sábado, 4 de junho de 2011

Economia: Primeiro Trimestre

           No primeiro trimestre da economia brasileira em 2011, a moderação é a regra. Até a notícia ruim na aparência, se for lida no contexto amplo, terá viés positivo.
           O crescimento do P.I.B. foi de 1,3% diante dos últimos três meses de 2010. Se cotejado com o primeiro trimestre em 2010, o incremento será de 4,2%.
           Até mesmo o dado negativo da desaleceração relativa no consumo das famílias – que se alçou apenas em 0,6%, o que é bem menor do que os 2,3% de outubro dezembro de 2010 -, na verdade reflete igualmente algo de positivo, eis que tal inflexão acontece condicionada pelas medidas de contenção ao crédito adotadas pelo Banco Central.
           Em outras palavras, é uma consequência da chamada ‘dádiva de Lula’, vale dizer, o irresponsável aquecimento eleitoreiro da economia que o Ministro Guido Mantega buscara mascarar como se fora efeito sazonal.
           Assim, o recrudescimento da inflação, se acompanhado, como o foi, por medidas de contenção ao crédito – e, portanto, tendentes a reduzir a demanda – levou à desaceleração acima referida do consumo familiar. E se confrontado com cenário preterinflacionário como aquele que vivemos, não há de contribuir para trazer mais água para os moinhos da carestia.
           Há outro dado igualmente positivo, que é o aumento do investimento em 1,2%.
           A economia brasileira, pela tendência à baixa poupança da população – assim como a pouco recomendável ênfase do atrelamento do governo aos gastos correntes e inchamento do assistencialismo – não tem exibido sinais animadores na faixa dos investimentos.
           Se aqui não é o lugar para frisar a crescente necessidade do aumento nas inversões – para um país que entre muitos desafios se ressente de enormes deficits na infraestrutura seja de transportes, seja sanitária, seja educacional – não será de somenos o regozijo, mesmo que motivado por um índice tão diminuto. Com efeito, se apontar para uma tendência sustentada no bom sentido, constituirá ulterior motivo para visão mais otimista quanto às perspectivas da economia nacional.
           Desse modo, as taxas de investimento e de poupança, no primeiro trimestre de 2011 só são superadas pelas do primeiro trimestre de 2008. O viés para o decréscimo no consumo, se terá salutar efeito anti-inflacionário, deverá ser monitorado para evitar que o aumento nos estoques leve a crescimento negativo nos investimentos.
           De nada serve o aquecimento do setor automobilístico, por exemplo, alimentado com excessivas facilidades de crédito, que só contribuem para as bolhas, com as consequentes pesadas remessas para as matrizes estrangeiras da ‘nossa’ indústria automobilística (o Brasil é o único país emergente sem nenhuma montadora nacional), e as inevitáveis moras dos compradores nacionais pelo endividamento cumulativo.
           Se me relevam a introdução de dado não-macro econômico, ele semelha importante para mentalidade avessa aos cenários habituais das armadilhas eventualmente contrárias ao aumento do PIB. Pela análise dos dados principais, as projeções para o crescimento de nossa economia variam entre 3,6% e 4,7%. Não obstante, a maior parte das previsões tende a situar-se abaixo dos 4%. Se cotejada com a elevação de 7,5% de 2010, representará decerto flexão marcante.
           Por fim, assinale-se que no primeiro trimestre de 2011 o Produto Interno Bruto ascendeu a R$ 939,6 bilhões. Aproximamo-nos, portanto, da marca do trilhão em reais.


( Fonte: O Globo )

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