quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Notícias direto do Front

                                    
Resultado dos caucus em Iowa

       Dos 28 delegados de Iowa, pela apuração ainda não concluída, os três primeiros colocados ficam com sete cada um. Mitt Romney superou o ultraconservador Rick Santorum por oito votos apenas (30.015 a 30.007), o que equivale a parcelas de 25%. Foram seguidos pelo libertário Ron Paul, com 26.219 sufragantes, e 21% do total. Newt Gingrich, com 13%, tem dois delegados, o mesmo que Rick Perry, com 10%.  Michele Bachmann (5%) e  Jon Huntsman (1%) saem com as mãos abanando.
       Conforme se antecipara, Iowa não emitiu nenhuma mensagem conclusiva no que tange aos três principais candidatos. Assim, Romney ‘vence’ por oito votos, sem alterar a sua quota habitual. Continua, assim, a ser o default candidato, aquele que na falta de outro melhor, será o ungido pela Convenção na Flórida.
       Por sua vez, o ex-Senador Santorum vê premiado o esforço de visitar  todos os condados desse estado do meio-Oeste.  Se não é o suficiente para torná-lo  front runner[1], tal lhe confere,contudo, alguma credibilidade, até a próxima primária em New Hampshire.
     Quanto ao libertário[2] Ron Paul, deputado pelo Texas, com 76 anos de idade, já foi por duas vezes pré-candidato presidencial, e dispõe de sólida, se bem que minoritária corrente de apoio. Próximo ao Tea Party, Paul não tem chance de lograr a designação pela Convenção, mas carece de ser tratado com muito cuidado pela direção partidária, para que não decida lançar postulação independente, o que prejudicaria o candidato do GOP.
     Quanto aos demais pré-candidatos, os dois da rabeira (a deputada Michele Bachmann e Jon Huntsman) entram na chamada faixa da desistência, em que a falta de perspectivas de sucesso seca os eventuais recursos, e torna quase inelutável a saída da disputa. No que concerne a Newt Gingrich e Rick Perry, antigos líderes do pelotão, adentram a área amarela.  
      No campo democrata, o Presidente Barack H. Obama não teve adversários e terá levado todos os delegados. Iowa, como se sabe, constitui uma rósea lembrança para Obama – aí superou a então favorita Hillary Clinton. Para quem enfrenta situação de todo diversa em 2012, as primárias democratas, à falta de antagonistas, pouco significam para o Presidente em funções. O desafio se situa não só na sua capacidade de manter a corrente tendência ascendente nas prévias (ora giram em torno de 45%), mas também em mostrar-se superior ao rival republicano.
      Pelo seu comportamento no primeiro mandato, dissiparam-se as esperanças messiânicas de grande parte do eleitorado, que não viu nele nesses três anos muita change (mudança) quanto ao estamento dominante. Resta determinar se Obama e os democratas conseguirão conter a desilusão de jovens e não-tão jovens em totais que permitam-lhe a vitória nos comícios de novembro próximo.


As greves selvagens nos serviços públicos

        Dentre as inúmeras lacunas deixadas pela Constituição Cidadã, uma das mais gritantes em termos de falta de regulamentação é a consubstanciada pelo seu artigo 37, inciso VII.[3] Ele determina que se formule lei de greve no serviço público. Até o momento, esse mandamento não foi atendido, o que torna extensas áreas suscetíveis de apelar para greves selvagens em serviços públicos essenciais, como os médicos e de segurança (policial e bombeiros).
      Indolente e ineficiente – tanto por auto-limitação de horas laborativas, quanto por supostas conveniências políticas – o Congresso não tem respondido a essa urgência (que incongruamente assim perdura por mais de vinte anos). Por isso o público se pode descobrir sem qualquer proteção policial e/ou médica, em áreas que o mínimo bom senso (e respeito pela própria função) impõe a continuidade do atendimento.
     A atual greve de policiais e bombeiros em Fortaleza – malgrado a injunção da Justiça pela volta ao trabalho – é mais um exemplo de irresponsabilidade profissional, agravada no caso pelos danos a patrimônio público (com o evidente intuito de inviabilizar qualquer ação responsável).
     Cruzando os braços e deixando a comunidade exposta à ação dos bandidos, tais corporações não mostram muita diferença no comportamento em relação àqueles a que são jurados defender e salvaguardar a população.
      Talvez – como no caso da Ficha Limpa e da Lei Complementar nr. 135 (que se augura seja restabelecida prontamente pelo Supremo) – caberia também aqui criar um movimento popular de coleta de firmas para enviar projeto de Lei Complementar que termine com esse escândalo no que tange à greve em serviço essenciais. Se o Congresso das quartas-feiras não tem tempo, nem vontade de atender a urgente mandamento constitucional, é mais do que tempo que a opinião pública elabore um projeto de lei de iniciativa popular, nos termos da própria Constituição, para regulamentar esse tema, de tão grande e claro interesse social.



( Fontes: CNN, Folha de S. Paulo, O Globo )  



[1] o corredor da frente do pelotão.
[2] significa, no vocabulário político americano, quem advoga um estado mínimo, poucos impostos e orçamento equilibrado, além de marcado isolacionismo em política externa.
[3] V. artigo  de João Camilo Penna, publicado em O Globo, de 30 de março de 2009, que foi objeto de blog.

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