domingo, 29 de setembro de 2013

Colcha de Retalhos A 35

                               

        O pífio Superavit Fiscal de agosto
    
         Enquanto outras economias se recuperam, para nós há uma chuva de índices ruins. Em agosto, a economia para o pagamento dos juros da dívida (superávit primário) despencou, e o Tesouro fechou o mês com tão somente R$ 87 milhões, que é o pior resultado já registrado para a série histórica, iniciada com o Plano Real em 1997.

        Para que se tenha idéia da fraqueza deste índice, anunciado pelo Secretário do Tesouro Arno Augustin, em julho o superávit primário foi de  R$ 3,8 bilhões.

        Apesar do otimismo oficial – que é de regra – fica difícil atingir em 2013 a meta de R$ 110,9 bilhões ou 2,3% do PIB, eis que o superávit primário acumulado do ano está em R$ 38,5 bilhões (redução  de 28,2% sobre igual período em  2012).

 
        Queda na Avaliação de Obama

 
        A performance do Presidente Barack Obama tem sido avaliada negativamente pela opinião pública americana. No resultado de conjunto, 49 % desaprovam a sua gestão e 43% a aprovam.
        Essa avaliação se deve a diversos itens, em que a atuação presidencial não convence o povo americano: política exterior, aí incluídos a Síria e o Irã; a economia estagnada; a assistência sanitária; e o déficit orçamentário.  

        Estas notas negativas do desempenho presidencial são as piores em dois anos.

        Passada a vitória  em 2012, os maus índices do Presidente têm uma série de causas, das quais uma parcela é atribuível ao 44º presidente. Persiste, ainda que de forma mitigada, o seu problema de comunicação.  Semelha forçoso reconhecer que em certos aspectos Obama transmite ao eleitor uma sensação de distanciamento (aloofness), aliada a uma certa falta de espírito combativo.
        Barack Obama não é exatamente um Harry Truman em termos de pugnacidade quanto à oposição republicana. A sua tendência à exagerada circunspecção acaba por transmitir impressão de fraqueza, que nem sempre corresponde à realidade.

        Tome-se, por exemplo, a sua indecisão no que tange à crise síria. Depois dos ires-e-vires – que chegaram a consternar a respectiva assessoria na Casa Branca – Obama acabou por optar por uma resposta pouco afirmativa (pedir ao Congresso autorização para uma ação limitada – lançamento de míssil Tomahawk -  para a qual Bill Clinton jamais necessitara solicitar aprovação congressual).  Por outro lado, pareceu inferiorizado em seu embate com o presidente Vladimir Putin,  a quem, na prática, cedeu a iniciativa diplomática.

         Quanto à estagnação da economia, com a paralisia em Washington, dado o domínio por um GOP radical (e que, na prática, contesta a legitimidade de Obama), não há muito o que fazer.

        Agregada a irresponsabilidade da facção do Tea Party (que controla ou desestabiliza o Speaker John Boehner) no que tange à chantagem por causa da elevação do teto da dívida fiscal, fica-se esperando uma atitude mais firme e resoluta do Presidente. Se depende dos energúmenos da Câmara – que parece não darem maior importância em provocarem o fechamento de parte importante do Governo, além do comprometimento do crédito internacional dos Estados Unidos – o que se espera de Obama, é que demonstre clara e insofismavelmente o seu repúdio a tais práticas falimentares.

         Quanto à lei da Assistência Sanitária Custeável (ACA), de que a oposição raivosa do GOP chama de Obamacare, e de que deseja retirar os fundos (já aprovados pelo Congresso), o povo americano (56%) prefere que Senado e Câmara apoiem como é devido o seu funcionamento.  Por sua vez 38% da sociedade quer que os recursos legais sejam negados à Assistência Sanitária.

        Se é difícil mudar o temperamento de alguém – e Obama  semelha ter certa dificuldade em atuar de forma enérgica – seria importante que agisse tendo presentes antigos residentes na Casa Branca. A indecisão – para não falar de timidez – pode ter resultados desastrosos na próxima eleição intermediária. Oportunamente me ocuparei de o que significou para a política americana o comportamento de Obama no primeiro biênio do primeiro mandato. Muitos dos males que ora enfrenta – a começar pelo controle  da Casa de Representante por uma facção extremista – advêm da eleição de 2010.

        Nova repetição daquela catástrofe política  teria efeitos que iriam muito além da atual difícil governabilidade imposta a Barack H. Obama.

 

(Fontes:  O  Globo, International Herald Tribune )

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