Até tempos atrás, o que no Supremo se
denomina a Ação Penal 470, e a
opinião pública chama Processo do
Mensalão, se pensava encaminhar-se, nos tardos passos da Justiça, para a
condenação dos principais acusados, o que representaria marco na história
brasileira, tão acostumados que estamos todos à geral gritaria e aos pífios
resultados.
Nascida em Nápoles,
a princípio para alimento das classes mais pobres, a pizza, em Pindorama, além
do forno vespertino a que é destinada para os programas noturnos do brasileiro,
tornou-se o símbolo dos fracassos festivos. Dizem que o inocente prato, que se
costumava servir em encontros de congraçamento quando davam em nada as
comissões especiais de inquérito de Câmara e Senado, acabaria por imerecida ignominia
para sempre associado ao malogro dos ditos trabalhos. De tanto repetir-se o “deu em pizza”, não é que a iguaria napolitana passou a ter mais uma
abonação no dicionário – a de derrota.
Sobrepaira esse tipo singular de pizza, ou a alegre incompetência, ou a sinuosa
má-fé, não se podendo de resto excluir que ambas as características estejam
presentes.Até tempos atrás, se pensara que a Causa do Mensalão estivesse por terminar e, para geral surpresa, na punição dos principais acusados. Ledo engano, ao que parece. Quem dá as cartas, se tem arte e não é bobo, sempre leva alguma vantagem. O governo de D. Dilma – aquela mesma que fez cara de amuo quando da posse do Ministro Joaquim Barbosa na presidência do STF – teve oportunidade de nomear mais dois ministros para o Supremo, para substituírem Cezar Peluso e Ayres Britto. O resultado dessas mudanças, o vemos agora, quando a popular condenação dos implicados no Mensalão parece caminhar, nas palavras do colunista da Folha Igor Gielow, no roteiro de que “barafunda vai se instalar, e a pizza ruma ao forno”.
No cômputo dos Ministros, são cinquenta sessões, que não se encaminham para o desfecho dito provável até há pouco. Mas poder-se-ia esperar no Brasil das pizzas, com um plenário retocado, que se prefigurasse um outro placar ?
Se importa não prejulgar – quatro já votaram a favor do embargos infringentes (Luis Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber (que surpresa!) e Dias Toffoli) e dois contra (o presidente Joaquim Barbosa e Luiz Fux) – as intervenções restantes, a começar pelo Revisor Ricardo Lewandowski, com o Decano Celso de Mello (que semelha pender para sufragar o acolhimento dos embargos infringentes) tornam quase impossível um resultado que não favoreça a causa do governo petista.
Assim, se Gilmar Mendes vai votar contra, Carmen Lúcia penderia para o não, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello são imprevisíveis.
Por isso, se o leitor está armado de alguma paciência – dada a loquacidade dos senhores ministros – a sessão de hoje à tarde pode constituir alternativa de emprego de tempo, posto que a torcida pela vitória da causa defendida pela maioria da opinião pública semelhe assaz prejudicada. Dadas as probabilidades contrárias serem grandes, não se recomendam apostas para o campo de Joaquim Barbosa.
Ainda que gostasse de estar errado, o mais provável é que realmente a pizza esteja indo para o forno, como pressagia Igor Gielow.
Agora, que todo esse esforço hercúleo – do Governo Dilma e de seu valeroso e incansável suporte[1] dentro da Corte – vá afinal prevalecer para depois virar vitória de Pirro, já é outra estória.
(Fontes: O Globo,
Folha de S. Paulo, Tevê Justiça)
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