segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Lições do Primeiro Turno das Municipais

            O voo de galinha do candidato Celso Russomano, na imagem feliz de Eliane Cantanhede, acabou levando para o segundo turno, em São Paulo os dois rivais históricos, a disputa recomeça sem favoritos. José Serra é o veterano de muitas eleições e não se pode fiar- na inexperiência do adversário Fernando Haddad para embalar-se na esperança de fácil vitória.
             O ex-presidente Lula da Silva sai bastante chamuscado no plano nacional. Na húbris pré-julgamento do Mensalão, acreditou-se um deus ex-machina. A tentativa de enfiar ao eleitorado do Recife goela adentro o protegido Senador Humberto Costa, acabou com vitória no primeiro turno do candidato do governador (e aspirante a presidente) Eduardo Campos.
            Em Belo Horizonte, também deu PSB – com o apoio de Aécio Neves – na reeleição de Márcio Lacerda, e a derrota do petista Patrus Ananias. No Rio de Janeiro, salvo o triunfo esperado do peemedebista Eduardo Paes, a presença do PT se conforma a uma já longa mediocridade. Excluído o situacionismo Cabral-Paes, o único que cresce é o PSOL, pelo bom desempenho do candidato Marcelo Freixo, o que contribuíu para uma bancada de quatro vereadores, sobrepujada em números apenas pelo PMDB (o próprio PT tem apenas quatro). Na gaiola de ouro carioca, outro desenvolvimento de relevo é o virtual adeus como força política a Cesar Maia, que pensara colher até duzentos mil votos. Teve tão só 45 mil, e por isso precisou de mais vinte mil da esquálida do também decadente DEM para reeleger-se ao seu melancólico Sunset Bulevar.
             No Rio Grande do Sul, reelegeu-se o prefeito José Fortunati, pelo PDT (note-se que Fortunati era um quadro do PT e dele se afastara por ter sido preterido pelo jogo das facções).
               Em Manaus, vão para o segundo turno Artur Virgílio Neto (PSDB) e Vanessa Grazziotin (PCdoB), ele com 385 mil votos e ela, com 189 mil. Não estranhamente, dona Dilma promete aparecer lá no Amazonas, para dar uma força à militante Grazziotin, que em 2010 ganhara o assento senatorial  por escassos mil votos. Comovente o apoio que colhera então de Lula da  Silva, eis que Artur Virgílio está na lista de seus desafetos.  Para dar prosseguimento ao rancor de antes, será dada a Manaus uma intrigante prioridade manifesta pela dócil presença da presidente, em atendimento aos caprichos do Líder Máximo.
              No cômputo frio do primeiro turno, o flamante PSB (do neto de Arrais) já elegeu  dois prefeitos em capitais, como também a frente do PMDB. PT, PSDB, PDT,PP e até o DEM por ora se contentam com  UM.
             Por sua vez, para o segundo turno têm candidatos nas capitais, o PSDB com oito, o PT com seis, PDT, PSB e PMDB, com três, e o PSOL com dois. Por fim, a turba que só tem um candidato, i.e., PC do B, DEM, PPS, PP, PTC, PTB, PSC, PV e PSD.
            Dois comentários finais:  o pífio desempenho do PSD de Kassab,           que parece não tão bom de voto quanto de articulação extra-urnas, e o despencar da liderança burocrática do Partido Verde. A respeito, duas notas mais: a candidata à prefeita no Rio, Aspásia Camargo teve menos sufrágios dos que obtivera para a vereança. Parafraseando Clemenceau, se a guerra se afigura demasiado importante para confiá-la aos generais, também o ambientalismo no Brasil com a ameaça ruralista grita pelo retorno ao PV de uma liderança como a de Marina Silva, com os seus quase vinte milhões de votos, ao invés dos obscuros apparatchicks que se apoderaram do partido e mantêm o PV condenado a derrotas que mais atingem o Brasil e seu patrimônio de recursos naturais, do que o seu patético papel parlamentar até hoje evidenciado.

 

( Fontes:  O GLOBO, Folha de S. Paulo )

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