,e a circunstância da Turquia ser o vizinho ao norte, conferiu à missão respeitável carga de pressão. Nesse contexto, a seriedade da mensagem não poderia ser ignorada por al–Assad. Por não tratar-se de mera audiência protocolar, sua eventual desatenção ao recomendado pelo alto emissário de Erdogan tenderia a desencadear reações mais drásticas.
          A atitude de Bashar al-Assad parece padecer de autismo agudo, em meio à pressão internacional. Com a determinação de uma coluna de lemingues, prossegue no seu caminho para frente, com os trucidamentos de manifestantes, a exemplo dos 29 civis abatidos nessa última sexta-feira, o dia santo muçulmano. As mortes decorrem de postura mais afirmativa dos manifestantes, que souberam contornar as muitas barreiras colocadas pelo regime para dificultar os protestos.
          Dessarte, na província sulista de Daraa, há oito vítimas fatais em Ghabagheb, cinco em Herak, uma em Inkhel e uma em Nawa. Por sua vez, caíram cinco manifestantes na cidade ocidental de Homs, dois em Harasta, dois em Rehela e um em Douma, nos arredores de Damasco.
          Como se verifica, malgrado a violência das tropas de Bashar, a calma da capital semelha estar sendo quebrada. Se são difíceis as grandes concentrações na principal cidade da Síria, a maré rebelde dá sinais de que não mais se confinará ao interior do país..

A Base não está nem aí

          O autismo da chamada base no Congresso emitiu mais um sinal de grave falta de sintonia com a atitude da sociedade civil.
          Para comandar a Comissão Especial da Câmara dos Deputados que discutirá mudanças no Código de Processo Civil – que visam a tornar a Justiça mais ágil e moderna – os líderes do PT Deputado Paulo Teixeira, e do PMDB, Deputado Henrique Eduardo Alves indicaram , respectivamente, os deputados João Paulo Cunha (PT-SP) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
          Como se sabe, a iniciativa dos líderes tem odores de provocação, eis que João Paulo é réu no processo do mensalão no Supremo, e Eduardo Cunha responde a inquérito também no STF. Atitude como essa das lideranças partidárias da ‘base’ está manifestamente na contramão das tendências prevalentes na sociedade e no próprio Judiciário.
          Segundo se assinala, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, que presidiu o grupo de juristas responsável pela proposta de reforma, ficou constrangido com a situação. Os dois indicados, além de não serem da área de competência, ainda por cima serão julgados pelo Ministro Fux no STF.
          O corporativismo - que é o traço marcante de um Congresso inexpressivo enquanto não representa o sentir da sociedade civil – tende a pautar a ação respectiva pela alienação da realidade social. Como se não tivessem raízes e o processo eleitoral constituísse apenas uma efeméride com estritos limites, circunscritos à publicidade eleitoral, apuração e diplomação, a grande maioria dos congressistas age como se o mandato do colégio eleitoral fora formalidade jurídica, sem outras condições.
          É mais do que urgente que a mobilização da sociedade civil sacuda essa doce ilusão de Suas Excelências. Um banho de realidade se impõe, para que se dissolvam tais sandices independentistas da base partidária.


( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, International Herald Tribune )

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