quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Notícias do Front (XV)

                                 

Gabinete recordista

           Não há exemplo na história republicana de tantas demissões por suspeita de corrupção. Com Pedro Novais, do Turismo, são quatro. Somadas estas baixas a uma exoneração por incompatibilidades de gênio – Nelson Jobim – temos cinco, que é uma marca incrível. Sobretudo em se tratando de governo que foi empossado em primeiro de janeiro. Em apenas oito meses e meio, é um record que merece exame das causas.
          Dilma Rousseff, que deve a presidência à Luis Inacio Lula da Silva, não tinha condições de montar um gabinete próprio, com gente de sua indicação e preferência.
         O seu antecessor emplacou diversos ministros importantes. Desses, Alfredo Nascimento caíu vítima do escândalo do DNIT e Wagner Rossi, da desenvoltura de um lobista e de viagens em excesso em jatinhos de empresa de agronegócio.
         Por denúncia da Folha de S. Paulo, caíram dois ministros. Por aí findam as semelhanças. Enquanto o primeiro é Antonio Palocci,então  o todo-poderoso Chefe da Casa Civil, o segundo, um ex-deputado, que militara no baixo clero e encetara a carreira ministerial sob os ecos de despesas de motel - a princípio   incluídas  na sua cota de parlamentar – injetou um percentual acintoso de verbas turísticas nesse grande polo do turismo nacional e internacional que é o Maranhão do Vice-Rei José Sarney, teve detido o seu número dois no ministério (operação Voucher da P.F.). Além das dotações, assinou um único ato oficial (o guia hoteleiro do Brasil). Quanto a despachos com a Presidente, se cingem a dois: na chegada e na partida.
        A faxina, em se sustenta a popularidade de Dilma, é vista com maus olhos pelo PT pelo que a atividade implica. Vale dizer, a herança maldita do Presidente Lula. A gente se pergunta  porque só agora caem ministros que vem do gabinete anterior. A resposta é simples : em decorrência de iniciativas de Dilma (Transportes) e de sua negativa em acobertar escândalos (Agricultura). O caso de Palocci é sui generis, a sua queda consumiu mais tempo pela importância do personagem, mas ao final Dilma lhe retirou igualmente a escada.   
       Se a ínsita fraqueza de Pedro Novais apressou bastante o processo, cumpre notar que o seu sucessor, indicado também pelo PMDB (depois de vencida a relutância do líder Henrique Eduardo Alves (RN) que buscara salvar o insalvável) é o deputado dito ficha-limpa Gastão Vieira, também do PMDB, do Maranhão, e ... correligionário do Senador José Sarney.


Bandidos de motocicleta em Ipanema

       A três de setembro o jovem arquiteto Romulo Tavares foi interceptado na entrada de seu edifício por dois bandidos (V. blog A Tragédia de um Arquiteto). A rua é de muito movimento, mas infelizmente mais de veículos do que de pedestres. Barbaramente assassinado, sucedeu-se a reação costumeira da Polícia Militar. Ao abandono anterior, no dia seguinte houve até blitz diurna na Prudente de Morais, em quarteirão vizinho ao do crime. Também declarações da PM à imprensa, com promessas de ações nos bairros de Ipanema e Leblon, e de incremento dos efetivos policiais.  
       Nada contra as blitzes, a realização de campanha sustentada contra a criminalidade, incluindo a singularização de motociclistas e de seus macabros ajudantes.
       O que de nada serve é que depois de tanta movimentação e entrevistas policiais, tudo volte a ficar na mesma, vale dizer ausência de patrulhas, sem falar, é óbvio, de blitzes.
      Corrobora esse retorno à negligência precedente – Deus cuidará da segurança – que em quarteirão da mesma rua, vem a repetir-se outro assalto de motociclistas. Enquanto o carro espera que o vigia abra o portão – são onze e meia da noite de ontem – um dos bandidos bate no vidro, mandando o motorista entregar  o automóvel.
      Felizmente, a perda foi só material. Sem falar na raiva decerto sentida, acirrada pela audácia dos criminosos, que atuam com a virtual certeza de impunidade.
     No ar, fica a pergunta: quando serão presos os bandidos que as UPPs lançaram nas ruas, à cata de atividades alternativas nas largas faixas do crime ?

( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )

Um comentário:

Luiz Felipe disse...

"Não há exemplo na história republicana de tantas demissões por suspeita de corrupção." Ora, meus parabéns, meu caro Mauro, pela, pelo menos sugerida, conclusão de que nunca foi tão determinado o combate a corrupção. Pena que apenas sugerida.
Isso, porque tenho certeza, embora não conste do texto, que você bem sabe que a corrupção não é, nem no Brasil nem no mundo, uma invenção do século XXI.
Uma interessante pesquisa, aliás, seria sobre os motivos de nunca, antes do governos do PT, ela ter sido tão visível e evidente.
Tenho certeza que, com sua imparcialidade, você saberá esclarecer este ponto.
Abraço,
Felipe