Dada a rotina observada na denúncia – em geral cabe à revista Veja a iniciativa, embora em dois casos (Antonio Palocci, do P.T. e Pedro Novais, do PMDB) a primeira bandarilha no touro sacrificial foi colocada pela Folha de S. Paulo – estaríamos diante de uma colaboração informal, entre a imprensa e o Poder Executivo.
Decerto, nada haverá de acordado, mas, considerações éticas à parte, é um modelo espontâneo, que interessa a ambos. Assim, através de suas denúncias – e só para não deixá-las esquecidas, nos Transportes, o Dnit, com Luiz Antônio Pagot e o próprio Ministro Alfredo Nascimento (PR), na Agricultura, com Wagner Rossi (PMDB), e nos Esportes, Orlando Silva (PCdoB)- a revista Veja e a Folha, ao prestarem um serviço à Presidenta Dilma Rousseff, tampouco deram um tiro no pé no que concerne à respectiva circulação.
Agora, o figurino se repete, com o Ministro Carlos Lupi, que já figurava na lista dos ministros ameaçados por esse peculiar bilhete que não é azul, nem branco, mas que sói prenunciar uma sequela acidentada, seguida do voluntário pedido de exoneração.
Existem aqueles que mais resistem. No capítulo – e de todos era o de maior peso político terá sido Palocci, justamente quem mais tardou em entender que a luzinha no fundo do túnel não era outra coisa senão a da jamanta que o levaria de roldão – o cerimonial não varia muito.
Há outros ministros que estão nessa fila, como o das Cidades, Mario Negromonte (PP). Como quer que o chamemos – procedimento, modelo, figurino – a iniciativa parte sempre da imprensa, que desenvolve o veio investigativo, de resto praticado nos Estados Unidos e na França, e vai transformar-se em água para o moinho do Planalto.
Completada a primeira parte, eis que a Presidenta da República – a qual supostamente de nada sabe – principia a mexer os pauzinhos, enquanto prossegue a fritura da autoridade objeto da denúncia.
Por vezes, tal processo, como no do latinista Pedro Novais, apadrinhado por José Sarney, tem a rapidez do rastilho de pólvora. Em outros, como no do PCdoB e seu militante Orlando Silva, as denúncias mentirosas de que nos fala o presidente Renato Rabelo acabam por carregar o valeroso ministro.
Como será o ordálio do Ministro Carlos Lupi ? Dificil de prever. Sua Excelência não dá a aparência de ser muito popular no respectivo partido, cuja legenda instrumentaliza nos programas da propaganda obrigatória. Ao contrário da praxe dos demais, deve achar imprescindível a respectiva imagem, palavra e mensagem, a tal ponto a ocupa nas inserções televisivas. Desta feita, admitiu dividi-la com os seus companheiros, mas o único que fala é ele, enquanto dos demais apresenta mudas efígies, que passam com a rapidez de um carrossel.
Quanto ao apoio que terá de Dilma Rousseff, a revista Veja publica no seu último número foto em que o deferente Ministro Lupi literalmente beija a mão presidencial. O problema está no desconforto palaciano do quadro, com a Chefa da Nação com o rosto sério, voltado para ponto indefinido mas longe da curvada efígie ministerial.
Para um áugure romano, não seria um quadro auspicioso.
Mas obviamente tudo será impressão decorrente da imperícia do fotógrafo. Como a imprensa pode ser desajeitada e inconveniente! Sem dúvida alguma o ministro Carlos Lupi, do Trabalho (e presidente licenciado do PDT) continua prestigiado.
( Fontes: Veja, Folha de S. Paulo e O Globo )
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