A primeira crise do Governo Dilma Rousseff pode representar a oportunidade de sua refundação. Lançada há 24 dias atrás, por denúncia do jornal Folha de São Paulo contra o que considerou desmedido aumento de patrimônio do Ministro Antonio Palocci, a crise das consultorias não terá surgido decerto por acaso. Alguns a atribuem a ‘fogo amigo’ oriundo das próprias bases petistas; outros, à iniciativa de prócer da oposição.
Na verdade, pouco importam as causas. De forma certamente prematura, a Presidenta se viu enfraquecida. A sua primeira derrota importante – a aprovação pela Câmara do Código Florestal, versão Aldo Rebelo, com o adendo da ‘emenda da vergonha’ será talvez consequência direta da debilidade do principal articulador político.
No entanto, a solução dada à crise representa indiscutível virada de página. Depois da saraivada de acusações de ‘tutela de Lula’, veiculadas pela imprensa como se fossem não suspeitas, mas estigma de uma jovem administração, a súbita solução da crise fornece a um tempo pronta resposta, o que pode ser a base de necessário recomeço.
Com efeito, contra o conselho do ex-presidente Lula, Dilma se desvencilha de Antonio Palocci. A sua ‘carta de demissão’ não enganará ninguém quanto a movimento induzido pela própria Presidente. A par disso, a nomeação da Senadora Gleisi Hoffmann para a Casa Civil, como gestora, traz a marca de Dilma.
Tampouco foi consultado o ‘deus ex machina’ da Administração. Se tanto, terá sido inteirado a posteriori.
Assistimos a uma refundação do governo Dilma Rousseff, com a entrada de pessoas de sua confiança e não impostas pelo criador ?
É cedo para apontar tendência, se nos basearmos em uma primeira andorinha.
Sem embargo, o estilo da nomeação é do estampo da Presidenta. Assim como a circunstância de haver tomado de surpresa as bancadas do PT (e do PMDB).
Após cinco meses de governo, cai o Ministro Palocci, apoiado até a vigésima quinta hora pelo ex-presidente Lula. No círculo palaciano, Gilberto Carvalho nada saberia de imediato.
Há gente que diz ser este percalço um mau começo. Cinco meses ! Para se livrar de Plutarco Elias Calles e do maximato, o presidente Lázaro Cardenas precisou de dois anos. Bastaram-lhe, no entanto, os restantes quatro do sexênio para que se tornasse um dos maiores presidentes da história política mexicana.
Quem sabe se Dilma não nos surpreenderá ?
( Fontes: Folha de S. Paulo e O Globo )
quarta-feira, 8 de junho de 2011
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