segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Dilema do Meio Ambiente

Diante de malta de desmatadores açulada pelas oportunidades criadas, seja por negligência, seja por conivência governamental, as perspectivas para o meio ambiente não são boas. Ao arrepio dos tempos e da conscientização mundial, a iniciativa não se encontra com os ambientalistas. Ao invés de estarem em retirada, os devastadores e oportunistas se descobrem bafejados pela sorte. Não será do seu feitio deixar passar tal ocasião, que a inépcia e a irresponsabilidade do Governo Lula lhes proporciona.
O quadro atual já se afigura sombrio Se a incrível ‘política’ governamental não modificar-se, a situação se tornará ainda mais grave. Causa espanto e consternação que a MP 458 tenha sido aceita na sua redação inicial pelo Ministro Carlos Minc. Retirado o gênio da garrafa, ele se transmutaria no monstro gestado no Congresso. Como assinalou Janio de Freitas, a “MP transfigurou-se em um sistema de doações e venda a preço apenas simbólico de áreas gigantescas”.
Se não se pode esperar de transgressores do meio ambiente as mesuras do bom comportamento, é de estarrecer que o governo se deixe envolver a tal ponto. Como sublinha Janio de Freitas, “a Amazônia é o ponto fraco do Brasil no trançado das geopolíticas dos países ocidentais, cada vez mais influenciadas pela noção, de sociedades e governos, de que é necessário à humanidade preservar no planeta o que o homem ainda não arruinou.”
Contudo, as coisas não vão ficar por aí, se a triste aliança de ruralistas, desmatadores e oportunistas lograr avançar ainda mais. Quem o denuncia é fonte fidedigna, a Senadora Marina Silva. “ O principal objetivo é aprovar novo Código Ambiental, revogar a lei 6938 – que criou a Política Nacional do Meio Ambiente -, parte de Lei de Crimes Ambientais e da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, entre outros dispositivos legais. Ou seja, trata-se de quebrar a espinha dorsal da proteção ambiental no Brasil. Só não se fala em revogar o capítulo do Meio Ambiente, que está no artigo 225 da Constituição. Ainda.”
E qual é a justificativa da ofensiva, que será literalmente a da terra arrasada ? Não surpreende decerto que não é questão de princípio, mas venal. Segundo o informante da ex-Ministra, “começaram a querer implementar a legislação ambiental. (...) Enquanto ninguém estava cobrando, tudo bem. Com as tentativas de aplicação da lei, ‘ficou impossível’. Daí, a avaliação de que tudo teria que mudar.”
Infelizmente, e em especial neste momento, seria rematado erro subestimar a tal gente. Se a sua causa não é digna, se ela traz devastação e ruína, não lhes menosprezemos a capacidade de levá-la a cabo.
A hora não é das melhores. São sobejamente conhecidas as convicções ambientalistas do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Tampouco desperta confiança a posição ecológica da sucessora de José Dirceu na gestão dos assuntos correntes. De Carlos Minc, vê-se que tem apego, talvez excessivo, ao cargo. Em ambiente desfavorável, está fragilizado, em parte pelas inconfidências e táticas midiáticas.
Convenhamos, não são forças que nos transmitam segurança para os embates vindouros.
O campo ambientalista, a despeito dos manifestos e das notas partidárias, afigura-se inócuo, desagregado, falto de líderes e de estratégia digna deste nome.
Lula carece de ser confrontado, e não com palavras, mas com outra realidade que, potencialmente, é muito mais forte do que as hostes ruralistas. Lula precisa sentir o que perderá – e não só em prestígio – ao contribuir para a criação de condições objetivas de agressões ao meio ambiente e devastação de nossas florestas.
É tempo de dar nome aos bois. E, por isso, é mais do que tempo de formar uma verdadeira frente, disposta a cobrar pela salvaguarda dos recursos naturais.

Um comentário:

lila disse...

O dilema do Meio Ambiente, além das modificações legislativas pretendidas é a permanente burla às restrições legais em vigor pelo setor da construção civil.Quando trata-se de habitação para a alta renda( condomínios privativos)passa-se por cima de qualquer coisa: morros, mata nativa, lagoas, dunas, etc..