O pífio Superavit Fiscal
de agosto
Enquanto outras economias se recuperam, para nós há uma chuva de índices ruins. Em agosto, a economia para o pagamento dos juros da dívida (superávit primário) despencou, e o Tesouro fechou o mês com tão somente R$ 87 milhões, que é o pior resultado já registrado para a série histórica, iniciada com o Plano Real em 1997.
Para que se tenha idéia da fraqueza
deste índice, anunciado pelo Secretário do Tesouro Arno Augustin, em julho o superávit
primário foi de R$ 3,8 bilhões.
Apesar do
otimismo oficial – que é de regra – fica difícil atingir em 2013 a meta de R$ 110,9
bilhões ou 2,3% do PIB, eis que o
superávit primário acumulado do ano está em R$ 38,5 bilhões (redução de 28,2% sobre igual período em 2012).
Queda na Avaliação de
Obama
A performance do
Presidente Barack Obama tem sido avaliada negativamente pela opinião pública
americana. No resultado de conjunto, 49
% desaprovam a sua gestão e 43%
a aprovam.
Essa avaliação
se deve a diversos itens, em que a atuação presidencial não convence o povo
americano: política exterior, aí
incluídos a Síria e o Irã; a economia estagnada; a assistência sanitária; e o déficit orçamentário. Estas notas negativas do desempenho presidencial são as piores em dois anos.
Passada a vitória em 2012, os maus índices do Presidente têm uma
série de causas, das quais uma parcela é atribuível ao 44º presidente.
Persiste, ainda que de forma mitigada, o seu problema de comunicação. Semelha forçoso reconhecer que em certos
aspectos Obama transmite ao eleitor uma sensação de distanciamento (aloofness), aliada a uma certa falta de
espírito combativo.
Barack Obama
não é exatamente um Harry Truman em
termos de pugnacidade quanto à oposição republicana. A sua tendência à
exagerada circunspecção acaba por transmitir impressão de fraqueza, que nem
sempre corresponde à realidade.
Tome-se, por
exemplo, a sua indecisão no que tange à crise síria. Depois dos ires-e-vires – que chegaram
a consternar a respectiva assessoria na Casa Branca – Obama acabou por optar por uma
resposta pouco afirmativa (pedir ao Congresso autorização para uma ação
limitada – lançamento de míssil Tomahawk
- para a qual Bill Clinton jamais
necessitara solicitar aprovação congressual).
Por outro lado, pareceu inferiorizado em seu embate com o presidente
Vladimir Putin, a quem, na prática, cedeu a iniciativa diplomática.
Quanto à
estagnação da economia, com a paralisia em Washington, dado o domínio por um
GOP radical (e que, na prática, contesta a legitimidade de Obama), não há muito
o que fazer.
Agregada a
irresponsabilidade da facção do Tea Party (que controla ou desestabiliza o
Speaker John Boehner) no que tange à chantagem por causa da elevação do teto da
dívida fiscal, fica-se esperando uma atitude mais firme e resoluta do
Presidente. Se depende dos energúmenos da Câmara – que parece não darem maior
importância em provocarem o fechamento de parte importante do Governo, além do
comprometimento do crédito internacional dos Estados Unidos – o que se espera
de Obama, é que demonstre clara e insofismavelmente o seu repúdio a tais
práticas falimentares.
Quanto à lei
da Assistência Sanitária Custeável (ACA), de que a oposição raivosa do GOP
chama de Obamacare, e de que deseja retirar os fundos (já aprovados pelo
Congresso), o povo americano (56%) prefere que Senado e Câmara apoiem como é
devido o seu funcionamento. Por sua vez
38% da sociedade quer que os recursos legais sejam negados à Assistência
Sanitária.
Se é difícil
mudar o temperamento de alguém – e Obama
semelha ter certa dificuldade em atuar de forma enérgica – seria importante
que agisse tendo presentes antigos residentes na Casa Branca. A indecisão –
para não falar de timidez – pode ter resultados desastrosos na próxima eleição
intermediária. Oportunamente me ocuparei de o que significou para a política
americana o comportamento de Obama no primeiro biênio do primeiro mandato.
Muitos dos males que ora enfrenta – a começar pelo controle da Casa de Representante por uma facção
extremista – advêm da eleição de 2010.
Nova repetição
daquela catástrofe política teria
efeitos que iriam muito além da atual difícil governabilidade imposta a Barack
H. Obama.
(Fontes: O
Globo, International Herald Tribune )
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