quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Notícias do Front 3

                                        
O Atoleiro Sírio

          Há seis meses Bashar al-Assad não discursava na televisão síria. Para quem assistiu a mensagem, o ditador sírio continua como os antigos Bourbon de França. Além de nada esquecer de o que pensa lhe seja devido, ele tampouco nada aprendeu com o desenvolvimento da revolução contra o respectivo regime.
          Para Bashar tudo não passaria de terrorismo e de sabotagem, obviamente orquestrada fora do país. Malgrado os mais de cinco mil mortos no levante, al-Assad voltou a declarar jamais  haver seu governo autorizado atirar contra civis.
           Trata-se para o presidente sírio apenas de terrorismo. Nesse sentido, comparou o levante atual com a revolta islamita contra seu pai, Hafez al-Assad, ocorrida em fins dos setenta e princípios dos oitenta. Como se sabe, essa sublevação foi sufocada com o massacre na cidade de Hama, que pode ter vitimado cerca de vinte mil habitantes.
          A ira do senhor Assad também se dirige para a Liga Árabe e a sua missão, a que imputa o propósito de isolar o seu país.
         A delegação da Liga Árabe tem sofrido ataques de manifestantes pró-governamentais e também supostamente de opositores de Assad. Como este não se considere responsável pela segurança da missão, torna-se difícil comprovar a origem de tais investidas contra delegação que, conforme a regra, deveria estar sendo protegida pelo governo acreditado, no caso o próprio presidente Bashar al-Assad.
         O caráter sangrento da sublevação corre o risco de tornar-se ainda pior, porque, malgrado minoritário em termos de apoio internacional, Bashar continua a dispor dos convenientes vetos da República Popular da China e da Federação Russa. A ditadura chinesa e o regime autoritário russo não vê razão para permitirem sanções mais pesadas do Conselho de Segurança das Nações Unidas no que concerne ao presente governo em Damasco.
        Para Susan Rice,  embaixadora dos Estados Unidos junto às Nações Unidas, “já passou da hora” de que o Conselho de Segurança aja com relação à Síria. Bashar, por sua vez, joga no apodrecimento da crise e na supressão manu militari do levante. Segue no capítulo a cartilha de seu pai, o general al-Assad. O que resta determinar é se o herdeiro ocasional do poder alauíta tem a têmpera do progenitor, e a capacidade de perdurar no mando por meio da aglutinação dos diversos segmentos que porventura se sintam ameaçados pelo levante democrático.


A segunda primária de Mitt Romney

       Embora a vitória do ex-governador de Massachusetts Mitt Romney estivesse prevista, a vantagem por ele obtida quanto aos demais concorrentes foi um pouco maior de o que era esperado. Com 40% dos votos, Romney sai reforçado da Nova Inglaterra para a próxima primária, no estado da Carolina do Sul. Marcada para o dia 21, há ainda tempo suficiente para provar – ou não – que a dianteira nos dois pequenos estados será confirmada pelos republicanos deste estado sulista.
         O próprio Newt Gingrich, original de um estado vizinho, a Georgia, reconhece a relevância do ensejo. Como referido anteriormente, o antigo Speaker da Câmara deverá contar com a artilharia de acusações contra o front runner Romney, como capitalista de Wall Street especializado na compra de empresas e na sua revenda, uma vez despedidos diversos de seus empregados. É esse tipo de publicidade negativa que Mitt terá exacerbado, quando em recente discurso afirmou gostar de ter o poder de demitir. Ontem, Gingrich ficou entre os últimos, com 10% dos sufrágios.
         Desta feita, o segundo colocado foi o libertário deputado Ron Paul, do Texas. De acordo com a sua radical ideologia, ele prega o demonte do Federal Reserve Bank, o que traria de volta o regime de banqueiros sem banco central. Preconiza, outrossim, consoante o velho isolacionismo americano – à custa superado por FDR diante da ameaça da Alemanha nazista – com a retirada do exército estadunidense de todas as suas bases estrangeiras. Os recentes dissabores americanos – que tem alimentado todos os comentários sobre o alegado declínio – estariam por trás do apoio de 23% dos eleitores de New Hampshire a uma posição política que pelo sua heterodoxia deteria poucas possibilidades de concorrer para a conquista da designação de candidato presidencial pelo GOP.
        Em terceiro lugar, como antecipado, foi do ex-governador do Utah, Jon Huntsman, com dezessete por cento dos votos. Huntsman é um conservador moderado, que até o presente não figurara entre os preferidos das prévias, embora  costume impressionar pela relativa sensatez de suas opiniões.
        Os últimos colocados em New Hampshire (Santorum com 9%  e Rick Perry, com 1%) acenam com a reação futura. Se não se afirmarem, como dizem esperar, estarão em breve destinados à cesta do malogrados.



( Fontes: Folha de S. Paulo, CNN )

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