Mitt Romney é o favorito nas primárias de New Hampshire. Dada, no entanto, a circunstância de que a sua base política – Massachusetts – é vizinha desse pequeno estado, que ele vem cultivando desde muito, Romney não ignora que a sua eventual vitória deve ser expressiva, se deseja sinalizar uma trajetória de potencial ganhador da designação da candidatura presidencial pela Convenção na Flórida.
Jon Huntsman, ex-governador de Utah e ex-embaixador, e Ron Paul, o deputado pelo Texas são os mais bem colocados nas pesquisas. Até o presente, Huntsman impressiona pela seriedade, mas não pela boa colocação nas prévias nacionais. Por sua vez, o libertário Ron Paul, pelo seu extremo conservadorismo, recebe apoio consistente. Não parece ter qualquer possibilidade de empolgar a ‘nomination’, mas deve ser tratado com luvas de pelica, para que não se lance em postulação alternativa, o que prejudicaria o candidato oficial, que perderia votos à direita, assim como Ralph Nader tirou votos de Al Gore nos comícios de 2000.Respondendo à básica desconfiança nas alas conservadoras do GOP, Newt Gingrich – que no carrossel das primárias ocupara uma breve liderança - recebeu substancial apoio financeiro para tentar desestabilizar a pré-candidatura do ex-governador de Massachusetts. Parecendo entrever maiores possibilidades para o ex-Speaker republicano para atalhar o caminho de Romney, a ofensiva de anúncios políticos negativos deverá ser incrementada.
O grupo de apoio de Gingrich lançará campanha pela mídia, em que Mitt Romney será atacado como um capitalista predatório, que destruíu empregos e comunidades. O principal pré-candidato republicano – que se jacta de criar empregos (ao invés, segundo assevera, do presidente Obama) – se descobre assim atacado pela retaguarda, como o antigo chefe de firma de Wall Street, a Bain Capital. Como o êxito de Romney na citada firma na verdade se teria construído com muitas dispensas de pessoal, além do fechamento de sucursais, os seus rivais republicanos – o governador Rick Perry também segue linha similar – intentam desconstruir a aura de empresário bem-sucedido, que Romney busca consolidar.
Como Newt Gingrich, pelos seus alegados passados deslizes tampouco se assinale como um político imune às investidas de ‘fogo amigo’, o presidente Barack Obama – que é o único candidato à designação Partido Democrata – só terá a ganhar com essa direcionada artilharia contra o atual front-runner dos republicanos.
Esse contra-ataque dos partidários de Gingrich seria devido à publicidade negativa custeada por um grupo pró-Romney. Assim, nas seguintes primárias da Carolina do Sul, a 21 de janeiro, uma das inserções de propaganda partidária vai incluir entrevistas emotivas com pessoas que ficaram desempregadas em companhias adquiridas e depois vendidas pela Bain Capital, dentro de um molde infelizmente bastante comum de parte de empresas acionárias de Wall Street.
O acirramento nessa campanha intestina no Partido Republicano se deve à inquietude de grupos conservadores, que temem antecipada consolidação da posição de Mitt Romney na disputa pela indicação na próxima Convenção de Tampa, na [1]Flórida.
Nessa disputa fratricida – basta observar o número de líderes mais à direita com que as bases do GOP tem em vão (por ora) procurado barrar o avanço de Romney – a preocupação do rank and file republicano se situa precipuamente menos no eventual contendor escolhido pelo partido, do que em evitar ser Mitt Romney o indicado, por julgá-lo oportunista e com posições pouco confiáveis para a maioria do GOP.
Por enquanto, portanto, essas batalhas intrapartidárias constituem um lenitivo para a Administração Barack Obama. Quanto tempo durará essa trégua vai depender e muito do resultado desse combate.
Se e quando consolidada a candidatura republicana, os canhões do GOP voltarão a alvejar o presidente em exercício.
( Fonte: International Herald Tribune )
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