A candidatura Mitt Romney
Como já foi referido neste blog, Mitt Romney, o ex-governador de Massachusetts, é quem mais provávelmente baterá chapa contra o Presidente Barack Obama em 6 de novembro de 2012. Ao contrário do punhado de rivais, como o governador do Texas Rick Perry, o empresário afro-americano Herman Cain, o veterano Newt Gingrich, e a líder do Tea Party Michele Bachmann – todos eles tiveram os seus quinze minutos de notoriedade e chegaram a encabeçar o pelotão – Mitt Romney logra manter um apoio médio de um quarto do total dos sufrágios.
O mais experiente dos concorrentes republicanos, não cometeu erros até agora (ao contrário de seus rivais), dispõe da melhor organização, e já recebeu apoios importantes, como o do governador de New Jersey, Chris Christie. Apesar de falado como possível representante da linha conservadora do GOP, Christie preferiu endossar a candidatura de Romney.Talvez característico do presente estado do Partido Republicano será a resistência de suas bases à postulação do ex-governador de Massachusetts. Mitt é mais contestado pelas alas à direita do partido republicano pelo seu suposto trânsito político, o que na opinião dos simpatizantes do Tea Party e dos ultra-conservadores deporia contra ele. Desconfiam de sua alegada moderação, que pode sinalizar futuras traições ao ideário do conservadorismo à outrance,[1] vale dizer que os radicais direitistas duvidam da firmeza de suas convicções quanto à diminuição do Estado, redução dos impostos (máxime os da camada afluente), e repulsa da reforma da saúde (que a direita pretende derrubar na Suprema Corte).
Mitt, que não mede esforços em agradar tais correntes, já renegou a reforma da saúde instituída no seu estado de Massachusetts e por ele negociada com a maioria democrata da assembleia estadual. No caminho de Damasco, terá sido fulminado pela conscientização do erro em sancionar a tal reforma – que é popular no seu estado – diante da virulenta negação nacional pelo Tea Party do que pejorativamente denominam o Obamacare, i.e., a reforma da saúde aprovada pelo Congresso democrata em 2010.
A par desses alegados defeitos – se insanáveis, ou não, caberá às primárias determinar – existe um terceiro senão, que seria a de sua religião mórmon. Esta seita, fundada por Joseph Smith no século XIX, preconiza a poligamia, e se estabeleceu inicialmente no estado de Utah, no oeste estadunidense. O preconceito religioso que fora exorcizado pela candidatura do católico Jack Kennedy em 1960, não encontraria similar no mormonismo, dadas as menores dimensões do credo, mas representaria sempre uma certa barreira para o eventual candidato, posto que o relativo efeito se afigure marginal.
O profissionalismo do candidato Mitt Romney, a sua maior experiência, além do suporte organizacional de uma campanha que tentara os primeiros passos na eleição de 2008 – quando os republicanos escolheram John McCain e, como vice, a incógnita Sarah Palin (que até o presente se tem mantido fora da disputa) – apontam para a probabilidade de que o ex-governador do Massachusetts venha a ser, mesmo que a contragosto da ala radical, o candidato do Grand Old Party[2].
No entanto, a estabilidade da candidatura de Mitt Romney não é um produto do acaso. Mitt tem sabido contornar os arrecifes e as armadilhas da série de debates que vem expondo o grupo de pretendentes à designação partidária. Há erros ou omissões garrafais. Herman Cain, o bem-sucedido empresário negro, levantou o véu de sua considerável ignorância em termos de política externa, ao confundir a Líbia com a atuação dos talibãs (fora dos debates, Cain também coleciona acusações de acosso sexual, que lhe são lançadas por brancas e louras).
Cain, contudo, não tem o monopólio das gafes. Rick Perry, que tivera um início esfuziante, tem sinalizada uma sólida ignorância nos encontros televisivos. A mais gritante de todas foi o silêncio de quase um minuto, em que não logrou citar as três agências governamentais que se propunha abolir. Por sua vez, a deputada Michele Bachmann, a querida do Tea Party, que fora uma das líderes nas prévias do Iowa, cometeu a calinada histórica de asseverar que os autores da celebrada Declaração de Independência (tão prezada pelas inclinações originalistas de seu Movimento) haviam procurado pôr fim à escravidão.
Não se vá dizer que o Partido Republicano tem o monopólio das gafes. Malgrado a contribuição involuntária de George W. Bush nesse sentido, esses equívocos são comuns a ambos os dois grandes partidos (se bem que, no caso em tela, exista muito pouco interesse em reivindicar o espírito bipartidista). De qualquer forma, muitos democratas cometeram erros garrafais no passado – alguns dos quais sepultaram as respectivas campanhas – e nesse contexto não é inapropriado recordar que o Senador Barack Obama certa feita assegurou que já visitara 57 estados (a União americana tem cinquenta).
Nos exercícios das prévias, Mitt Romney havia sido o único pré-candidato republicano que nas consultas aos eleitores superara, por estreita margem, o único candidato democrata até o momento, que é o presidente em exercício. Se atualmente as inconstantes polls[3] apontam para ligeira vantagem de Obama, Mitt continua a ser havido como o provável representante do GOP.
É bem verdade que em termos de popularidade Hillary Clinton (cujos índices de aprovação pairam no setenta por cento), se colocada pelas prévias como suposta candidata do Partido Democrata, venceria com folgada vantagem a qualquer rival republicano. Infelizmente, há um grande número de democratas arrependidos – sem falar dos independentes - do próprio erro em acreditar nas promessas de Change[4] de Barack Obama, mas em política, com em outras atividades, é inútil chorar sobre o leite derramado.
A Somália constitui o maior exemplo do chamado estado-fracassado. A falta de um estado viável, decorrente do fracasso do governo de Siad Barre, se traduziu em verdadeira anarquia, que no caso não é conceito teórico defendido por doutrinadores da ausência estatal, como propugnada no século XIX por Pierre Joseph Proudhon, na França, e por Mikhail Bakunin, na Rússia czarista.
Iniciada por Bush senior, intervenção sob a égide das Nações Unidas, foi continuada por Bill Clinton. Sem embargo, a presença de tropas americanas naquele país seria abortada pelo morte de fuzileiros – em 3 e 4 de outubro de 1993 pereceram 18 soldados americanos, com 78 feridos. A imagem do cadáver do Ranger americano arrastado pelas ruas empoeiradas de Mogadishu chocou a opinião pública americana, que exigiu a pronta saída das tropas, para evitar o incompreensível sacrifício de seus soldados em países como a Somália.O presidente Clinton atento ao sentir do povo americano não tardou em atender-lhe a exigência, pondo fim na prática ao “multilateralismo afirmativo”, que presidira à ação de duas administrações – a de Bush senior, e a de Clinton.
Entende-se, por isso, que o desembarque em 2007 no decrépito aeroporto de Mogadish dos primeiros pelotões da União Africana tenha sido saudado com ceticismo pelos observadores internacionais.
Sem embargo o esforço africano, quatro anos depois, transmite uma outra impressão. Com um efetivo de cerca de dez mil soldados, o contingente parece estar ganhando a guerra.
Há muito ainda por fazer. O surto de pirataria marítima que infesta as costas da Somália e o oceano índico só poderá ser extirpado se as bases terrestres dessa provecta expressão do banditismo internacional – com que já lidaram no Mediterrâneo os romanos e mais tarde os soberanos de França e Espanha – puderem ser efetivamente eliminadas.
O principal inimigo seria o al-Shabab, que está ligado ao al-Qaida, e que tem alternado atividades de guerrilha com terrorismo citadino, dentro da brutal lógica da intimidação e do desrespeito às convenções estatais. Recente operação do Quênia invadiu a faixa sul da Somália, no intento de perseguir facções do al-Shabab especializadas em sequestros além-fronteira, como o da tetraplégica francesa Marie Dedieu, que pensava viver em segurança dentro do Quênia. Por falta de medicação, seria uma das vítimas desses celerados, mal-disfarçados pelo transplantado sectarismo do movimento terrorista da al-Qaida.
Interessante notícia em Suplemento da Folha
Precedida pelos subtítulos “Corinthians tem mais uma vitória no STJD, que não puniu o time no Brasileiro”. E o artigo assim começa: “ O Corithians não tem do que reclamar do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) que tanto aparece nos momentos decisivos do Campeonato Brasileiro. O tribunal adiou o julgamento do atacante Emerson, que estava marcado para ontem (22 de novembro). Na prática, garantiu a escalação do corintiano no duelo contra o Figueirense, domingo, em Florianópolis.
“Pode ser o jogo do título, caso o Corinthians (líder com 67 pontos) vença e o Vasco (vice, 65) não consiga ganhar do Fluminense (62).”
Se a notícia em tela estivesse em um jornal carioca, como O Globo, se poderia insinuar influência regionalista. Mas como interpretar a assertiva pela Folha de S. Paulo, que é sediada na Paulicéia ? Será que é infundado o temor de que existe favorecimento do Corinthians, se a própria Folha o afirma e de forma nada sutil ?
2 comentários:
ELEIÇOES AMERICANAS
É com muita preocupação que vejo, pelos dados da tua matéria, o crescimento do Partido Republicano. Não tenho mais paciência, nem tolerância com o conservadorismo geral dos americanos. Parecia que o Obama poderia mudar, alanvacar uma mudança mais estrutural nesta nação. Mas pesou e não conseguem engolir um "negro"conduzindo reformas que mexem com os interesses dos poderosos. Sei que não vais concordar, mas a classe média brasileira também não suportou ver um operário "pobre e ignorante" governando o Brasil.
Tudo isto me deixa muito desanimada.
sMuito agradeço o teu comentário, e entendo perfeitamente a tua preocupação. Realmente, o Partido Republicano cresceu nas pesquisas, e acredita ter boas possibilidades nas eleições de novembro de 2012. Deve ser dito, no entanto, que boa parte desse crescimento se deve ao primeiro biênio de Obama na presidência, em que, por uma série de fatores, não esteve em condições de responder à enorme confiança que lhe foi posta pelo Povo americano. Há indícios de uma reação democrata, e vamos augurar que tal seja possível, e que Obama logre vencer o seu principal adversário, que como já referi é ele próprio
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