Carolina do Sul: vitória de Gingrich
O moderado Mitt Romney, segundo seus partidários, terá cometido uma quota excessiva de erros na disputa das primárias da Carolina do Sul. O principal equívoco foi a própria relutância em tornar públicas as suas declarações de imposto de renda.
Contrariando os conselhos de muitos deles, como o governador de New Jersey, Chris Christie, Romney disse preferir mostrá-las por volta de quinze de abril (esta é a data limite de sua entrega pelo Internal Revenue Service - IRS[1]).Dispondo a princípio de folgada dianteira de mais de dois dígitos sobre Newt Gingrich, o ex-governador de Massachusetts viu a respectiva vantagem transformar-se, em notável reviravolta, em derrota bastante clara.
Com efeito, computados 95% dos sufrágios, Newt Gingrich teve 40%, Romney 27% , o ex-Senador e católico do Opus Dei, Rick Santorum 17%, e o deputado libertário Ron Paul 13%.
A Carolina do Sul é estado conservador, e a sua primária tem bastante prestígio no GOP. Segundo as estatísticas, desde 1980 todo republicano que venceu esta primária conseguiu também arrebatar a nomination do partido pela Convenção. Não há negar, portanto, o valor dessa suposta ‘escrita’, embora, como dizia Armando Falcão, o futuro a Deus pertence. Será necessário esperar até Tampa para ver se tal fato será confirmado.
De qualquer modo, para quem já era apresentado por muitos como o front runner[2] e quase virtual ganhador da designação partidária, Mitt Romney sai assaz chamuscado das urnas da Carolina do Sul. As inserções de publicidade negativa planejada pelos correligionários de Gingrich – com ênfase na perda de empregos causada pelo capitalismo predatório de Romney, à frente de empresas de Wall Street como a Bain Capital - terão feito estragos nas fileiras do milionário pré-candidato, em uma Carolina do Sul às voltas com elevada taxa de desemprego.
Tampouco Mitt caíu na votação por falta de tentativas. O antagonista Newt Gingrich não está exatamente acima de qualquer suspeita. Dessarte, o campo do moderado Romney mandou para a sede da campanha de Newt um bolo ‘comemorativo’ do décimo quinto aniversário da censura que foi infligida ao ex-Speaker pela Câmara de Representantes além de uma multa de US$ 300 mil, pela violação de parte de Newt Gingrich de uma regra ética.
Malgrado não haja conseguido ser informado por que regra Gingrich foi forçado a renunciar à cadeira na Câmara, o seu rival da Nova Inglaterra tentou uma nova linha de ataque, i.e., cobrando informações sobre a ‘consultoria’ exercida por Newt na agência de hipotecas Freddie Mac. Esse emprego, que lhe foi mimoseado por George Bush júnior, lhe teria rendido polpudos dólares, embora não esteja esclarecido que tipo de parecer haja sido elaborado por Gingrich.
Na verdade, o ex-Speaker (e líder do Contrato com a América) que rendera ao GOP a maioria no Congresso nos anos noventa, durante a presidência do democrata Bill Clinton, tem um passado que é tentador para os seus adversários.
Nesse sentido, contudo, Newt Gingrich parece assinalar-se por uma incrível capacidade de resistir a tais ataques, o que o levou a ser ora cognominado como um verdadeiro Rasputin, dada a notória dificuldade encontrada pelo cúmplices do príncipe Iussupov em assassinar o monge siberiano.
Comparações históricas à parte – e não se deve esquecer que apesar de sua resistência física Rasputin acabou morrendo – a oratória de Newt Gingrich o fez sobressair nos dois debates da primária da Carolina do Sul, inclusive pelo ensejo proporcionado pela inepta pergunta do ‘moderador’ da CNN, acerca de sua alegada proposta (à segunda esposa) no que tange a relações com o que seria a sua terceira (e atual) companheira.
A disputa agora se transfere para a Flórida. Por enquanto, Romney semelha ter uma certa vantagem no estado do ex-governador Jeb Bush. Este, aliás, negou que estivesse aderindo à pré-candidatura de Mitt Romney.
Enquanto os outros dois candidatos - R. Santorum e Ron Paul – continuam a reivindicar a respectiva relevância na corrida para a nomination, a recuperação de Gingrich e o momentâneo enfraquecimento de Romney apontam para uma luta mais prolongada entre o dito conservador e ex-Speaker Newt Gingrich e o moderado ex-governador de Massachusetts, Mitt Romney.
A semana corrente ainda se distinguirá pelo discurso State of the Union[3], a ser pronunciado pelo Presidente Barack Obama perante as duas Câmaras do Congresso. Como o 44º presidente é candidatíssimo à reeleição, a sua intervenção oficial deverá enquadrar-se como um pré-lançamento da postulação à permanência por mais quatro anos na Casa Branca.
Por conta da recessão e da resposta julgada pouco satisfatória até agora de Obama, os comícios de novembro próximo estão muito em aberto. Daí, os intentos dos eventuais adversários de buscarem contrapor-se ao atual mandatário. Romney pretende antecipar-se à alocução de terça-feira, com uma intervenção na manhã desse dia, que seria apresentada como a sua versão do State of the Union.
E o ex-governador, na sua ânsia de distinguir-se de Obama (e de Gingrich) chega a planejar uma ‘resposta’ a Barack Obama na quarta-feira...
Paris procura evitar uma opção ‘militar’ contra Teerã, opondo-se nesse sentido à linha preconizada por Israel. O presidente Nicolas Sarkozy advogaria uma estratégia com duas pistas (dual track) : constranger o governo dos ayatolallahs a negociações sérias sobre o seu programa nuclear, enquanto se aplicam sanções para reduzir a principal fonte de rendas externas de Teerã.
Como a posição de Beijing e de Moscou no Conselho de Segurança inviabiliza a tomada de ulteriores medidas contra Teerã, mesmo no terreno das sanções, essa estratégia ocidental não é vista com otimismo pela França. Com efeito, construindo as suas usinas de centrífugas em túneis protegidos por maciços rochosos, o Irã tende a blindar sempre mais o seu esforço nuclear.
Dessarte, a eventual credibilidade de ameaça de retaliação a Teerã pelo seu suposto desrespeito ao Tratado de Não-Proliferação (TNP) tende a reduzir-se com o passar do tempo. Por outro lado, as negociações para a solução da crise continuam abertas, dentro de um jogo dúplice do regime iraniano.
A par de não excluir o fechamento do estreito de Hormuz, o Irã não se negaria a retornar à mesa de negociações. De parte da Turquia e da Rússia – que lhe são simpáticas – essa volta de Teerã às negociações hexa-partites é dada como certa.
Dado o comportamento anterior do governo iraniano, e de sua utilização das ‘negociações’ como meio eficaz de ganhar tempo, com vistas à suposta implementação do respectivo programa nuclear, a atitude do Ocidente tenderia para o ceticismo no que tange à serventia da retomada diplomática.
Mantida a atual situação, não é segredo para ninguém que o tempo corre a favor de Teerã. A tática ocidental poderá atrasar o avanço do alegado desígnio do regime iraniano, mas o pessimismo francês terá fundamento pela evolução do quadro geral.
( Fontes: CNN, International Herald Tribune )
Um comentário:
O partido Republicano tem se mostrado uma verdadeira "colcha de retalhos".Nestas alturas da disputa eleitoral é muito difícil acertar um palpite quanto ao candidato que chegará até o final sem ser derrubado por alguma calúnia.
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