A dezesseis de maio a Folha de S. Paulo publicava reportagem com denúncia de enriquecimento de patrimônio, através de atividade de consultoria, ao Ministro Antonio Palocci, então o poderoso Ministro-Chefe da Casa Civil.
A despeito de aturada luta, o Ministro Palocci acabaria caindo. Malgrado a denúncia houvesse sido arquivada pelo Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, enfraquecido politicamente Palocci optaria por solicitar à Presidente da República, a sua exoneração que foi, de resto, prontamente aceita. Ser apeado do poder por causa de um escândalo político, não constituía para Palocci experiência nova. Não obstante as comprovadas qualidades na gestão do ministério da Fazenda, Antonio Palocci teve de voltar à planície por motivo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. Exonerado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 27 de março de 2006, em plena crise do mensalão, Palocci refaria o caminho de volta em quatro anos, através de assessoria hábil, discreta e eficiente, na campanha de Dilma Rousseff à presidência.
Há praticamente quatro meses do artigo que iria derrubar o Ministro-Chefe da Casa Civil, a Folha reserva o canto superior direito de sua primeira página para nova denúncia, dirigida esta agora ao Ministro Pedro Novais, titular do Turismo.
A exemplo da iniciativa pregressa, a acusação se refere à alegada improbidade administrativa cometida antes que o deputado Novais assumisse a pasta do Turismo.
Consoante reporta a Folha “de 2003 a 2010, Pedro Novais (PMDB) pagou sua governanta com dinheiro da Câmara. (...) Doralice Bento de Sousa recebia como secretária parlamentar, apesar de cozinhar e organizar o apartamento do então deputado.(...) O ministro afirmou, por meio de sua assessoria, que Doralice trabalhou até dezembro como secretária parlamentar. Ele não respondeu por que a servidora passava os dias no apartamento funcional.”
Considerado como uma nomeação na quota do Presidente do Senado, José Sarney, Pedro Novais, deputado pelo Maranhão, por seis legislaturas integrou o chamado baixo clero. A sua atuação como Ministro do Turismo não tem tido particular realce. Assim, não teve, ao que consta, audiência privada com a Presidente, e só assinou um ato oficial, regulamentando a classificação hoteleira no país.
Antes de assumir, ganhara notoriedade como ‘ministro do motel’ – “o Estado de S.Paulo revelou que Novais usou R$ 2.156 da cota parlamentar para pagar despesas de um motel em São Luís, em junho de 2010” (Sua Excelência devolveria o dinheiro aos cofres públicos).
Na sua passagem até o presente no Turismo, há a registrar a prisão de seu Secretário-Executivo, Frederico Costa, por operação da Polícia Federal (além do número dois, oito integrantes do Ministério foram presos).
No contexto dos ministros do primeiro gabinete de Dilma Roussef, os quatro anteriores que não mais estão na excelsa companhia tinham perfil diferente do titular da pasta do Turismo: Antonio Palocci, Alfredo Nascimento, Nelson Jobim e Wagner Rossi.
Cabe agora à Presidente – que semelha não gostar do termo faxina – decidir se deve ou não reter os serviços desse servidor do estado. Como indicação de linha futura, Dilma Rousseff declarara que ‘isso não é Roma antiga’. No caso em tela, fica complicado determinar se tais oraculares anúncios são aplicáveis a ele, e em que sentido.
Há dois pontos que poderiam servir de eventual sinalização: a deputada Jaqueline Roriz foi absolvida – em votação secreta – pelo fato de que o ilícito (receber caixa-dois) ocorrera antes da presente legislatura (o Ministro Novais, que nega qualquer irregularidade, antes de assumir a ministrança, exonerou Doralice de Souza de suas funções de secretária parlamentar).
A validade do segundo tópico fica entregue aos humores da senhora Presidente: é que o ministro Novais tem uma queda por citações latinas. Resulta difícil, contudo, neste último caso, determinar se a implicação latina funciona contra ou a favor.
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