Dilma Rousseff chegou na manhã de 23
de setembro, a New York, para o seu discurso de hoje, em que o Brasil, conforme
a tradição, abre os trabalhos da AGNU. Para a 68ª. Assembléia Geral das Nações
Unidas, veio acompanhada de três ministros: o novo chanceler, Luis Alberto
Figueiredo, e os dois ministros mais próximos da corte, o amigo Fernando Pìmentel
e o atual favorito e factótum, Aloizio Mercadante.
Dilma se
ocupará, em sua alocução, da espionagem sofrida e proporá regulação
internacional da atividade. Segundo consta, teria ouvido o conselho de seu
marqueteiro, João Santana, para que cancelasse (ou adiasse sine die), a visita programada à Casa Branca. Gostaria de crer que
tal não fosse a razão determinante, pois questões de estado não deveriam ser
instrumentalizadas para fins eleitoreiros.Em Manhattan, a presidenta teria recebido o apoio de Cristina Kirchner, no que tange à questão em tela. Por outro lado, e presumivelmente por motivos análogos, não haverá a reunião habitual com o Presidente dos EUA. Ao que consta, Barack Obama não mencionará o assunto em seu discurso, que se segue ao de Dilma Rousseff.
Nesse sentido, a presidenta estaria ainda considerando se fica – ou não – no plenário da AGNU para ouvir a intervenção de Obama.
Não interessa ao Brasil – e nem a Washington – estremecimentos entre os dois maiores países das Américas. Como os leitores do blog terão presente, penso que a reação brasileira à invasiva penetração nas comunicações do Planalto e alhures de parte da NSA (Agência de Segurança Nacional estadunidense) deve processar-se em outros planos, que em nada se assemelham a tais inócuas reclamações divulgadas pela imprensa.
Saindo da vazia retórica, típica de Terceiro Mundo, passaríamos para esforço diligente e sustentado de criação de condições para que esse tipo de programada intrujice topasse com dificuldades crescentes de obtenção de dados. Se não investirmos em segurança, todas as nossas comunicações oficiais continuarão pasto da bisbilhotice funcional da NSA e entidades congêneres.
Se não queremos virar motivo para piadinhas de mau gosto, não devemos jogar para a arquibancada – nem esperar dela o apoio que não terá condições de dar – e sim contrariarmos o dito célebre atribuído ao general de Gaulle (que se afigura ainda tristemente relevante) – ‘o Brasil, não é um país sério’.
Os assuntos de segurança não pertencem à esfera de marqueteiros eleitorais. Nem é aconselhável inseri-los em polêmicas e motivos de muxoxos, e esfriamento de relações.
Decerto, nos faríamos mais respeitar se tratássemos de criar condições para dificultar e se possível inviabilizar essas indiscrições invasivas e programadas. Em meio de tantos aspones, cuidemos de formar um núcleo sério para medidas que, dentro de nossas possibilidades tecnológicas, reduzam, no que nos diga respeito (é quase impossível eliminar) esta participação tão descarada quanto, por ora, inarrestável dos múltiplos instrumentos da superpotência em termos de coleta de informação.
Por uma vez, enfrentemos com determinação, abrangência e – me perdoem a repetição! - seriedade a um desafio dessa natureza.
(Fonte: O Globo on-line)
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