terça-feira, 16 de agosto de 2011

Notícias do Front (VIII)


A Morte mais do que anunciada

As desculpas das autoridades, jogando implicitamente a responsabilidade da falta de segurança sobre a vítima, é comportamento que não contraria a habitual negligência. Não eram segredo, segundo informa O Globo, as ameaças de morte à juíza Patrícia Acioli.
Dois dias antes do assassinato, policial civil da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) esteve na Polícia Federal para informar que havia plano para executar a juíza, considerada linha-dura (sic) nos julgamentos contra PMs da banda podre de São Gonçalo.
A própria futura vítima, Patrícia Acioli, estivera na semana anterior ao crime, na sede da Corregedoria da P.M., onde teria referido estar sendo ameaçada por policiais do 7º BPM (São Gonçalo) e do 12º BPM (Niterói).
Por outro lado, informação recebida a quinze do corrente pelo Disque-Denúncia indica quatro detentos do presídio Ary Franco, em Água Santa, como os mandantes do crime. Ligados à exploração de máquinas caça-níqueis em Niterói, São Gonçalo e Maricá estariam por trás do assassinato da juíza.
Consoante as intenções desse grupo criminoso, os próximos alvos seriam um juiz federal de Niterói e o perene ameaçado, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), presidente da CPI das Milícias que divulgou relatório referente ao assunto.
Como se sabe, os honestos incomodam, mais ainda os da têmpera e coragem de Marcelo Freixo. A circunstância de alcunhar de linha-dura os magistrados e deputados que cumprem seu dever em combate contra a corrupção e o crime organizado é um triste, ignominioso sinal da dúbia atitude de muitos. Olhando para o outro lado, a sua omissão contribui para que esses crimes se tornem possíveis.

Frente Parlamentar contra a Corrupção

Registrem-se os nomes dos poucos senadores integrantes da Frente contra a Corrupção: Pedro Simon (PMDB-RS); Cristovam Buarque (PDT-DF); Pedro Taques (PDT-MT); Randolfe Rodrigues (PSOL-AP); Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE); Ricardo Ferraço (PMDB-ES); Ciro Miranda (PSDB-GO); Ana Amélia Lemos (PP-RS) e Eduardo Suplicy (PT-SP). Assinale-se que há apenas duas adesões da oposição.
Quanto ao PT diz muito acerca da nova posição do Partido dos Trabalhadores, que pouco ou nada tem a ver com as suas aguerridas posições quando na oposição. Que um movimento lançado por Simon para respaldar a atitude ética da presidenta tenha apenas o apoio simbólico de uma estrela solitária do PT constitui o indício mais acachapante da adesão petista à cultura da ‘base fisiológica’ prevalente no Congresso, de emendas parlamentares e apoios não de princípio mas de oportunidade.
É também deplorável que a oposição (PSDB e DEM) não venha integrar a frente contra a corrupção. Negar apoio à Dilma Rousseff na sua faxina mostra à sociedade que, na verdade, as bancadas desses dois partidos não diferem muito das da ‘base’.
Nos discursos, releva sublinhar: continuação da faxina (Simon), que seja completa, incluindo o PMDB ( Vasconcelos). O toque original foi dado por Cristovam: não queremos ficar só na faxina. “ É hora de a presidente chamar para conversar pessoas que não querem indicar nenhum cargo”, ao contrário da prática dos últimos governos, em que o presidente só chama quem quer indicar cargos ou liberar emendas.

Reações contra Ricardo Teixeira

O presidente Ricardo Teixeira, há cerca de vinte anos à frente da CBD, declarou à revista Piauí que só se preocuparia com acusações quando aparecessem no Jornal Nacional da Rede Globo.
Pelo visto, os tempos principiam a mudar. A Globo, no telejornal do sábado, se reportou a gastos públicos do Distrito Federal em amistoso Brasil x Portugal, na gestão do governador Arruda. Há implicação, posto que discreta, de Ricardo Teixeira.
Haveria algum filtro de proteção ao ainda poderoso Teixeira ? Nesse contexto, vem a lume manifestação popular contra o ex-genro de João Havelange, que pede a sua saída da CBD.
Por outro lado, a BBC inglesa acusou três integrantes da Comissão Executiva da Fifa (Teixeira, Nicolás Leoz do Paraguai e Issa Hayatou, dos Camarões) por terem recebido na década de 90 propinas da ISL, empresa de marketing desportivo.
Que haja nuvens pesadas sobre a Fifa e seu presidente Sepp Blatter, o processo de sua última eleição deixou entrever.
Por enquanto, Ricardo Teixeira não tem recebido a necessária atenção.A menção à passeata contra ele em São Paulo não foi de grande realce. Em época de faxina, seria interessante que o longo mandarinato de Teixeira na CBD caísse sob crivo investigativo.
Afinal, o Brasil se apresta a ser o anfitrião da Copa do Mundo. A opinião pública deveria ter maior acesso às questões relativas à longuíssima gestão de Teixeira. Até o momento, por considerações de programação esportiva, em particular da Rede Globo, Sua Senhoria continua a ser tratado com luvas de pelica.
Tudo o que concerne à seleção, no país do futebol, máxime o atual desgoverno no setor técnico, deve interessar a todos nós. Por isso, agradeceríamos cobertura mais isenta.

( Fonte: O Globo )

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