A reação do Irã
Há certa perplexidade no que concerne a interpretação a ser dada à reação do governo iraniano diante da intensificação das sanções financeiras cristalizada pela assinatura de Barack Obama à nova legislação de sanções mais severas no campo das exportações de petróleo.
O comportamento militar de Teerã tem sido definido como errático ou volátil, dadas as ameaças implícitas em suas demonstrações militares, muitas das quais parecem mais relevar da fanfarronada do que de atitudes pensadas e sopesadas.Disparar mísseis na área do estreito de Ormuz como advertência não há de impressionar muito à superpotência. Como é sabido, a 5ª Frota dos Estados Unidos tem a sua base naval no Golfo Pérsico, a que o dispositivo militar dos ayatollahs, em termos de eventual ameaça, só pode representar um passageiro incômodo, suscetível de ser prontamente eliminado.
Nem sempre as lanças levantadas e o tinir das espadas são capazes de afetar a postura do adversário. Muita vez a pletora de gestos – lançamento de mísseis de médio alcance, fabricação de bastões (rods) nucleares, anúncio de manobras em pontos nevrálgicos – deve ser interpretada mais como propaganda de viés interno, de o que tentativa de intimidação para uso externo.
O problema nesse tipo de política supostamente para inglês ver é de a postura vir a ser interpretada internamente como refletindo realidade - o que em termos de sua capacidade de influenciar ou controlar o comportamento do antagonista tende decididamente para zero.
E será nesse tipo de atitude que reside o maior perigo: acabar acreditando no que é feito mais para exorcizar as respectivas dúvidas internas do que para intimidar o alegado inimigo.
Dando início ao ano eleitoral americano, que culminará nos comícios de terça-feira, 6 de novembro, se realizam hoje os caucus em Iowa. Desta feita, não concernem ao Partido Democrata – em 2008, Iowa lançou Barack Obama, jovem senador pelo Illinois como sério concorrente para a designação partidária, desestabilizando a então favorita Hillary Clinton. Sem contestação, a participação de Obama será apenas nominal.
A luta está no G.O.P., em que, em torno dos 25% estáveis do candidato Mitt Romney, vem girando as contestações dos demais, em sucessivos antagonismos, que os erros, presentes ou passados dos interessados (Rick Perry, Herman Cain, Newt Gingrich) têm jogado no limbo. Desta vez, os adversários maiores de Romney seriam Ron Paul e Rick Santorum. Se anteriormente tais pré-candidatos patinavam com apoios de um dígito, um extenso trabalho nos condados desse estado do meio-Oeste terá rendido surpreendentes dividendos.
Por outro lado, a propaganda negativa contra o anterior líder, o ex-Speaker Newt Gingrich, terá rendido efeito, pois, em termos de pretéritos comportamentos pouco recomendáveis, o antigo fautor do Contract with America [1]semelha dificilmente igualável com os seus rivais.
Quanto aos demais (Michele Bachmann, Rick Perry) já tiveram os seus quinze minutos de notoriedade.
Por isso,muitos aventam o palpite de que Iowa será um não-evento, na medida em que os seus resultados não serão determinantes para a ainda longínqua designação para a chapa republicana.
Pode ser. Mas será relevante acompanhar o desempenho de Mitt Romney. Infenso à maioria da militância republicana, ele se tem sustentado até o presente como a alternativa para o GOP. Se mantiver os 25% habituais, terá sobrevivido à prova. O problema seria um resultado decepcionante.
(Fontes: CNN e International Herald Tribune)
[1] Contrato com a América – a plataforma que ensejou a eleição de maioria de deputados republicanos em 1994 para a Câmara de Representantes.
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