quarta-feira, 10 de outubro de 2018

A Ditadura Maduro "suicida" Albán


                              
         A versão dada pelo Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência) atinge macabro cinismo ao referir o torpe assassinato do opositor Fernando Albán como se fosse um 'suicídio'. Tristemente famigerado pelo seu método torcionário[1] de buscar a "verdade" grata ao regime de Maduro, esse tenebroso Sebin, além de ser uma deslavada injúria ao nome do Libertador, constitui cínica e orwelliana denominação que, como o pano rasgado e sangrento por tantos "excessos" cometidos nas suas dependências promete inclusão futura, no anti-museu das bestiais e sádicas torturas que essa masmorra das afrontas do chavismo será decerto o retrato veraz dos bárbaros crimes e miseráveis deformações de câmara de execráveis horrores, um autêntico retrato de Dorian Gray da modernidade chavista.
      
            As ditaduras, não importa os nomes pomposos que carreguem, têm, a par de seu traço basilar, que é o assíduo cultivo da hipocrisia e da injustiça, ao impor a seus súditos - não há cidadania em comunidade deformada pelos crimes que o tirano de turno cotidianamente pratica, e pelo seu culto do iniquo -  a decorrente desigualdade, que é a consequência inelutável da reinante paranóia que existirá sempre em tal regime, como o aspecto disforme do monstro que nenhum espelho, por mais hábil que seja o artífice, logrará evitar ou dissimular.   
      
              Esse senhor Nicolás Maduro - sinistra dádiva de seu criador e protetor, Hugo Chávez Frias - que faz pouco ousara manchar a tribuna do grande salão da Assembleia Geral - não terá decerto surpreendido o escasso público que o ouviu, pela triste estatística de muitas das figuras que através dos tempos contradisseram os sonhos  de arqui-tetos e pintores que ornam as paredes e formas desse magnífico edifício de que, também enquanto parte da Humanidade, nos orgulhamos.

               A Venezuela, que no passado se marcara por infindáveis ditaduras, teria no século vinte, um período de grandeza. Enquanto a maior parte da América do Sul era dominada por ditaduras militares, a Venezuela seria um dos poucos países em que a democracia constituíu a regra.
    
                Com Maduro, a terra de Bolívar se transforma em país exportador de gente, ou, melhor dizendo, de miseráveis. Com a corrupção, a desvalorização da moeda, a prevalente miséria se afirma, esvaziando as estantes das farmácias, o que produz doença e morte, além da crise na indústria e na lavoura, que despoja as prateleiras dos super-mercados,  e somem os comestíveis e bens de consumo. Com mais corrupção e a carestia, que são inimigas do emprego e  que trazem a desordem na economia, o mercado negro, e mais inflação e miséria, dentro do mecanismo infernal que abre as comportas para mais desordem econômica e financeira e a consequente praga da in-flação descontrolada, a que acompanha mais miséria,  dentro do mecanismo infernal trazido  a princípio por Hugo Chávez, em que o Estado descura de suas funções primaciais, abandona o investimento, e negligencia a manutenção do seu capital mais precioso que é a imensa jazida de petróleo que Mãe-natureza legou à Venezuela. Um misto de incompetência administrativa e cupidez patronal lança às urtigas a manutenção de seu bem mais precioso, que é e será sempre o petróleo, que Chávez e depois seu herdeiro e sucessor irresponsavelmente não souberam manter em boas condições de uso. A hiperinflação que hoje só faz aumentar, diante da inabalável incompetência e estulta cupidez do herdeiro Nicolás Maduro, que busca aperfeiçoar esse inferno de Dante a que não está reservado a ascensão ao paraíso,  mas a queda inexorável na hiper-inflação que sobe a totais  que seriam ridículos pela sua inchação se não fossem trágicos para o povo venezuelano.  

               Será nesse ambiente de desordem e de fome, de pobreza que se consolida em miséria, que o opositor Fernando Albán, que arrecém chegara de uma breve visita a New York, desembarca em Caracas para ser preso, "interrogado" pelos torturadores do Sebin  e, em seguida, arremessado do décimo-andar para configurar um torpe, cínico arremedo do suicídio, que não é acessível àqueles estúpidos espécimes, incapazes que são de qualquer escolha que se sobreponha aos próprios costumes e práticas, no que imitam o supremo líder, na sua estupidez e boçalidade.
  
                  Pois hoje o tirano desafia e na verdade afronta a fome dos conterrâneos enquanto saboreia os sangrentos, suculentos nacos de carne de uma rebuscada churrascaria na Turquia, disfarçada de restaurante fino. Como sensibilidade e tato já vi maiores.
      
                  Terá Nicolás Maduro tempo de sobra para dizer a falsa frase patriótica reservada para consumo do carrasco, que o espera na turbulenta esquina da História?

(Fontes: O Estado de S. Paulo, Dante, Oscar Wilde, George Orwell, Oscar Niemeyer  e  Cândido Portinari, )


[1] Que me perdoe o leitor pelo galicismo. Os excessos da ditadura Maduro exigem algo mais gráfico do que o eufemismo "maus tratos" ou até mesmo torturador.

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