terça-feira, 16 de outubro de 2018

Dólares über alles ?


                               

        Os comentaristas americanos reconhecem que outros presidentes agiriam no mesmo sentido de Trump.
          O que incomoda neste 45º presidente estadunidense é a maneira com que ele procede, não fazendo maior mistério onde esteja a respectiva precedência, que teria a ver com o sujeito da ação, mas não com o respectivo conteúdo.
           Ora, mesmo alguém que se coloque entre tais cínicos parâmetros - o dinheiro, vale dizer, os dólares - passariam à frente de considerações éticas e mesmo morais, está correndo um pesado risco, pois há limites mesmo para o mais deslavado dito pragmatismo, em termos da posição da superpotência.
            Se alguém admite defender um eventual parceiro em negócios, mesmo que este seja suspeito de pesado desrespeito contra a lei internacional - como, v.g., a atual confusão entre o "desaparecimento" de Jamal Khashoggi, o dissidente jornalista saudita, e a mostrar-se disposto em considerar confiáveis as razões apresentadas pela Arábia Saudita, através do rei Salman - de que dá toda a impressão de querer ir nesta direção o presidente Trump, como será o cômputo final em termos de incorrer no perigo de, na prática, ser visto enquanto virtual cúmplice de um assassinato de deslavado cinismo, como todos os fatos verificáveis na presente situação parecem apontar para o príncipe herdeiro do reino absolutista ?
                Há limites, mesmo para a Realpolitik - que é o que pensa estar fazendo o Presidente Donald Trump - pois a Lei internacional e as circunstâncias em que ocorreu o "desaparecimento" do jornalista - que tornam inviável toda a postura adotada pelo mandatário americano.
                 Será talvez esse suposto desconhecimento de o que aconteceu dentro do Consulado da Arábia Saudita que, na verdade, tudo revela, por ser circunstância demasiado óbvia. H HHa a           
                   Porque das duas, uma: ou Trump crê de bom grado no absurdo - para manter a confiança do parceiro saudita, seja por acreditá-lo veraz (hipótese em que expõe o próprio intelecto a juízo depreciativo) - ou se recusa a desmascará-lo, e transmite a impressão de que a alta política na verdade é baixa, porque está subordinada a critérios rasteiros, que tem mais a ver com  ética ou amoral ou cínica.

( Fonte:  O Estado de S.Paulo )

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