quinta-feira, 7 de abril de 2022

É possível relativizar-se a verdade ?

     

     Na realidade, o cronista, pela sua conexão com o tempo. não deve jamais  admitir que a realidade temporal possa  vir a ser sequer posta em dúvida. As tentativas da Parte adversa em contestar a realidade factual não é um simples vezo para influenciar a emissão de juízos válidos.  Se discutimos a realidade incumbe aceitar-lhe as  injunções maiores. 

      Se admitirmos que todas as realidades possam a vir ser contestadas, estaríamos entrando em outra estranha dança.  Com efeito, quando todos as realidades possam vir a ser contestadas, estaríamos mergulhando em uma outra verdade, eis que tal flexibilização  levaria a infirmar qualquer asserção.  Pois quando a mentira pode arrogar-se ter condições de contestar as bases de uma discussão factual, tudo o mais pode ser tolerado, com a consequente inviabilização de uma discussão racional.

    Não é por acaso, que se devam  criar condições para que o julgamento dos  fatos  seja objeto  de condições, tanto estáveis, quando determinadas por ditames sérios e verificáveis. Este apego à observação de certas formas não constitui decerto uma exigência  absurda ou até mesmo tentativa de subverter a realidade factual.

     Veja-se, por exemplo, que o respeito à forma  pode representar uma  conditio sine qua non para que um mínimo de lógica possa vir a ser inserido em uma discussão sobre a realidade factual possa vir a ser observado.  Será nesse esquema lógico que se insere o pressuposto que a observância de regras básicas será mandatória para o estabelecimento de tais regras.

Porque essas divagações? Estamos presenciando este processo de relativização da verdade de forma clara e cínica na crise da Ucrânia, onde a Rússia busca apagar seu bárbaro ataque a civis e injustificável invasão propondo realidades alternativas ou como dizem os de língua inglesa, "gaslighing" o mundo. Infelizmente a população russa parece ter engolido essa farsa sem pestanejar.  Putin e os seus agora fingem indignação quando o resto do mundo mostra não ser tão fácil de enganar.


       

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Continua a dança em torno do voto impresso

    Quem está puxando esse cordão é bem conhecido, mas não será por isso que ele prevalecerá. Desfile militar cerca do Congresso manda a mensagem errada para o Povo brasileiro. Pois não é hora de ressuscitar a velhos fantasmas para tentar  dar uma marcha à ré na política e na expressão da vontade nacional. 

      Diante da votação hoje em plenário da proposta do voto impresso, saída após o revés sofrido em comissão na Câmara, só partira na sexta-feira do Presidente e do Ministério da Defesa, após tal derrota, na tentativa de ressuscitar nos seus extremos, uma má proposta. 

     Nesse contexto, a decisão tomada por Arthur Lira (PP-AL), o chefe do  Velho Centrão, de levar o voto impresso ao plenário não agradou a deputados que só enxergam desgaste com o prolongamento desse debate e a eventual votação do tema. Afinal, como assinala em coluna o Estadão, está o Planalto, com seus tanques  e sua "milícia digital", e de outro lado parte considerável da Opinião Pública e a maioria dos presidentes dos grandes partidos, que já manifestaram discordância  com o retrocesso no sistema de votação. 

       Como frisa oportunamente tal grupo de opinião, que é majoritário, Lira deveria ter respeitado o veto da Comissão Especial e poupado a Câmara. Pois no caso em tela,  consoante assinala o artigo, muitos terão de escolher a quem desagradar, Dentro desse raciocínio, os descontentes querem  que o presidente da Câmara proteja a Casa dos ataques bolsonaristas  se o Planalto for derrotado.

         Dentro desse contexto, e diante do desgaste já contratado, um grupo de partidos avalia obstruir a votação do voto impresso, enquanto busca outra  solução para o problema...


(Fonte:  O Estado de S. Paulo  

          Soluções erradas, feitas em um clima distorcido, só tendem a agravar problemas. Não será através de um retrocesso que se há de limpar a área

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

A derrota do voto impresso

   Que não se façam ilusões aqueles que contam com a reentrada anacrônica do voto impresso, que ressoaria sob a suposta pressão do presidente Jair Bolsonaro.  Como assinala o Estadão, em sua edição hodierna, o voto impresso sofreu ontem, quinta feira, cinco de agosto,  sua primeira grande derrota no Congresso. 

     Com efeito, o relatório do deputado Felipe Barros (PSL/PR), que defende a  volta da contagem manual do resultado das eleições,  foi rejeitado por 23 votos a um...O cerco a Bolsonaro, ao invés, continua aumentando. O presidente do Supremo, Luiz Fux, em discurso firme, anuncia o cancelamento da reunião entre os chefes dos  três Poderes, que ocorreria nos próximos dias. Moderado, o presidente Fux usou linguagem firme que mostra o quanto pesaram os ataques e insultos a integrantes do Supremo de parte do Planalto, com as sólitas ameaças (ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luis Roberto Barroso, e ao ministro do STF, Alexandre de Moraes).   

      Nesse contexto, Bolsonaro foi além  e, em entrevista a uma rádio - como sinaliza ainda o Estado de S.Paulo - assevera  que " a hora de Moraes vai chegar".

       Por falar em hora, deve-se ter presente que mesmo sem pensar nos movimentos que possa eventualmente desencadear - que pouco ou nada teriam a ver com as suas confusas idéias - as próprias palavras poderiam  ter o benéfico efeito contrário de mostrar o quão ruinosas podem ser tais tolices e sinalizar, outrossim,  que o episódio em tela pode fazer relembrar a imortal descrição de Cervantes no que tange à quixotesca e célebre investida de seu anti-herói contra  os prosaicos moinhos de vento ...


( Fonte: O Estado de S. Paulo )


Fontes:  O Estado de S. Paulo e "Don Quijote de la Mancha", de Miguel de Cervantes 


quarta-feira, 4 de agosto de 2021

O Conflito de Bolsonaro com o TSE

     Em novo ataque ao Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, o presidente Jair Bolsonaro veio a público para dizer que não aceitará  "intimidações", nem "eleições duvidosas" e, nessa toada, sugeriu haver  um complô para eleger o ex-presidente  o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

       Como é de seu feitio,  Bolsonaro tenderia a transformar o conflito com o Judiciário como se fora uma rixa pessoal com o Ministro Barroso. Nesse contexto, tenha-se presente a sua reação perante apoiadores, no Palácio da Alvorada : "O que eu falo não é um ataque ao TSE ou ao Supremo Tribunal Federal. É uma luta direta com uma pessoa: Ministro Luís Barroso, que se arvora como  dono da verdade". "Jurei dar minha vida pela Pátria. Não aceitarei intimidações. Vou continua exercendo meu direito de cidadão, de liberdade de expressão, de crítica, de ouvir e atender, acima de tudo, a vontade popular". 

      Tenha-se presente que, diante da investida de Bolsonaro, em uma ação coordenada com ministros do Supremo, o TSE decidira por unanimidade, na noite de anteontem, determinar duas medidas contra o Presidente. Além do inquérito sobre as denúncias falsas feitas por Bolsonaro contra o sistema eleitoral, o TSE  pediu ao Supremo que também o investigue no caso das fake news .  Trata-se de inquérito  conduzido pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, o qual já tem provas de participação de aliados de  Bolsonaro em ataques orquestrados  às instituições da República.

         Não é cousa menor. pois o desfecho de tais investigações pode tornar Bolsonaro inelegível, caso ele seja responsabilizado  criminalmente, além de levar à impugnação de eventual registro de sua candidatura a um segundo mandato.

          Por sua vez, o Ministro da Defesa, Walter Braga Netto, também disse que só haverá eleições em 2022 com voto impresso.  Nesse contexto, como revelou o Estadão, o presidente da Câmara, Arthur Lira, recebeu esse recado de Braga Netto, por meio de um interlocutor  político, no último dia oito. Naquele mesmo dia, Bolsonaro afirmara: "Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições".   

           A reabertura dos trabalhos do Judiciário, a dois de agosto corrente, fora marcada por estratégia agressiva para conter a disseminação de fake news e as ameaças feitas às eleições por parte do presidente. Assim, tanto Barroso, quanto o presidente do  STF, Luiz Fux, saíram em defesa da estabilidade democrática, e cobraram respeito às instituições.

             Em transmissão ao  vivo nas redes sociais, na última quinta-feira, Bolsonaro  exibiu videos antigos  e informações sobre as urnas eletrônicas, que já foram consideradas falsas por agências de checagem,  como  o Estadão verifica , na  tentativa de mostrar que o atual sistema - pelo qual ele próprio foi eleito - seria fraudável. Disse, no entanto, que não tinha provas, mas sim indícios dessas acusações. O link da transmissão - divulgada pela TV Brasil, uma emissora pública - foi enviado na notícia-crime apresentada por Bolsonaro.

              Com efeito, para o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Luís Felipe Salomão, o inquérito administrativo  deverá apurar fatos  que possam configurar  "abuso  do poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação social, corrupção, fraude, condutas vedadas a  agentes públicos e propaganda extemporânea, relativamente aos ataques aos  ataques feitos contra o sistema eletrônico de votação e à legitimidade das eleições de 2022".

                 Não obstante, na conversa com apoiadores acima referida, Bolsonaro fez ulteriores ameaças. "Se o ministro Barroso fez novas ameaças : "Se o ministro Barroso continuar sendo insensível, como parece que está sendo, quer processo contra mim, se o povo assim o desejar, se o povo assim o desejar - (haverá) uma concentração na Paulista, para darmos um último recado para aqueles que ousam açoitar a democracia", disse. "Repito: o último recado para que eles entendam  o que está acontecendo e passem a ouvir o povo. Eu estarei lá."

                   Nesse sentido, Bolsonaro afirmou que Barroso está "cooptando" ministros do STF e do TSE para "impor sua vontade". Nesse sentido, acusou ainda magistrados de favorecer Lula na eleição de 2022. "Nós sabemos o quanto o senhor Barroso deve ao senhor Luiz Inácio Lula da Silva", asseverou. 

                    Ainda dentro desse contexto, o artigo do Estadão frisa que desde que as pesquisas de intenção de voto começaram a mostrar Lula na liderança, Bolsonaro aumentou as críticas ao sistema eletrônico de votação. Na prática, o presidente tenta construir uma narrativa para  tumultuar o ambiente político e, se for o caso, justificar eventual derrota nas eleições.

                      Dessarte, em vários momentos de sua manifestação, o presidente citou  o Ministro Barroso. "Senhor Barroso, sua palavra não vale absolutamente nada (sic). E questionou: Está a serviço de quem ?" .  "Não é o caso  de eu e ele mostrar (sic) quem é mais macho. Não é briga de quem é mais macho, mas aqui não abro mão de demonstrar quem respeita ou não a Constituição. A alma da democracia é o voto e o povo tem que ter a certeza absoluta que o voto dele foi para aquela pessoa. "

                        Nota  do artigo do Estadão.  Anteontem, ministros do TSE e do Supremo, além de ex-presidentes da Corte Eleitoral, se uniram para divulgar nota conjunta com críti- cas ao movimento de Bolsonaro em favor do voto impresso.  Barroso chegou a dizer, depois, que o voto impresso é "a porta aberta" à ocorrência de fraudes, o incentivo ao coronelismo e às milícias.

                          Nesse contexto, na sua polêmica à distância com o ministro do Supremo e do TSE, insistiu Bolsonaro  "que o Ministro Barroso presta um desserviço à Nação brasileira. Cooptando gente de dentro do Supremo, querendo trazer para si, ou de dentro do TSE, como se fosse uma briga minha contra o TSE ou contra o Supremo.  Não é contra o TSE, nem contra o Supremo. É contra um Ministro do Supremo, que é também presidente do Tribunal Superior Eleitoral, querendo impor a sua vontade", insistiu Bolsonaro. 

                           Cabe, no contexto, também assinalar que o voto impresso já foi adotado em caráter experimental nas eleições presidenciais de 2002, mas acabou reprovado pelo TSE. Naquele ano, para testar o sistema, a medida foi adotada em cento e cinquenta municípios, atingindo 6,18% do eleitorado.  "Sua introdução no processo de votação nada agregou em termos de segurança ou transparência. Por outro lado, criou problemas", sinalizou relatório do TSE.

(Fonte: O Estado de S. Paulo)



domingo, 1 de agosto de 2021

Afinal desvendado o mega-crime que matou Marielle e Anderson Gomes ?

      Como se sabe, a quinta vereadora mais votada nas eleições de 2016, Marielle Franco, com 38 anos, foi executada no dia catorze de março de 2018, em torno das 21:30 horas daquela noite. Ela e seu motorista Anderson Gomes foram assassinados por rajadas de submetralhadoras que seriam dias depois jogadas ao mar, nos abismos oceânicos em torno das Ilhas da Tijuca. Pelas peculiaridades de tal local, as posteriores buscas, efetuadas pelos bombeiros, não produziram nenhuma prova.

       Ora, a prisão em São Paulo de Cristiano Girão, ex-vereador, ex-bombeiro  e acusado de chefiar a milícia da Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, poderia acelerar a elucidação do mega-caso da morte encomendada da carismática vereadora do PSOL.

        Com efeito, foram realizadas buscas e apreensões em catorze endereços no Rio de Janeiro e em São Paulo, pelos agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que poderão trazer mais provas de que a ordem para matar a vereadora Marielle possa ter partido de Cristiano Girão. Por enquanto, sem embargo, o vínculo mais forte nesta trama é que o sargento reformado da Polícia Militar, Ronnie Lessa,  réu no homicídio de Marielle e de seu motorista Anderson Gomes, é igualmente suspeito da execução do ex-policial André Henrique da Silva Souza,  o André Zoio, e de sua companheira, Juliana Sales de Oliveira,  de 27 anos, em catorze de junho de 2014. Dentro desse raciocínio,  Cristiano Girão teria, então,  contratado Lessa para cometer  o mega-crime

        Na história do Rio de Janeiro, o bárbaro crime que matara a Marielle Franco e a seu motorista, Anderson Gomes,  provocou grande comoção, a par de mobilização popular, em locais próximos ao prédio da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. 

         Passados mais de três anos da data de perpetração  do mega-crime a Polícia do Rio de Janeiro ainda não conseguiu descobrir quem foi o mandante e qual o motivo.

           A investigação pelos órgãos competentes tampouco  levou à determinação da responsabilidade no que tange ao mandante, assim como quanto à respectiva motivação desse mega-crime. Pela embaraçosa circunstância de que passado tanto tempo, a Polícia ainda não consegue descobrir os capítulos básicos para levar o caso a juízo. Mais uma vez, os responsáveis pelas investigações  no Ministério Público e na Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro foram trocados, o que decerto desagrada aos parentes de Marielle.  Nesse contexto, as promotoras Simone Sibilio e Letícia entregaram os cargos, alegando "interferências externas" no caso.

           Diante de tal situação, o Ministério Público, segundo informa o jornal O Globo, decidiu então entregar o caso a um grupo de oito promotores, sob a chefia de Bruno Gangoni, que tem experiência em investigações de milícias. A população do Rio de Janeiro lhes deseja boa sorte, pelo seu óbvio interesse em que se faça justiça. 

            A corajosa Marielle, que foi uma grande representante do Povo carioca, pela sua batalha em melhorar-lhe a sorte, merece decerto que o seu legado seja respeitado, na proteção dos humildes e de todos aqueles que se dedicam às causas que lhe são mais caras, vale dizer o combate à Injustiça e a tantos outros abusos de que sofrem as classes menos apadrinhadas pela sorte.  O sacrifício pessoal desta grande vereadora não pode ignorado como símbolo de uma vontade de que a Justiça deva ser escutada, respeitada e sobretudo implementada, para que outros ares venham a alentar a nossa gente,  que decerto se empenha em que a Justiça acolha os princípios e ideais dessa carismática e infeliz tribuna.

               Com a coragem - que nunca lhe faltou - pensemos no seu exemplo.

                 Marielle - tribuna do Povo do Rio de Janeiro e em especial do universo das favelas - constitui a sua chama inextinguivel   - e  Ela deve ser respeitada, sobretudo no que tange à própria  Mensagem e à sua Visão de uma existência melhor e mais digna para os moradores das favelas do Rio de Janeiro.

                  Não é todo dia que se depara com vereadores com a coragem, o carisma e a estirpe de Marielle. É mais do que tempo não só que Justiça seja feita, mas também que o seu exemplo de vida seja respeitado e o seu espírito e mensagem informe às novas gerações para que o seu sacrifício não haja sido em vão. 

(Fonte: O Globo)    

sábado, 31 de julho de 2021

Os museus e os incêndios no Brasil

      Não terá escapado aos observadores brasileiros, a intrusiva presença dos incêndios nos museus de nossa terra.  São estranhas ocorrências, cujos efeitos são decerto lamentáveis com a inquietante destruição de tantas preciosas peças de nosso patrimônio cultural e histórico. 

       O leitor há  de deplorar a triste ocorrência de  detestável sinistro no Palácio Nacional, que abrigara peças históricas de grande valor, que a aparente incúria na alegada guarda e manutenção terá levado à destruição por um incêndio do vasto patrimônio de peças de inestimável qualidade, que negligências na conservação daquele precioso cabedal que nos legaram personalidades de um passado que parecerá longínquo a muitos, mas que na verdade mostrara o interesse e o desvelo com que tais testemunhas de uma época a ser lembrada pareciam determinar-lhe  uma guarda tão atenta e respeitosa quanto o respeito com que tinham recebido a honrosa posse as então responsáveis autoridades governamentais. 

        Com efeito, tal Palácio Nacional foi a última residência na terra brasileira, de nosso Imperador Dom Pedro II, que fora despachado, na madrugada de quinze de novembro de 1889. de maneira que ainda confrangerá a muitos, para o exílio, com seus restantes familiares, neles incluídos a herdeira do trono, a Princesa Isabel.

         Estadista da República Argentina deplorara então o sucedido  ao Império do Brasil como se fora a queda da única democracia no continente sul-americano. 

          Como se sabe, a negligência que determinara o desastroso incêndio do Palácio Nacional foi problema menor  em aparelho de ar-condicionado, que a incúria na manutenção permitira que não fosse atendido a seu  tempo devido. 

            Como se depreende do relato acima, se deveria a uma suposta indiferença ou falta do necessário cuidado, que ao cabo determina a incidência de incêndio, como no caso tristemente similar do sinistro que afetara o galpão da instituição localizado na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo. Com efeito, há deploráveis similitudes nas causas também do sinistro que atingiu esse galpão da instituição, localizado na dita Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo.

             Segundo artigo de hoje, 31 de julho, do Estado de S. Paulo  "foram possivelmente perdidos ou afetados itens do acervo documental, como grande parte dos arquivos de órgãos extintos do audiovisual, caso do Arquivo Embrafilme (1969-1990), parte do  Arquivo do Instituto, parte do Arquivo do Instituto Nacional do Cinema (1966-1975) e Concine - Conselho Nacional de Cinema (1976-1990), além de documentos de arquivo ainda em processo de incorporação. Do material audiovisual, estima-se parte do acervo da distribuidora Pandora Filmes, de cópias de filmes brasileiros e estrangeiros em 35 mm, matrizes e cópias de cinejornais únicos, trailers, publicidade, filmes documentais, filmes de ficção, filmes domésticos entre outros.  Teriam se perdido, ainda, parte do acervo da ECA/ USP, e da produção discente em 16mm e 35mm e ítens do acervo do jornalista Goulart de Andrade. Equipamentos e mobiliário de cinema, fotografia e processamento laboratorial   também estão na lista dos trabalhadores da Cinemateca.

             "Os arquivos das entidades que gerenciavam o cinema brasileiro, desde o INC, Instituto Nacional de Cinema, criado pelos militares nos anos 1960, e depois o Concine e a Embrafilme, foram devastados. Até onde sei, o acervo de Glauber (Rocha) no galpão foi preservado, mas os equipamentos antigos foram atingidos.  O prejuízo é incalculável. Os documentos no galpão estavam à espera de ser higienizados e catalogados, Contavam a história  do cinema no Brasil", diz Carlos Augusto Calil, presidente da Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC). Integrantes da SAC desmentem o que a indústria de fake news anunciou, na quinta-feira mesmo. "Surgiram  boatos de que o patrimônio do  Canal 100 e da TVTupi estocados  na Cinemateca teriam sido atingidos. Não é verdade", informa Lauro Escorel, um dos grandes diretores de fotografia do cinema brasileiro. 

             " A crise da Cinemateca começou em 2013 e agravou-se no governo de Michel Temer, chegando ao abandono atual. Carlos Augusto Calil cria uma metáfora. "Se fosse uma pessoa, e não uma instituição, diria que a Cinemateca vem  respirando por meio de aparelhos, e em situação cada vez mais precária." Diretor da Cinemateca de 1987 a 1992,  Calil conta que a situação de penúria se agravou com um incêndio em 2016, o alagamento do galpão em decorrência das fortes chuvas em 2020, e o novo incêndio da última quinta- feira.  Já o documento divulgado pelos funcionários da Cinemateca com o possível inventário das perdas fala em 'crime anunciado'. "O incêndio da noite de ontem é mais um motivo pelo qual não podemos esperar para dar um basta à política de terra arrasada e de apagamento da memória nacional! Estamos em luto, pela perda de meio milhão de brasileiros, e agora pela perda de parte  da nossa história", afirma a nota.

             "Ainda ontem, o incêndio no galpão repercutiu internacionalmente. Também por meio de nota, o Instituto Lumière, sediado em Lyon, na França, afirmou que o incêndio é mais um mais um símbolo da "desastrosa política cultural" do Brasil.  O órgão ,que recebe o nome dos irmãos franceses que inventaram a técnica cinematográfica, é dedicado à preservação da memória do cinema.

             " Investigação.  Na manhã desta sexta-feira dia trinta, um dia após o incêndio, a Secretaria do Audiovisual publicou o esperado edital para seleção da organização social que vai gerir a Cinemateca Brasileira pelos próximos cinco anos.         

              "Em Roma para uma reunião de ministros da Cultura dos países do G20, Mario Frias, secretário Especial da Cultura,  disse que vai investigar se o incêndio  foi criminoso. "Já solicitei à perícia da Polícia Federal, que irá tomar as devidas providências para verificar se o incêndio na  Cinemateca foi criminoso ou não. "Já solicitei à perícia da Polícia Federal, que irá tomar as devidas providências, para verificar  se o incêndio da Cinemateca foi criminoso ou não.  Tenho compromisso com o acervo ali guardado,por isso mesmo quero entender o que aconteceu", afirmou Frias em uma rede social. O Estadão tentou contato com a Secretaria Especial da Cultura, para confirmar o prejuízo causado pelo incêndio da Cinemateca, mas até o momento da publicação não houve retorno.

                "  O Incêndio. Segundo o Corpo de Bombeiros, que atendeu à ocorrência  na noite de quinta feira, as chamas começaram  durante a manutenção de um ar condicionado, em uma sala da instituição. Ainda segundo o Corpo de Bombeiros, funcionários que realizavam a manutenção do local tentaram conter o fogo com extintores, mas não conseguiram por se tratar de material bastante inflamável. Não houve vítimas no incêndio."

(Fonte; O Estado de São Paulo )

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Reforma ministerial para quê ?

       As modificações no  ministério, segundo assinala o Estadão, que o presidente Bolsonaro pretende fazer, são decorrência de tentativa de sustentação politica da própria base pelo Presidente. Nesse sentido, o Centrão  tem a presença reforçada, com a indicação pelo Chefe da Nação para a Casa Civil, do senador Ciro Nogueira (PI), que é presidente do Progressistas e um dos líderes do aludido Centrão.

       Na dança das cadeiras, o general Luiz Eduardo Ramos deixa a Casa Civil e vai para a Secretaria-Geral  da Presidência, para substituir a Onyx Lorenzoni. No entanto, para continuar com Onyx na própria equipe,  o presidente decidira ressuscitar o Ministério do Trabalho e Emprego. Se Onyx, contudo, é presença constante nas formações ministeriais de Bolsonaro, o seu posto, sem embargo, nesses altos cargos, não costuma assinalar-se  pela duração respectiva. 

        Assinale-se, outrossim, que Bolsonaro, como já assinalei alhures, tem-se afastado da postura de seus colegas de farda no passado, nos tempos da dita Gloriosa, quanto à disponibilidade  da Casa Civil  para militares, pois ele persiste na prática de chamar para essa Pasta a turma do verde-oliva, prática a que o próprio General Médici se recusara a fazer a seu tempo.

         Mas sutilezas decerto não são o forte do atual morador do Palácio da Alvorada. Mesmo após conversar com o presidente na segunda-feira, o general da reserva Luiz Eduardo Ramos não se dera conta que seria demitido da Casa Civil em prazo curto. Nesse sentido, ele considerou a mudança  política: "Se eu estivesse sendo trocado por alguém formado em Oxford , ou Harvard, tudo bem, poderiam dizer que falhei" disse o general à colunista Eliane Cantanhêde.

 (Fonte: O Estado de S. Paulo)