Será o Real forte o único vilão ?
A valorização do real, além de atrair inversões estrangeiras de capital especulativo, tem outras consequências para a economia brasileira. A sua apreciação perante outras divisas torna não só menos dispendiosas as viagens ao exterior, como encarece os preços internos para o turista estrangeiro. O efeito imediato dessa disparidade é o déficit no turismo, que tem dupla cara: aumentam as despesas, com o incremento das viagens de brasileiros além fronteiras, a par de encolherem os ganhos com a vinda de estrangeiros.
Também aqui o real é o principal suspeito do desequilíbrio na balança do turismo, eis que gastamos mais visitando, entre outros, Europa e Estados Unidos, ao passo que as correntes alienígenas – já tendo de despender mais com passagens pela diferença a maior com relação às rotas no Atlântico Norte – aqui gastam menos, assustadas por diárias e cotações mais caras.
O real forte, no entanto, tem um legado ainda mais nocivo. Notícia estampada na Folha de hoje assinala que a indústria brasileira foi a única, entre treze nações ditas emergentes, a apresentar encolhimento no mês passado.
A apreciação do real não prejudica apenas as exportações. Também afeta a capacidade da indústria nacional de arrostar a concorrência estrangeira, notadamente a chinesa, no mercado interno.
O pior de tal tendência é que uma situação passageira pode ter consequências mais sérias, ao constituir um fator indutivo da desindustrialização. Dessarte, se o câmbio valorizado limita o crescimento, o que dizer do sobrevalorizado, como se apresenta a posição do real sob o influxo constante de dólares depreciados em relação à nossa moeda ?
No que tange às economias emergentes, a nossa produção industrial é a que teve menor crescimento (excluída a África do Sul). Patinamos nos 2,7% (maio de 2011 em relação a maio de 2010), enquanto as alças de China (13,3%), Turquia (8%), Índia (5,6%) e Argentina (6,3%) lançam luzes comparativas pouco favoráveis ao desempenho de nossa indústria.
Acresce notar que o real pesado ou forte não está sozinho para produzir esse quadro sombrio. Também merecem serem incluídas com o necessário grifo as contribuições avantajadas da alta carga tributária, do excesso burocrático, sem falar das falhas na infraestrutura de transportes e portuária.
Por outro lado, seja assinalado que se as indústrias estão definhando, o agro-negócio aumenta, incentivado pelo atual boom nas cotações das commodities. Garantimos, portanto, o perfil mais para colonial da nossa produção... Isso sem falar dos prejuízos no meio ambiente, com a perda substancial de uma grande riqueza natural, que são (ou foram ?) as nossas florestas...
É bem verdade que tudo isso pode ser intriga da oposição, como me diz uma fonte, que já foi considerada para o galardão da motosserra de ouro...
Desastre em Trem Chinês de Alta Velocidade
Como se sabe, a República Popular da China, no seu esforço de superação, tem procurado desenvolver-se no ramo de trens de alta velocidade, para tanto louvando-se no exemplo de outros países como o Japão e a França.
No entanto, acontecimento recente lançou algumas dúvidas sobre as medidas de segurança porventura adotadas pelas autoridades chinesas.
Na noite de sábado passado, consoante noticia a imprensa – descrevendo como espetacular o acidente, o que se afigura pelo menos dúbio, se tivermos presente o ponto de vista dos passageiros – houve grave acidente na região de Xinhua, perto da cidade de Wenzhou.
Por perda de energia motriz um trem-bala chinês foi abalroado – na saída de um túnel – por outra composição. Em consequência seis vagões descarrilaram e pelo menos três se despencaram de um viaduto. Registram-se trinta e cinco mortes e duzentos e dez passageiros feridos.
Embora o Brasil se ache em estágio um tanto atrasado nessa área – o que, em certos aspectos, não parece de todo mau – seria relevante que as autoridades nacionais competentes levassem em consideração tais perigos adicionais.
Afinal, nossa terra sente-se mais à vontade com o trenzinho caipira e similares, do que com a tecnologia envolvida pelos trens de altíssima velocidade.
Na China, a opinião pública não semelha muito satisfeita com o acidente e sobretudo as medidas de salvamento. Posto que o Presidente Hu Jintao haja definido tais providências como prioridade nacional, e despachado para o local o ministro das ferrovias, Sheng Guanzu, blogueiros ficaram enraivecidos com as prioridades efetivamente adotadas. Vagões sinistrados foram fotografados em processo de serem enterrados, o que causou perplexidade (uma menina de quatro anos foi descoberta inconsciente em um dos carros descarrilados). As autoridades explicaram que, dada a alta e sensível tecnologia empregada, impunha-se que as características do trem não ficassem expostas (possivelmente aos olhos de observadores mal-intencionados).
( Fontes: Folha de S. Paulo e International Herald Tribune)
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário