As declarações da Presidente Dilma Rousseff mandam inequívoca mensagem que vai muito além do que ontem disse para a imprensa: “Essa pauta de demissões em que fazem ranking não é adequada para um governo. Essa pauta, eu não vou jamais assumir. Não se demite nem se faz escala de demissão, nem sequer demissão todos os dias. Isso não é, de fato, Roma antiga.”
Se permite, senhora Presidente, as suas observações desalentam a opinião pública, que havia recebido com satisfação a sinalização da faxina. Aqui não se fala de considerações esotéricas. A sociedade civil saudara a faxina – confirmada por medidas concretas – porque viu nos seus atos a aplicação de princípios de conduta à administração pública que são os mesmos princípios com que a gente comum pauta o próprio comportamento.
Não são questões de lana-caprina, como a senhora não ignora. No país do impostômetro, a corrupção é um ralo por onde se esvai grande parte dos fundos arrecadados pela Receita Federal e suas congêneres estaduais e municipais.
A corrupção deve ser combatida e a atitude de seu governo, em aparente dissociação da prática da Administração anterior, parecia sinalizar o respeito a tal imperativo. E por quê ?
Porque o contribuinte, rico, remediado ou pobre – no Brasil, sabemos bem, todos são taxados – não só merece respeito quanto ao seu dinheiro que é destinado aos cofres públicos, mas também deve receber o retorno de sua contribuição nos serviços à coletividade.
Porque é falsa a asserção que trata de coisa de somenos, a ser assemelhada, como se fora arcaismo, aos mores da antiga Roma, aquela de Cincinato e de Atilius Regulus. O dinheiro subtraído pelo ralo imundo da corrupção, a sociedade civil o vê no descalabro dos serviços, nas miseráveis condições de nossa infraestrutura, seja nos transportes, seja na saúde, seja nas redes sanitárias e por aí afora.
Até mesmo para o assistencialismo – seja na bolsa família, seja na ‘faxina contra a pobreza’, que é, segundo afirma, a principal faxina na qual está interessada – se fazem mister órgãos públicos em que o dinheiro de nós todos contribuintes seja corretamente aplicado.
Nenhum governo se deve orientar por uma pauta de demissões. Mas em qualquer atividade que se empreenda, pública ou privada, nenhuma delas se sustenta e atende ao interesse da comunidade, se os fundos para elas levantados não forem utilizados para o seu precípuo escopo. Se o desfalque lesa a empresa particular, a corrupção atinge a serventia do órgão público. E não há argumentação, sofística ou não, que escamoteie as consequências de entregar os serviços públicos de toda ordem a maus gestores.
Por isso, senhora Presidente da República, o bom governante o encontramos por toda a parte, e não o devemos desmerecer como se arcaísmos de um nebuloso, quase mítico passado.
A corrupção, senhora Presidente, é meta do combate de qualquer governo, seja de Roma, ou do Brasil.
A Sociedade acreditou ver algo de diverso na Senhora. Por isso, os seus índices de aprovação subiram. Não se esqueça disso, se deseja ter o apoio da opinião pública. Ao contrário do que o atual regime dos muitos partidos lhe possa dizer este é o único suporte que a senhora terá que estará sempre acima dos interesses oportunísticos e pouco confessáveis.
( Fonte subsidiária: O Globo )
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
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