Seria justo comparar o comportamento do scratch uruguaio com o brasileiro ? Contra a seleção argentina, em sua própria casa, a equipe uruguaia mostrou responsabilidade e determinação. Apesar de prejudicada pela expulsão de um jogador, o Uruguai exibiu uma disposição que unida à coordenação técnica pode suprir a inferioridade numérica.
O empate por um a um, ao cabo do tempo regulamentar e da prorrogação, correspondeu a uma efetiva igualdade na partida.
Nos pênaltis, a mesma resolução refletiria a sua vontade de vencer. Ali estava a garra uruguaia que na simbólica data de dezesseis de julho – para nós infausta – prevalecia uma vez mais, contra uma equipe de melhores valores individuais, que jogava com o apoio de sua torcida.
Alguma semelhança com a partida do dia seguinte, entre Brasil e Paraguai ? Se as más condições do campo davam ao encontro um ar de segunda divisão, o ineficaz predomínio do time brasileiro só contribuíu para realçar a inépcia dos jogadores em converterem. Apesar das dimensões do arco guarani, o goleiro parecia ocupar todo o espaço, diante da incapacidade dos brasileiros em fazer um único e solitário gol, que bastaria para dar efetiva personalidade àquela pressão tão contínua quanto patética.
Nos pênaltis, não foi diferente. De acordo com características que já evidenciara sobejamente nos jogos precedentes, o técnico Mano Menezes, à medida em que a partida se encaminhava para o terrível encontro com a sorte, cuidou de reforçar a defesa da seleção.
Retirou do time os melhores valores ofensivos (Neymar, Ganso, Pato). Dessarte, quando soou a hora da verdade, alinhou como batedores Elano, Thiago Silva, André Santos, Fred e Robinho. Com exceção do último, lá estavam jogadores de defesa e um reserva no ataque. Representavam acaso o pentacampeão mundial ? Ao invés dos argentinos, que fizeram bater por primeiro Lionel Messi, Mano optou por Elano.
Se o vexame foi histórico, pela incapacidade de fazer um único gol, quem pode dizer que a equipe canarinho foi perseguida pela sorte ? Na verdade, ela repetiu a sua ineficácia no tempo regulamentar, como se houvesse desaprendido de fazer aquilo que na sua ausência torna as melhores atuações um autêntico e penoso fracasso.
Pelo seu caráter errático, pela falta de liderança que na seleção se traduziu por um amontoado de jogadas individualistas que não tinham personalidade e muito menos garra, o tempo reservado aos pênaltis apenas espelhou o desencontro técnico e a incompetência singular de realizar o que dá sentido a uma equipe. Toda a preponderância territorial – a exemplo da evidenciada durante o jogo e a prorrogação – de nada valerá se a ele não corresponder um único tento, por isolado que seja.
E quem não sabe marcar durante o jogo, como há de mudar e tornar-se artilheiro na hora da verdade dos pênaltis ?
Aqueles jogadores medíocres que completariam a mediocridade na partida, no torneio e que era a emanação de o que o técnico poderia transmitir, aqueles autômatos que corriam para bater na bola já imbuídos da certeza do malogro, terão alguma coisa a ver com as seleções do passado ? Falta-lhes a alma, a personalidade e o orgulho da camisa.
Após aceitar os termos impostos pela compacta resistência paraguaia, simbolizada na sentida impotência em vencer o guardião guarani, quem haveria de duvidar que, nos pênaltis, seria diferente ?
Não reconheci na seleção, nos jogadores e no técnico, qualquer traço que os inserisse em uma linhagem que é única no mundo.
Senhor Ricardo Teixeira,
o Brasil não pode continuar a entoar loas ao passado, ao vê-lo não só desmentido, senão escarnecido pelas atuações presentes.
Precisamos, no futuro, reencontrar a verdadeira cara da seleção. Por isso, é indispensável encontrar alguém que saiba dar a nossos jogadores o orgulho pela camiseta com as cinco estrelas. Que lá não foram cosidas por acaso.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
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