Recordo-me na minha juventude de ler os comentários de coluna do Correio de Manhã que, nos anos cinquenta, era o jornal de maior importância e penetração no Rio de Janeiro.
Jornalista encarregado dos assuntos municipais do então Distrito Federal acolhia nessa coluna reclamações de moradores e populares sobre diversos problemas da Mui leal e heróica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Como o Senhor há de intuir, a pauta de temas da coluna era bastante vasta. Buracos em logradouros públicos, defeitos no calçamento de ruas, passeios mal conservados, defeitos em semáforos, bueiros entupidos, e, entre outras, a ubiqua falta d’água que naquele tempo constituía grave transtorno para os habitantes, e que Carlos Lacerda, quando governador da cidade, criaria as condições da solução de longo prazo.
A coluna, como há de depreender, era verdadeira litania de queixas. Em desespero, cansados dos ouvidos moucos do Excelentíssimo Senhor Prefeito e de seus auxiliares (na época o Prefeito do Distrito Federal era nomeado pelo Presidente da República), os cariocas escreviam ou telefonavam para a redação do Correio, para fazer a queixa. Em geral, o jornal mandava alguém examinar o local, e tirar a foto correspondente, quando fosse cabível.
As reclamações eram muitas e a proporção dos problemas atendidos, das soluções, costumava ser bastante inferior. De qualquer maneira, quando o poder público dava jeito em determinada situação, a coluna cumpria o agradável dever de consignar nas páginas do prestigioso matutino a ação corretora das autoridades, e, se possível, com a respectiva foto comprobatória.
Senhor Prefeito,
já o senhor há de perguntar-se aonde quero chegar. Pois o meu intuito está dentro da linha daquela antiga, hoje esquecida coluna, de jornal já desaparecido.
Hoje, atravessando a Praça General Osório, passei pelo Chafariz das Saracuras, de Mestre Valentim. Qual foi minha surpresa ao deparar o espelho despojado da água poluída e estagnada que não só o enfeiava, senão constituía potencial risco à saúde pública.
O espaço circular ora está seco e limpo, livre das águas maltratadas que lhe davam impressão de abandono.
Não sei se a intervenção é da véspera ou de data mais atrasada. Pela aparência, não creio que tenha muitos dias.
Todo o demais, no entanto, é de pouco interesse. Importa, sim, registrar o agradecimento, a exemplo de o que fazia – e há tantos anos atrás – o jornalista do Correio da Manhã, então nas vestes de ombudsman dos cariocas, preocupado em tapar buracos e reparar as mazelas de cidade bastante menor do que a atual.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
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