segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Rescaldo do Fim de Semana


                                   

Saída do Quênia da Corte Penal Internacional

              O  Parlamento do Quênia procedeu à primeira votação para a saída da Corte Penal Internacional, da Haia.  A indisposição contra a CPI se deve ao fato de que tanto o presidente Uhuru Kenyatta, quanto o Vice-Presidente, William Ruto foram indiciados por crimes contra a humanidade. O julgamento de Ruto está marcado para começar nesta semana. Está igualmente previsto o juízo de Kenyatta, que seria o primeiro presidente em funções a ser julgado pelo Tribunal da Haia.
            Embora legalmente não faça diferença em que um país seja ou não membro da CPI, para que uma sua autoridade venha a ser julgada pelo Tribunal da Haia,  na prática, no entanto, a realidade pode ser, no entanto, diversa.  Diante da irritação nacional em ter a dupla presidencial indiciada em crimes contra a humanidade, especula-se que os dois líderes se valham do movimento político que leva o Quênia a sair da Corte a igualmente escudar-se nessa reação nacionalista, para não se sentarem no banco dos réus.
            É difícil determinar se o dito Tribunal errou na dose da aplicação da justiça, singularizando as duas principais autoridades executivas do Quênia. De qualquer forma, a renúncia desse país à participação na Corte, por ser a primeira nação a fazê-lo,  ameaça minar-lhe a legitimidade de sua missão em colocar no banco dos réus autoridades nacionais, suspeitas de participação em crimes contra a Humanidade.

 
Eleição  Moscovita

 
         Dentro da costumeira penumbra que sói acompanhar a apuração das votações na Federação Russa, há notícias contrastantes no que tange à eleição para prefeito de Moscou.  Enquanto o oficialismo alardeia a vitória de seu candidato, Sergei Sobianin, candidato à reeleição, o opositor Alexei Navalny – que realizou campanha pró-ativa – reclama um segundo turno.
         Com efeito, o seu desempenho foi muito superior ao que o Kremlin supusera, alcançando nos cômputos oficiais entre 29 e 32% dos sufrágios, enquanto o adversário, indicado por Vladimir Putin, teria  51,4%.
         Pela falta de acesso aos locais de apuração, assim como pelas longas interrupções na informação ao público, o processo vigente tende a ser conveniente biombo para a fraude, como se verificou em outras oportunidades.
        Sobianin, escudado no seu esquema oficialista, cuidou de não participar de qualquer debate com o perigoso e bem-articulado adversário. Certo da vitória, por motivos que estão abertos à discussão (maioria silenciosa ou apoio determinante do governo), o mais provável é que o atual prefeito seja proclamado vitorioso, com base nas contagens das urnas ditas oficiais.
           Também não se pode excluir onda de protestos dos eleitores jovens e da oposição em geral, pelo que se acredita tenha sido operação eleitoral orquestrada pelas forças do poder de V. Putin. Para que não se estenda demasiado, é igualmente assaz provável que a licença dada a Alexei Navalny, condenado em processo forjado, a cinco anos de prisão, seja oportunamente cortada, e denegado o recurso do destemido oposicionista, que assim se incluiria na lista, sempre crescente, dos presos políticos na Rússia. É uma longa relação, a incluir muita gente ilustre, como v.g. Fiodor Dostoievsky, com os tzares, e Aleksandr Solzhenitsyn, sob  Joseph Stalin.

 
Punição a al-Assad por emprego de armas químicas   

 
         Retornando do G-20 com um magro apoio dos emergentes para a planejada e pontual intervenção punitiva contra Bashar al-Assad por valer-se do emprego de armas químicas contra o próprio povo, Barack Obama apela para o Congresso.
          Segundo a sólita indecisão ou por frio cálculo – rótulos que lhe serão pespegados, de acordo com o resultado de sua operação política  -  talvez o 44º presidente não enfrente todos os dissabores que lhe são vaticinados pela mídia, mas não há negar que a sua posição política para as restantes crises do corrente ano muito dependerá do aval ou não de Senado e Câmara de Deputados.
          Se quiser obter o apoio de senadores e deputados, diante das dúvidas da opinião pública,  Obama carecerá de ser um pouco mais pró-ativo do que o habitual no seu relacionamento com senadores e deputados. Se no Senado dispõe de certa maioria (a verificar), tal não é o caso da Câmara, apesar do suporte do Speaker John Boehner (e da própria líder da minoria Nancy Pelosi), onde não lhe faltam encarniçados inimigos.
           Podendo optar por lançar tomahawks por conta própria – como era o hábito de Bill Clinton – e preferindo não fazê-lo, inventando à última hora (para desconcerto dos seus auxiliares na Casa Branca) a consulta ao Congresso, forçoso será reconhecer que foi ele mesmo quem inventou a possibilidade de um algoz no Capitólio.
           Se ganhar a parada, sai reforçado. Mas se perder...

 

(Fontes: International Herald Tribune, Folha de S. Paulo, O Globo )

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