O tempo passa e a crise causada por denúncia da Folha de São Paulo não dá sinais de esmorecimento. Pelo contrário.
A despeito da tentativa do Governo Dilma Rousseff de tentar vencê-la pela não abertura de novas frentes , se tem evidenciado uma saída de Sísifo. Tão logo um intento é bloqueado pela maioria do PT e de aliados, outro reponta, com igual vigor.
O espetacular enriquecimento do Ministro Antonio Palocci representa um incômodo desafio. Pelo seu tamanho, é difícil deconhecê-lo. Por outro lado, a respectiva magnitude fragiliza o antes poderoso Ministro-Chefe da Casa Civil.
Nesse sentido, sua decantada habilidade política, assim como a experiência administrativa não podem mais ser utilizadas a pleno vapor. Os exemplos não faltam, como no episódio do ríspido diálogo com o Vice-Presidente, bem como no inábil e mal-dosado recado ao líder Candido Vaccarezza.
Atenazados pelos contínuos ataques da oposição e de supostos integrantes da maioria, o governo e a situação começam a sangrar. Vai-se, dessarte, desenhando um cenário em que boa parte das energias da nova administração são desviadas para a ingrata tarefa de tentar apagar os focos da insatisfação que teima em persistir, semana após semana.
Pouco importa se tal insatisfação seja instrumentalizada ou não. A fraqueza do jovem governo Dilma é demasiado tentadora para que os perenes mouros da costa dela não se prevaleçam. Desse modo, se sucedem os golpes infligidos pelos periféricos da maioria – como o do kit anti-homofobia – diante do sucesso obtido, pelo recurso da aberta chantagem, no que tange ainda à frente evangélica, liderada pelo ressurreto Anthony Garotinho.
Assim, forçoso será reconhecer que a temporada de caça está aberta, com previsíveis testemunhos, que irrompem de personalidades muita vez apenas ligadas por motivações as mais dispares. Se se trata, no entanto, de Pedro Simon ou de Roberto Requião, a importância das manifestações reside mais no seu número, do que do peso específico de cada uma delas.
A estratégia de estancar os vazamentos terá, sem dúvida, um prazo de validade. Se a nave governamental continuar a fazer água, a dúvida quanto à serventia dessas defesas tenderá a crescer, à medida que se espalha a consciência de que os esforços não estão tendo êxito, eis que a crise das consultorias de Antonio Palocci não dá sinais de enfraquecimento.
O penúltimo episódio – o da votação pela convocação do Ministro pela Comissão de Agricultura da Câmara – tem todas as características dessa incessante e desgastante tática da guerrilha. A aprovação dita polêmica pela presidência da Comissão foi temporária e penosamente sustada pelo recurso in extremis a ao presidente da Câmara, que se reservou o prazo de decidir sobre o ‘sim’ ou o ‘não’ para a próxima terça-feira.
A par disso tudo – de uma crise que paralisa a Administração Dilma e em que já repontam as comparações com a do mensalão – paira sobre o acossado Ministro outra ameaça. Com efeito, o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, examina a resposta dada pelo Ministro-Chefe da Casa Civil ao questionário que lhe fora enviado pelo Ministério Público. Da importância de tal avaliação, máxime na situação presente, semelha escusado fazer ulteriores especulações.
( Fonte: O Globo )
quinta-feira, 2 de junho de 2011
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