Estado de Saúde do Presidente Chávez
As novas sobre Hugo Chávez se limitam a especulações da mídia. Conforme a prática cubana, não há boletins médicos sobre o paciente, como não houve quando da enfermidade de Fidel Castro.
Os únicos dados ora conhecidos é que Chávez chegou a Cuba em oito de junho, e foi operado a dez, supostamente de abscesso pélvico. A falta de qualquer outra informação engendra cenários os mais disparatados, veiculados pela imprensa. A alegada credibilidade aumenta se o jornal for de Miami, ou se reportar-se a fontes de inteligência.
Em Caracas, a oposição sente-se impotente. Os seus 67 deputados da Assembleia Nacional reconhecem que “apesar de estar vivendo uma situação inédita e inconstitucional, a única alternativa é denunciar o absurdo nos meios de comunicação”.
Assim, os comentários oscilam entre os que acham estar Chávez preparando a sua chegada para o dia cinco de julho – ducentésimo aniversário da independência da Venezuela – ou teria sido submetido a outra intervenção cirúrgica, por causa de um câncer de próstata, seguida de quimioterapia e tratamento radiológico.
De qualquer forma, as indicações são de que enfrenta um problema sério de saúde. Não participou das celebrações na semana passada pelos 190 anos de batalha de Carabobo, e não irá à cúpula de Presidentes do Mercosul, que se inicia hoje, em Assunção.
Crise no Partido Verde ?
Quando sobrevem a desinteligência, em geral há parcela de culpa nas duas partes em litígio. No entanto, ao lado dessa presunção lógica, existe outro elemento a ser considerado. Se a culpa tende a ser partilhada, na maior parte dos casos uma das partes tem menos razão do que a outra.
Se examinarmos a atual situação do PV, essa possibilidade teórica semelha ganhar foros de realidade. Apesar de sua penetração na sociedade civil, o ambientalismo não tem no Congresso Nacional bancada que reflita tal consciência da relevância do respeito pelo meio ambiente.
Há muitos exemplos dessa circunstancial debilidade, e o último deles foi a aprovação pela Câmara dos Deputados de um Código Florestal, elaborado por relator do PCdoB, a que se agregou a chamada Emenda da Vergonha, com o acintoso e custoso (para a União) perdão aos desmatadores. Apesar das teses simpáticas e da manifesta sintonia com as prescrições ecológicas, prevaleceu a posição alterna, que é a do imediatismo obtuso e das assertivas sem qualquer respaldo científico.
Esta desvantagem, contudo, não deve desencorajar o PV e todos os segmentos sociais que sentem afinidades com o seu programa. A luta é comprida. Embora nem politica, nem eticamente a renúncia ou a não-participação seja admissível, tampouco o PV tem o direito de facilitar o trabalho do adversário por uma disposição ruinosa de adotar posturas ou iniciativas que terão como resultado certo o próprio enfraquecimento.
Sem embargo, se olharmos à volta será este o panorama que descortinamos de nossa ponte? Há um enfrentamento estéril entre a direção nacional, com José Luiz Penna como presidente (cargo que ocupa há doze anos), de um lado, e a ex-Senadora Marina Silva, a quem acompanham diversos políticos com peso eleitoral.
No mundo político brasileiro pulula infinidade dos chamados partidos nanicos, a maior parte deles sem programa sério e sem qualquer perspectiva. Permitidas por uma legislação concessiva, essas legendas dão assento a vaidades inconsequentes, quase patéticas.
O senhor Penna não preside um partido sem programa e sem audiência. No atual estreito espaço ocupado pela representação do PV, ele terá decerto os seus méritos, confirmados pelos anos de chefia.
Contudo, se o projeto do sr. Penna está voltado para o progresso do ambientalismo e, por conseguinte, da agremiação empenhada em promover tal visão sócio-política, ele terá forçosamente de convir com o genuino interesse do PV. E este interesse não é o de apequenar-se pela fragmentação, ou o de manter-se na rotina prevalente, expresso na modéstia da presente bancada.
Se o senhor não persegue um projeto personalista, a perspectiva que tem diante de si não deve, em sã mente, ser enjeitada. Não são apenas os dezenove milhões e 636 mil votos que Marina Silva representa. A sua campanha presidencial, que transcendeu o mofino minuto e meio de que dispunha na chamada propaganda política gratuita, nos mostra, juntamente com a sua fé de ofício, o sol de esperança que a ex-Senadora do Acre pode significar para o porvir não só do PV como partido de real e determinante influência, senão para todo o movimento ambientalista brasileiro.
É hora de deixar de lado os projetos pessoais e pensar grande, pensar num Brasil em que o ambientalismo não seja somente presença marginal.
( Fonte: O Globo )
terça-feira, 28 de junho de 2011
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