O GLOBO – 28.10.2008
O ‘feriadão’ do segundo turno. A análise aprofundada dos dados das zonas eleitorais do Rio de Janeiro mostra com meridiana clareza quão bem-sucedido foi o expediente utilizado pelo governador Sérgio Cabral para beneficiar o seu candidato, Eduardo Paes. Semelha difícil não caracterizar o recurso empregado pelo governador como utilização indevida da máquina estatal, com o aparente intúito de favorecer a Paes, em uma eleição que se anunciava árdua e disputada voto a voto. Dentre os especialistas consultados pelo jornal O GLOBO, “o professor de ciência política do Iuperj Luiz Werneck Vianna diz acreditar que o feriado antecipado para os servidores estaduais e federais pode ter ajudado na vitória do peemedebista. Perguntado se achava que a antecipação do feriado tinha sido uma tática do governador Sérgio Cabral, aliado de Paes, Vianna respondeu que ‘é difícil pensar o contrário’.” Também o professor de ciência política da PUC-Rio, Ricardo Ismael, aposta na tese: “Os votos em branco e nulos caíram para 5%, mas aumentou a abstenção. Quem viajou pode ser alguém que ficou órfão no segundo turno, que anularia o voto se tivesse ficado porque não sabia em quem votar, mas também pode ter sido o eleitor de Gabeira. O que chama a atenção é que a abstenção foi maior onde Gabeira foi mais bem votado. Numa disputa voto a voto, faz diferença.” (meu o grifo)
A ausência de 927.250 eleitores cariocas, em meio ao feriado prolongado decretado pelo governador, além de representar um incremento de 107.157 votos a menos em relação ao primeiro turno, é sem dúvida o resultado agregado de múltiplas causas, dentre as quais deve ser infelizmente computada a alienação de muitos eleitores, que parecem não terem atentado para a publicidade realizada pelo TRE no primeiro turno, que enfatizava a relevância do voto, lançado em um dia, mas com efeito de quatro anos.Se os percentuais da abstenção aumentaram de 17,91% para 20,25% no segundo turno, é importante se ter presente que “as maiores abstenções foram nas zonas eleitorais do Centro (26,34%), da Zona Sul (26,11%) e da Grande Tijuca (22,14%), três regiões que registraram o melhor desempenho do candidato derrotado, Fernando Gabeira (PV).”
Mutatis mutandis, o que o patrocinador-mor da campanha de Eduardo Paes fez tem uma inegável semelhança com as tentativas do Partido Republicano nas diversas circunscrições dos EUA de procurar impedir, através de várias artimanhas, nos dias de eleição o afluxo às urnas de eleitores afro-americanos, com o manifesto propósito de prejudicar o(s) candidato(s) do Partido Democrata, no qual a comunidade negra vota maciçamente.
Assim, a ‘derrota’de Gabeira não resulta da vontade do eleitorado carioca, mas sim de um artifício condenável – que afastou muito mais de 55 mil eleitores de Gabeira – e que, desse modo, tornou possível a vitória do candidato Eduardo Paes.
Volta, portanto, data venia, a insistente pergunta: acaso não implica a decretação da antecipação do feriado em emprego abusivo da máquina estatal, com o óbvio desígnio de prejudicar ao candidato F. Gabeira e, por conseguinte, favorecer o seu contendor ? E por que o T.R.E. , a despeito de nota editorial em jornal da cidade denunciando a prática, não julgou oportuno intervir ?
terça-feira, 28 de outubro de 2008
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Eduardo Paes, o novo porta-voz da velha Coalizão
Em sua primeira entrevista, Eduardo Paes, computados os resultados, “dedicou a vitória ao governador e ao presidente Lula”. Permita-me, senhor prefeito-eleito, uma pequena correção. Se procede o agradecimento ao governador Sérgio Cabral, o grande artífice de um árduo triunfo, seria melhor que omitisse a menção ao Presidente da República, que, na verdade a par de prestar-se a um embaraçoso vídeo e constrangedora foto, nada fez por sua candidatura. Bem agiu, ao invés a Primeira Dama, ao recusar o perdão de um pedido, feito à undécima hora.
Estou de acordo, contudo, com o senhor quando dedica a ‘vitória’ ao Governador Cabral. Pois ele, além de descobri-lo como candidato, tudo fez para criar condições que ensejassem o abraço perante as câmeras, documentado pelos jornais.
Convenhamos, sr. Paes, foi uma difícil caminhada, e a magreza extrema da vantagem obtida pode ser entendida como sinalizadora do caráter decisivo das ‘ajudas’ que o hábil Cabral soube produzir de sua mágica cartola.
Com efeito, o pupilo de Cabral venceu com diferença de 55 mil votos (1,66% de vantagem) sobre o contendor Fernando Gabeira, em um eleitorado de 4,5 milhões de eleitores. Foi desde o fim da ditadura militar a eleição mais apertada no Estado do Rio de Janeiro. Assinale-se que Gabeira venceu na Zona Sul (70,88%), na Zona Norte (61,61%) e no Centro (56,50%), e Paes venceu na Zona Oeste (57,26%) e no Subúrbio (54,84%). Os totais gerais foram de Paes 50,83% e Gabeira 49,17%.
Falta, entretanto, um dado, cuja importância avulta diante da tão reduzida vantagem obtida pelo candidato oficial. Reporto-me à abstenção que foi de 20,24% no segundo turno, contra os 17,91% do primeiro turno. A que se deveria atribuir tal inchação do absenteísmo, em um país de voto obrigatório, senão ao prestimoso auxílio do governador Cabral, que antecipou o ponto facultativo do feriado do servidor público? E a sua iniciativa foi coroada de êxito, provocando, de resto, abstenções maiores na Zona Sul (25%) e menores, veja só, na Zona Oeste, com 17%. Parece que o diligente governador Cabral tem a suspeita de não ser excessivamente amado pelo funcionalismo público estadual, e, por isso, terá gentilmente afastado eleitores que presumia fossem sufragar o candidato opositor.
Se a campanha de Fernando Gabeira inovou, privilegiando o eleitor, trazendo mensagem ética de mudança e de seriedade, o governador Cabral e o seu pupilo preferiram o calejado modelo de uma grande frente do atraso, imantada apenas pela sede de poder, não obstante a pletora de suas contradições.
Não nos fortalece a confiança no futuro saber que a grande frente do atraso saiu uma vez mais vitoriosa. Parabéns ao deputado Picciani, coordenador nos últimos dias da campanha, ao vereador Elton Babu, eleito pelo PT e acusado de envolvimento com milícias, ao também vereador-eleito (pelo PSDC) Claudinho da Academia, com reduto na favela da Rocinha, a Jandira Feghali, a derrotada candidata pelo PCdoB, Marcello Crivella (apesar de ser o “candidato do coração do Presidente Lula”) com o seu cimento social, e a muitos outros, na grande coligação encabeçada pelo PMDB, essa grande frente eleitoreira que se considera partido, e o PT,PP, PR, PTB e outros mais que como dizia o finado Ibrahim Sued ficam na geladeira.
Não poderia terminar estas observações a respeito da campanha que poderia fazer história e infelizmente não o fez – considerar a campanha de Gabeira como ungida por uma vitória política pode ser até verdade, mas, para mim, soa como prêmo de consolação – desejaria reservar uma palavra final para o T.R.E. Se bem agiu na organização e na rápida e eficiente computação dos votos, o T.R.E. não pôde lidar satisfatoriamente com o sistemático uso pela campanha de E. Paes de recursos contestáveis e mesmo ilegais na propaganda eleitoral. Nas palavras de Danuza Leão, “a avidez de Eduardo Paes me lembra Cesar Maia”, e a utilização por seus cabos eleitorais e partidos aliados de panfletos apócrifos contra o candidato Gabeira, o emprego dos telões do Maracanã e a propaganda explícita no dia da eleição em templos religiosos configuram tanto crimes eleitorais quanto emprego indevido da máquina estatal. Como se tudo isso não bastasse, cabe a pergunta por que o T.R.E. nada fez para desmontar ou desmascarar a atrevida manobra de decretar a antecipação de um feriado, com claros mas inconfessáveis objetivos, que desmerece de uma data de eleição, conquistada no passado pela luta e o sacrifício de muitos.
Estou de acordo, contudo, com o senhor quando dedica a ‘vitória’ ao Governador Cabral. Pois ele, além de descobri-lo como candidato, tudo fez para criar condições que ensejassem o abraço perante as câmeras, documentado pelos jornais.
Convenhamos, sr. Paes, foi uma difícil caminhada, e a magreza extrema da vantagem obtida pode ser entendida como sinalizadora do caráter decisivo das ‘ajudas’ que o hábil Cabral soube produzir de sua mágica cartola.
Com efeito, o pupilo de Cabral venceu com diferença de 55 mil votos (1,66% de vantagem) sobre o contendor Fernando Gabeira, em um eleitorado de 4,5 milhões de eleitores. Foi desde o fim da ditadura militar a eleição mais apertada no Estado do Rio de Janeiro. Assinale-se que Gabeira venceu na Zona Sul (70,88%), na Zona Norte (61,61%) e no Centro (56,50%), e Paes venceu na Zona Oeste (57,26%) e no Subúrbio (54,84%). Os totais gerais foram de Paes 50,83% e Gabeira 49,17%.
Falta, entretanto, um dado, cuja importância avulta diante da tão reduzida vantagem obtida pelo candidato oficial. Reporto-me à abstenção que foi de 20,24% no segundo turno, contra os 17,91% do primeiro turno. A que se deveria atribuir tal inchação do absenteísmo, em um país de voto obrigatório, senão ao prestimoso auxílio do governador Cabral, que antecipou o ponto facultativo do feriado do servidor público? E a sua iniciativa foi coroada de êxito, provocando, de resto, abstenções maiores na Zona Sul (25%) e menores, veja só, na Zona Oeste, com 17%. Parece que o diligente governador Cabral tem a suspeita de não ser excessivamente amado pelo funcionalismo público estadual, e, por isso, terá gentilmente afastado eleitores que presumia fossem sufragar o candidato opositor.
Se a campanha de Fernando Gabeira inovou, privilegiando o eleitor, trazendo mensagem ética de mudança e de seriedade, o governador Cabral e o seu pupilo preferiram o calejado modelo de uma grande frente do atraso, imantada apenas pela sede de poder, não obstante a pletora de suas contradições.
Não nos fortalece a confiança no futuro saber que a grande frente do atraso saiu uma vez mais vitoriosa. Parabéns ao deputado Picciani, coordenador nos últimos dias da campanha, ao vereador Elton Babu, eleito pelo PT e acusado de envolvimento com milícias, ao também vereador-eleito (pelo PSDC) Claudinho da Academia, com reduto na favela da Rocinha, a Jandira Feghali, a derrotada candidata pelo PCdoB, Marcello Crivella (apesar de ser o “candidato do coração do Presidente Lula”) com o seu cimento social, e a muitos outros, na grande coligação encabeçada pelo PMDB, essa grande frente eleitoreira que se considera partido, e o PT,PP, PR, PTB e outros mais que como dizia o finado Ibrahim Sued ficam na geladeira.
Não poderia terminar estas observações a respeito da campanha que poderia fazer história e infelizmente não o fez – considerar a campanha de Gabeira como ungida por uma vitória política pode ser até verdade, mas, para mim, soa como prêmo de consolação – desejaria reservar uma palavra final para o T.R.E. Se bem agiu na organização e na rápida e eficiente computação dos votos, o T.R.E. não pôde lidar satisfatoriamente com o sistemático uso pela campanha de E. Paes de recursos contestáveis e mesmo ilegais na propaganda eleitoral. Nas palavras de Danuza Leão, “a avidez de Eduardo Paes me lembra Cesar Maia”, e a utilização por seus cabos eleitorais e partidos aliados de panfletos apócrifos contra o candidato Gabeira, o emprego dos telões do Maracanã e a propaganda explícita no dia da eleição em templos religiosos configuram tanto crimes eleitorais quanto emprego indevido da máquina estatal. Como se tudo isso não bastasse, cabe a pergunta por que o T.R.E. nada fez para desmontar ou desmascarar a atrevida manobra de decretar a antecipação de um feriado, com claros mas inconfessáveis objetivos, que desmerece de uma data de eleição, conquistada no passado pela luta e o sacrifício de muitos.
sábado, 25 de outubro de 2008
Eleições para Prefeito no Rio - F.Gabeira x E.Paes
Amanhã, 26 de outubro, acontecerá a eleição para prefeito no Rio de Janeiro. O embate entre Fernando Gabeira x Eduardo Paes promete um resultado apertado, com divergências entre três institutos de opinião (Datafolha, vantagem numérica para E. Paes, Ibope, empate e um terceiro, citado por Gabeira, com vantagem para este último). A campanha eleitoral realizada pela coligação de partidos que apóia a Paes não trepidou em recorrer a expedientes questionáveis, e, dentre esses, ressalta a antecipação para segunda-feira, 27, pelo Governo do Estado, do ponto facultativo que comemora o dia do servidor público. A manobra, com intúito de criar um feriadão e assim aumentar as abstenções do segundo turno, revela a um tempo manifesto desrespeito pela data do pleito, e também a admissão de que grande parte dos servidores públicos estaduais não morre de amores pelo Governador Sérgio Cabral e seu pupilo Eduardo Paes. Continuaram, outrossim, as descobertas de panfletos apócrifos divulgados por comitês fantasmas e até pelos próprios partidos que apóiam a Paes, com acusações falsas ou tendenciosas contra o candidato Gabeira. Houve até um panfleto pago pelo PT estadual contra Gabeira importando em gasto superior à totalidade da ajuda prestada pelo PT ao seu malogrado candidato A. Molon...
Com esse pano de fundo de uma campanha agressiva, que não refuga os recursos desleais, não há de surpreender que tambem durante os debates (houve oito) entre os dois candidatos, Paes não se tenha pautado pela estrita obediência a discussão leal e séria das respectivas propostas. Nesse contexto, há dois pontos que desejaria acentuar : (a) em muitas das respostas, E. Paes semelhava um discípulo de Paulo Maluf, sistematicamente ignorando o teor da pergunta que lhe fora formulada, preferindo utilizar o ensejo para repetir acusações contra o seu contendor; (b) seguindo o exemplo de A. Garotinho (que aplicara em pergunta a Lula uma ‘pegadinha’, através de obscura sigla administrativa) tanto no debate da Record, quanto no da Globo, Paes se valeu de perguntas ‘pegadinha’, não com o objetivo de esclarecer questões, mas de colocar em dificuldade o seu adversário. Na transmissão da Record, Gabeira reconheceu o ardil e disso increpou Paes. Já na da Globo, não precisou denunciar o expediente, estando em condições de responder às questões.
Continuou por outro lado Paes a privilegiar as repetidas referências ao apoio prestado a Gabeira pelo atual Prefeito, Cesar Maia. Partindo de antiga ‘cria’de Maia, como assinalou Gabeira, tais ataques beiravam o cinismo. Nesse contexto, Gabeira julgou oportuno apontar, dentre os inúmeros apoios recebidos pelo candidato do PMDB, aquele de Jorge Babu, alegado chefe de milícias na Zona Oeste.
Dada a natureza das duas candidaturas, existe marcada diferença na linguagem, nos temas e nos métodos utilizados. Assim, de uma parte, a campanha de E. Paes – na verdade, criatura do governador Cabral (que conseguiu através de uma singular liminar do TRE até inaugurar mais uma UPA às vésperas das eleições, ocasião na qual não se furtou a acusar falsamente Gabeira de ser o autor da ação que determinara a suspensão, infelizmente temporária, da eleitoreira inauguração) - é dirigida pelo presidente da Alerj, deputado Picciani,e tem o apoio vocal da candidata derrotada do PCdoB, J. Feghali, do próprio Crivella, “candidato do coração do Presidente Lula”- consoante declaração do Vice-Presidente J. Alencar, e de outros mais, menos votados. De outro lado, e em contraposição, o candidato Fernando Gabeira continuou com os dois partidos que o apoiaram no primeiro turno (PV e PSDB), e passou apenas a contar com o apoiamento externo do DEM do prefeito Cesar Maia. Na verdade, a campanha de Gabeira, fundada na ética e em proposta de reforma dos métodos políticos, com ênfase na capacidade e na técnica, transformou-se em um verdadeiro movimento, congregando, ao invés de ativistas pagos, oito mil voluntários. Constitui, sem dúvida, testemunho irrefutável do carisma de Gabeira e de sua credibilidade a grande quantidade de intelectuais, artistas, políticos e empresários que se dispuseram a significar-lhe o respectivo apoio. Para que se tenha idéia da qualidade deste apoio, bastaria citar os nomes de Oscar Niemeyer, Marina Silva, Beto Richa, Paulo Roberto Silveira, Leonardo Boff, Caetano Velloso, Fernanda Torres, dentre inúmeros outros. É importante assinalar que tais apoios transcendem a barreiras partidárias e ideológicas, o que a lista acima demonstra.
Como carioca de muitos anos, desejo que amanhã Fernando Gabeira, pelo mérito de suas propostas, de sua mensagem, tanto de vida, quanto política, venha a ser sufragado pelas urnas. Seria virar uma página e, citando as palavras do candidato, iniciar um encontro com a história. O Rio de Janeiro, como cidade e como símbolo, há muito espera por tal oportunidade.
Com esse pano de fundo de uma campanha agressiva, que não refuga os recursos desleais, não há de surpreender que tambem durante os debates (houve oito) entre os dois candidatos, Paes não se tenha pautado pela estrita obediência a discussão leal e séria das respectivas propostas. Nesse contexto, há dois pontos que desejaria acentuar : (a) em muitas das respostas, E. Paes semelhava um discípulo de Paulo Maluf, sistematicamente ignorando o teor da pergunta que lhe fora formulada, preferindo utilizar o ensejo para repetir acusações contra o seu contendor; (b) seguindo o exemplo de A. Garotinho (que aplicara em pergunta a Lula uma ‘pegadinha’, através de obscura sigla administrativa) tanto no debate da Record, quanto no da Globo, Paes se valeu de perguntas ‘pegadinha’, não com o objetivo de esclarecer questões, mas de colocar em dificuldade o seu adversário. Na transmissão da Record, Gabeira reconheceu o ardil e disso increpou Paes. Já na da Globo, não precisou denunciar o expediente, estando em condições de responder às questões.
Continuou por outro lado Paes a privilegiar as repetidas referências ao apoio prestado a Gabeira pelo atual Prefeito, Cesar Maia. Partindo de antiga ‘cria’de Maia, como assinalou Gabeira, tais ataques beiravam o cinismo. Nesse contexto, Gabeira julgou oportuno apontar, dentre os inúmeros apoios recebidos pelo candidato do PMDB, aquele de Jorge Babu, alegado chefe de milícias na Zona Oeste.
Dada a natureza das duas candidaturas, existe marcada diferença na linguagem, nos temas e nos métodos utilizados. Assim, de uma parte, a campanha de E. Paes – na verdade, criatura do governador Cabral (que conseguiu através de uma singular liminar do TRE até inaugurar mais uma UPA às vésperas das eleições, ocasião na qual não se furtou a acusar falsamente Gabeira de ser o autor da ação que determinara a suspensão, infelizmente temporária, da eleitoreira inauguração) - é dirigida pelo presidente da Alerj, deputado Picciani,e tem o apoio vocal da candidata derrotada do PCdoB, J. Feghali, do próprio Crivella, “candidato do coração do Presidente Lula”- consoante declaração do Vice-Presidente J. Alencar, e de outros mais, menos votados. De outro lado, e em contraposição, o candidato Fernando Gabeira continuou com os dois partidos que o apoiaram no primeiro turno (PV e PSDB), e passou apenas a contar com o apoiamento externo do DEM do prefeito Cesar Maia. Na verdade, a campanha de Gabeira, fundada na ética e em proposta de reforma dos métodos políticos, com ênfase na capacidade e na técnica, transformou-se em um verdadeiro movimento, congregando, ao invés de ativistas pagos, oito mil voluntários. Constitui, sem dúvida, testemunho irrefutável do carisma de Gabeira e de sua credibilidade a grande quantidade de intelectuais, artistas, políticos e empresários que se dispuseram a significar-lhe o respectivo apoio. Para que se tenha idéia da qualidade deste apoio, bastaria citar os nomes de Oscar Niemeyer, Marina Silva, Beto Richa, Paulo Roberto Silveira, Leonardo Boff, Caetano Velloso, Fernanda Torres, dentre inúmeros outros. É importante assinalar que tais apoios transcendem a barreiras partidárias e ideológicas, o que a lista acima demonstra.
Como carioca de muitos anos, desejo que amanhã Fernando Gabeira, pelo mérito de suas propostas, de sua mensagem, tanto de vida, quanto política, venha a ser sufragado pelas urnas. Seria virar uma página e, citando as palavras do candidato, iniciar um encontro com a história. O Rio de Janeiro, como cidade e como símbolo, há muito espera por tal oportunidade.
sábado, 18 de outubro de 2008
Eleições Americanas - Obama ou McCain ?
Depois de longa pausa, retorno à campanha presidencial nos Estados Unidos (a última postagem sobre o tema havia sido em Dos Jornais XIV, a catorze de setembro p.p.). Em resultado sobretudo do agravamento da crise economico-financeira, aparentemente a posição de John McCain se enfraqueceu. À primeira vista, semelha um desenvolvimento natural, porque, por mais malabarismos que faça, McCain continuará a ser o candidato republicano à sucessão de George W. Bush, e por conseguinte resultará difícil, quase impossível mesmo, que se dissocie por inteiro da desastrosa administração de Bush júnior. É igualmente compreensível que grande parte do eleitorado prefira a economia doravante sob a gestão de um democrata, diante dos resultados do laissez faire do partido republicano, com o enfraquecimento das agências reguladoras e a ‘farra’ dos grandes executivos bancários, com polpudas remunerações e uma direção de negócios que se poderia qualificar de temerária, como se verificou na crise das hipotecas subprime (que, como se sabe, deu início à crise nos Estados Unidos e, por obra e graça da chamada globalização, se estendeu às demais bolsas mundiais).
De acordo com as últimas pesquisas – e havendo terminado o ciclo dos três debates presidenciais – o candidato Barack Obama teria uma liderança de cerca de oito pontos sobre o adversário John McCain. O próprio Obama teria recomendado a seus partidários que evitem a excessiva confiança no triunfo nas eleições de quatro de novembro. Nesse sentido, Obama encareceu a seus votantes que não sejam ‘cocky’, isto é, convencidos. Compreende-se o acerto de tal advertência, porque nada existe de mais danoso para uma empresa do que a mentalidade do ‘já ganhou’. Nós brasileiros podemos opinar a respeito.
Por outro lado, a imprensa tem assinalado o comportamento errático do candidato John McCain, mudando de tática com grande desenvoltura, muito provavelmente porque as pesquisas de opinião continuam a indicar a vantagem de Obama. A par disso, todos os três debates, segundo o parecer de pesquisas, foram vencidos pelo democrata, embora em nenhum deles tenha havido uma vitória indiscutível ou decisiva. Em outras palavras, se McCain ficou inferiorizado, nunca o foi de forma desmoralizante ou determinante. Não houve, portanto, nos debates nenhum ‘knock-out’ sofrido pelo republicano.
Diante de tudo o que precede, o leitor há de esperar que me pronuncie por uma vitória quase inevitável do candidato democrata sobre o republicano. Se a eleição de Barack Obama vem sendo ‘anunciada’ por todas as pesquisas, existem contudo alguns fatores que permanecem válidos, e que carecem portanto de serem considerados.
O deputado democrata John Murta, um veterano e respeitado congressista, veio recentemente a público assinalar que parte substancial de seu distrito eleitoral (no estado da Pennsilvania) se caracteriza por uma 'postura racista'. As declarações de Murta provocaram grande celeuma, sendo negadas por muitos eleitores daquele estado. O próprio congressista achou oportuno revê-las, atendida a iminência das eleições (como se sabe, os deputados nos Estados Unidos tem um mandato de dois anos e, por conseguinte, se devem submeter a cada eleição ao juízo de seus concidadãos). Não obstante, a circunstância de que tenha refraseado os seus comentários sobre a influência do racismo, a luz vermelha acerca de seu efeito foi acesa.
Em alguns comícios de John McCain, alguns eleitores republicanos explicitaram a sua ‘raiva’ contra o candidato democrata, que consideram um ‘árabe’, alguém que não merece postular a Casa Branca. A atitude de McCain foi nobre, ao discordar de modo inequívoco de tais posturas, porém causa espécie que tais assertivas do Senador pelo Novo México hajam merecido apupos e não aplausos. Todos nós sabemos o que pode significar esta ‘raiva’ preconceituosa da direita contra um candidato democrata qualquer que ele seja.
Por outro lado, a direita e os republicanos colocaram em pauta em grande número de estados, diversas consultas plebiscitárias, com ênfase sobretudo em tópicos como a admissibilidade da chamada Ação Afirmativa (quotas para os afro-americanos). De acordo com especialistas, a finalidade precípua de tais consultas é de fazer com que muitos eleitores reorientem o seu voto, tanto em contrário às quotas, quanto a candidatos como Obama que com elas estejam naturalmente identificados.
Dentre as ameaças para o êxito da candidatura democrata a principal será aquela consubstanciada no ‘fator Bradley’ a que já me referi (V. blog de 14 de setembro último). Determinados eleitores são seletivos nas suas informações às pesquisas eleitorais e tal se refere não só à presente fase de aferições pré-eleitorais, mas também àquelas de boca-de-urna. Eles deixam para o segredo da urna a verdade do respectivo sufrágio. Sabedores, no entanto, da causa racista de sua opção de não votar no candidato democrata, eles preferem mascará-la, seja atribuindo outros motivos à sua escolha republicana, ou a mentira nua e crua, declarando um voto pró-democrata que em realidade não existiu. No passado, muitos candidatos negros democratas viram vantagens sobre o adversário de até dois digitos ‘desaparecerem’ no trajeto das pesquisas de boca-de-urna para o veredito das urnas. Se esse dito fator Bradley equivaleria em certos cômputos a sete pontos nas pesquisas, parece evidente que será muito difícil atribuir uma mensuração exata a um elemento tão subreptício.
Conquanto desejasse pronunciar-me por uma vitória provável de Barack Obama nos comícios de quatro de novembro, infelizmente me vejo forçado, pelas considerações acima, a designá-la como possível.
De acordo com as últimas pesquisas – e havendo terminado o ciclo dos três debates presidenciais – o candidato Barack Obama teria uma liderança de cerca de oito pontos sobre o adversário John McCain. O próprio Obama teria recomendado a seus partidários que evitem a excessiva confiança no triunfo nas eleições de quatro de novembro. Nesse sentido, Obama encareceu a seus votantes que não sejam ‘cocky’, isto é, convencidos. Compreende-se o acerto de tal advertência, porque nada existe de mais danoso para uma empresa do que a mentalidade do ‘já ganhou’. Nós brasileiros podemos opinar a respeito.
Por outro lado, a imprensa tem assinalado o comportamento errático do candidato John McCain, mudando de tática com grande desenvoltura, muito provavelmente porque as pesquisas de opinião continuam a indicar a vantagem de Obama. A par disso, todos os três debates, segundo o parecer de pesquisas, foram vencidos pelo democrata, embora em nenhum deles tenha havido uma vitória indiscutível ou decisiva. Em outras palavras, se McCain ficou inferiorizado, nunca o foi de forma desmoralizante ou determinante. Não houve, portanto, nos debates nenhum ‘knock-out’ sofrido pelo republicano.
Diante de tudo o que precede, o leitor há de esperar que me pronuncie por uma vitória quase inevitável do candidato democrata sobre o republicano. Se a eleição de Barack Obama vem sendo ‘anunciada’ por todas as pesquisas, existem contudo alguns fatores que permanecem válidos, e que carecem portanto de serem considerados.
O deputado democrata John Murta, um veterano e respeitado congressista, veio recentemente a público assinalar que parte substancial de seu distrito eleitoral (no estado da Pennsilvania) se caracteriza por uma 'postura racista'. As declarações de Murta provocaram grande celeuma, sendo negadas por muitos eleitores daquele estado. O próprio congressista achou oportuno revê-las, atendida a iminência das eleições (como se sabe, os deputados nos Estados Unidos tem um mandato de dois anos e, por conseguinte, se devem submeter a cada eleição ao juízo de seus concidadãos). Não obstante, a circunstância de que tenha refraseado os seus comentários sobre a influência do racismo, a luz vermelha acerca de seu efeito foi acesa.
Em alguns comícios de John McCain, alguns eleitores republicanos explicitaram a sua ‘raiva’ contra o candidato democrata, que consideram um ‘árabe’, alguém que não merece postular a Casa Branca. A atitude de McCain foi nobre, ao discordar de modo inequívoco de tais posturas, porém causa espécie que tais assertivas do Senador pelo Novo México hajam merecido apupos e não aplausos. Todos nós sabemos o que pode significar esta ‘raiva’ preconceituosa da direita contra um candidato democrata qualquer que ele seja.
Por outro lado, a direita e os republicanos colocaram em pauta em grande número de estados, diversas consultas plebiscitárias, com ênfase sobretudo em tópicos como a admissibilidade da chamada Ação Afirmativa (quotas para os afro-americanos). De acordo com especialistas, a finalidade precípua de tais consultas é de fazer com que muitos eleitores reorientem o seu voto, tanto em contrário às quotas, quanto a candidatos como Obama que com elas estejam naturalmente identificados.
Dentre as ameaças para o êxito da candidatura democrata a principal será aquela consubstanciada no ‘fator Bradley’ a que já me referi (V. blog de 14 de setembro último). Determinados eleitores são seletivos nas suas informações às pesquisas eleitorais e tal se refere não só à presente fase de aferições pré-eleitorais, mas também àquelas de boca-de-urna. Eles deixam para o segredo da urna a verdade do respectivo sufrágio. Sabedores, no entanto, da causa racista de sua opção de não votar no candidato democrata, eles preferem mascará-la, seja atribuindo outros motivos à sua escolha republicana, ou a mentira nua e crua, declarando um voto pró-democrata que em realidade não existiu. No passado, muitos candidatos negros democratas viram vantagens sobre o adversário de até dois digitos ‘desaparecerem’ no trajeto das pesquisas de boca-de-urna para o veredito das urnas. Se esse dito fator Bradley equivaleria em certos cômputos a sete pontos nas pesquisas, parece evidente que será muito difícil atribuir uma mensuração exata a um elemento tão subreptício.
Conquanto desejasse pronunciar-me por uma vitória provável de Barack Obama nos comícios de quatro de novembro, infelizmente me vejo forçado, pelas considerações acima, a designá-la como possível.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Adeus Dunga - II
O Sr. Ricardo Teixeira deu a Dunga todas as possíveis oportunidades. Poder-se-ía pensar que depois do fiasco das Olimpíadas já tivesse mostrado a necessária resolução, encerrando procrastinações quanto à permanência de Dunga, indicando para a seleção o novo técnico, cuja vinda é reclamada por público e colunistas. A torcida voltou a cantar o Adeus Dunga, agora no Maracanã, como entoara no Engenhão, também ao ensejo de um decepcionante 0 x 0, o primeiro contra a Bolívia, e o segundo contra a Colômbia. O sr. Dunga não tem condições de montar um esquema de jogo que logre superar um ‘ferrolho’ ou uma marcação mais atenta sobre os principais jogadores do scratch ( na partida de ontem Kaká e Robinho). Temos perdido uma série de oportunidades relativamente fáceis de marcar pontos integrais em partidas caseiras, deficiências essas que podem ser sentidas no futuro, em jogos na casa do adversário. Por outro lado, o team brasileiro precisa ter um esquema tático e uma formação fundada nos melhores jogadores. Ainda que o futebol brasileiro não mais se assinale pelos craques do passado, há bons jogadores que podem formar uma equipe respeitável. O problema é que carecemos de um técnico, sr. Ricardo Teixeira ! E quanto mais cedo, melhor. Basta de indecisão e de adiamentos sem razão. Infelizmente, Dunga não serve.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Dos Jornais XXII Segundo Turno. Campanha para Prefeito
O GLOBO e FOLHA DE S. PAULO – 13.X.2008
Segundo Turno. Eleições para Prefeito.
Rio de Janeiro. A campanha eleitoral para Prefeito (Fernando Gabeira, pela última pesquisa da Datafolha, tem 43% e Eduardo Paes, 41%) entra em fase mais agressiva, em que são questionados os títulos respectivos para merecer o sufrágio dos cariocas. Assinale-se que o formato dessa campanha, por iniciativa do PMDB e de seu candidato, segue uma linha truculenta, marcada pelo negativismo. Com efeito, Eduardo Paes vem orientando a campanha – com o total apoio da estrutura do Governo do Estado – menos pela discussão de problemas a serem resolvidos, e mais na base de factóides, com orientação marcadamente negativa. Assim, tem sido repisado através de panfletos “assinados” por organizações fantasma a frase de Gabeira (retirada de seu contexto e irrelevante na sua inoportunidade) acerca da vereadora Lucinha como “suburbana”; sob a óbvia coordenação da organização política diretamente interessada foi montada em Campo Grande (com camisetas alusivas e tudo) “ato de desagravo” ao subúrbio e contrário ao candidato Gabeira. Por outro lado, a Suderj, que administra o Maracanã para o Estado, utilizou para fins políticos o telão do estádio, durante o jogo Flamengo x Atlético Mineiro, com mensagens de orgulho suburbano e pró-candidato do PMDB. Nenhuma das mensagens pró-Gabeira foi aceita pela Suderj... Surpreende no caso a ousadia e a arrogância de afrontar a legalidade e de valer-se do escancarado apoio de máquina estatal. Assinale-se a impotência do T.R.E., ao ser questionado por Gabeira pela distribuição de panfletos apócrifos de parte das partidários de Paes. A esse respeito, o chefe da fiscalização do TRE, Luis Fernando Santa Brígida, admitiu a falta de condições de impedir a distribuição dos panfletos e disse que seria preciso uma estrutura como a da Polícia Militar para coibir as irregularidades. “A gente fica num jogo de gato e rato”, disse Santa Brígida.
O apelo a esse tipo de recurso evidencia um certo nervosismo das hostes do PMDB, quanto às perspectivas de seu representante, Eduardo Paes. Não mais a alegada campanha propositiva e acima da refrega, que terá caracterizado o candidato do governador Sérgio Cabral no primeiro turno. No Debate promovido pela Bandeirantes, Paes verberou o apoio recebido por Gabeira de Cesar Maia. Após lembrar o fato de Paes ter participado das primeiras gestões de Cesar, do qual foi subprefeito e secretário municipal, Gabeira acrescentou: “Sabe quantas vezes vi Cesar Maia na vida? Umas cinco. Você é cria dele, trabalhou toda a vida com ele, e me acusa de ter o apoio de Cesar Maia. Isso é de um cinismo tão grande que você deveria ter um pouco de escrúpulo.” Por desnecessário (V. a propósito a coluna de hoje de Ricardo Noblat) o comportamento de Eduardo Paes para obter uma foto e um vídeo de apoio de Lula, para tanto submetendo-se a várias humilhações, não carece, com os seus embaraçosos pormenores, de maiores explicitações.
Seria de augurar-se que na propaganda eleitoral oficial os candidatos dessem aos eleitores a oportunidade de aquilatarem as respectivas propostas para refazer o Rio de Janeiro. Gabeira, pelo caráter ético e corajoso de suas proposições decerto não se furtará em contribuir para a elevação de nivel do debate. No entanto, se a tônica de Paes e seus auxiliares continuar a pautar-se pela orientação seguida até o presente, mesmo com a consciência de que campanhas desse jaez encerram dentro delas o gérmen corrosivo da autodestruição, não poderá o candidato Gabeira do PV evitar de colocar os pontos nos ii – e para tal, como já se terá dado conta Paes, dispõe de experiência de vida política que o torna também um respeitável adversário.
São Paulo. A candidata do PT, Marta Suplicy – que protestara no passado com a exploração de sua vida pessoal, ao separar-se de Eduardo Suplicy para casar-se com Luís Favre – agora julga oportuno inserir no horário eleitoral insinuações a respeito da vida privada de seu adversário Gilberto Kassab (DEM). Na Tevê, a insinuação se dá em comerciais, em que um locutor faz várias perguntas: “Você sabe mesmo quem é o Kassab ?” Ao final, a propaganda indaga: “Sabe se ele é casado? Tem filhos?” Não obstante o caráter dúbio das ‘perguntas’, hoje uma Marta em dificuldades eleitorais as fundamenta a pretexto de que “são direitos de informação que todo mundo tem que ter.”
De certo modo, a candidata do PT – que de repente se descobriu em desvantagem de 17 pontos, sem alianças políticas, nem outros contingentes eleitorais a agregar – segue uma linha que não difere essencialmente daquela do candidato Eduardo Paes, no Rio de Janeiro. Emprestando à própria campanha, ao encetar o debate do segundo turno, um enfoque que enjeitara no passado – daí a pergunta da Folha ‘se tal propaganda não era contraditória com a sua biografia’ – ela demonstra um nervosismo similar – e talvez maior – do que o do candidato do PMDB no Rio. Com efeito, o retrospecto lhe é contrário – nenhum candidato com tal desvantagem conseguiu revertê-la em próprio proveito – o atraso é substancial, e os apoios escasseiam. O que não há de faltar será o trabalho que dará aos advogados, para explicar no TRE a alegada pertinência desses questionamentos. Será que a atmosfera de derrota, a míngua de apoios, inclusive aqueles mais altos, que ora enfrentam problemas de agenda, tudo isso motiva a súbita mudança de postura e de nível, que de cambulhada manda à breca a dita biografia mencionada pela pauta do jornalista?
Mais respostas para tais questões na divulgação da próxima pesquisa da Datafolha...
Segundo Turno. Eleições para Prefeito.
Rio de Janeiro. A campanha eleitoral para Prefeito (Fernando Gabeira, pela última pesquisa da Datafolha, tem 43% e Eduardo Paes, 41%) entra em fase mais agressiva, em que são questionados os títulos respectivos para merecer o sufrágio dos cariocas. Assinale-se que o formato dessa campanha, por iniciativa do PMDB e de seu candidato, segue uma linha truculenta, marcada pelo negativismo. Com efeito, Eduardo Paes vem orientando a campanha – com o total apoio da estrutura do Governo do Estado – menos pela discussão de problemas a serem resolvidos, e mais na base de factóides, com orientação marcadamente negativa. Assim, tem sido repisado através de panfletos “assinados” por organizações fantasma a frase de Gabeira (retirada de seu contexto e irrelevante na sua inoportunidade) acerca da vereadora Lucinha como “suburbana”; sob a óbvia coordenação da organização política diretamente interessada foi montada em Campo Grande (com camisetas alusivas e tudo) “ato de desagravo” ao subúrbio e contrário ao candidato Gabeira. Por outro lado, a Suderj, que administra o Maracanã para o Estado, utilizou para fins políticos o telão do estádio, durante o jogo Flamengo x Atlético Mineiro, com mensagens de orgulho suburbano e pró-candidato do PMDB. Nenhuma das mensagens pró-Gabeira foi aceita pela Suderj... Surpreende no caso a ousadia e a arrogância de afrontar a legalidade e de valer-se do escancarado apoio de máquina estatal. Assinale-se a impotência do T.R.E., ao ser questionado por Gabeira pela distribuição de panfletos apócrifos de parte das partidários de Paes. A esse respeito, o chefe da fiscalização do TRE, Luis Fernando Santa Brígida, admitiu a falta de condições de impedir a distribuição dos panfletos e disse que seria preciso uma estrutura como a da Polícia Militar para coibir as irregularidades. “A gente fica num jogo de gato e rato”, disse Santa Brígida.
O apelo a esse tipo de recurso evidencia um certo nervosismo das hostes do PMDB, quanto às perspectivas de seu representante, Eduardo Paes. Não mais a alegada campanha propositiva e acima da refrega, que terá caracterizado o candidato do governador Sérgio Cabral no primeiro turno. No Debate promovido pela Bandeirantes, Paes verberou o apoio recebido por Gabeira de Cesar Maia. Após lembrar o fato de Paes ter participado das primeiras gestões de Cesar, do qual foi subprefeito e secretário municipal, Gabeira acrescentou: “Sabe quantas vezes vi Cesar Maia na vida? Umas cinco. Você é cria dele, trabalhou toda a vida com ele, e me acusa de ter o apoio de Cesar Maia. Isso é de um cinismo tão grande que você deveria ter um pouco de escrúpulo.” Por desnecessário (V. a propósito a coluna de hoje de Ricardo Noblat) o comportamento de Eduardo Paes para obter uma foto e um vídeo de apoio de Lula, para tanto submetendo-se a várias humilhações, não carece, com os seus embaraçosos pormenores, de maiores explicitações.
Seria de augurar-se que na propaganda eleitoral oficial os candidatos dessem aos eleitores a oportunidade de aquilatarem as respectivas propostas para refazer o Rio de Janeiro. Gabeira, pelo caráter ético e corajoso de suas proposições decerto não se furtará em contribuir para a elevação de nivel do debate. No entanto, se a tônica de Paes e seus auxiliares continuar a pautar-se pela orientação seguida até o presente, mesmo com a consciência de que campanhas desse jaez encerram dentro delas o gérmen corrosivo da autodestruição, não poderá o candidato Gabeira do PV evitar de colocar os pontos nos ii – e para tal, como já se terá dado conta Paes, dispõe de experiência de vida política que o torna também um respeitável adversário.
São Paulo. A candidata do PT, Marta Suplicy – que protestara no passado com a exploração de sua vida pessoal, ao separar-se de Eduardo Suplicy para casar-se com Luís Favre – agora julga oportuno inserir no horário eleitoral insinuações a respeito da vida privada de seu adversário Gilberto Kassab (DEM). Na Tevê, a insinuação se dá em comerciais, em que um locutor faz várias perguntas: “Você sabe mesmo quem é o Kassab ?” Ao final, a propaganda indaga: “Sabe se ele é casado? Tem filhos?” Não obstante o caráter dúbio das ‘perguntas’, hoje uma Marta em dificuldades eleitorais as fundamenta a pretexto de que “são direitos de informação que todo mundo tem que ter.”
De certo modo, a candidata do PT – que de repente se descobriu em desvantagem de 17 pontos, sem alianças políticas, nem outros contingentes eleitorais a agregar – segue uma linha que não difere essencialmente daquela do candidato Eduardo Paes, no Rio de Janeiro. Emprestando à própria campanha, ao encetar o debate do segundo turno, um enfoque que enjeitara no passado – daí a pergunta da Folha ‘se tal propaganda não era contraditória com a sua biografia’ – ela demonstra um nervosismo similar – e talvez maior – do que o do candidato do PMDB no Rio. Com efeito, o retrospecto lhe é contrário – nenhum candidato com tal desvantagem conseguiu revertê-la em próprio proveito – o atraso é substancial, e os apoios escasseiam. O que não há de faltar será o trabalho que dará aos advogados, para explicar no TRE a alegada pertinência desses questionamentos. Será que a atmosfera de derrota, a míngua de apoios, inclusive aqueles mais altos, que ora enfrentam problemas de agenda, tudo isso motiva a súbita mudança de postura e de nível, que de cambulhada manda à breca a dita biografia mencionada pela pauta do jornalista?
Mais respostas para tais questões na divulgação da próxima pesquisa da Datafolha...
sábado, 11 de outubro de 2008
Prêmio Nobel de Literatura - a Omissão do Brasil
O Prêmio Nobel de Literatura – A continuada Omissão do Brasil
Jean-Marie Gustave le Clézio é o 14º.francês a ser agraciado com o Nobel de Literatura. Em meio à polêmica aberta pelo Secretário e porta-voz da Academia Sueca, Horace Engdahl, com declarações bastante discutíveis sobre a atual literatura estadunidense (que se acharia muito isolada, não haveria suficientes traduções e nem participariam do diálogo de literaturas, constituindo assim, uma ignorância que os limita), a escolha de Le Clézio - que é pouco conhecido no Brasil (apenas três livros aqui editados) - semelha recair em um grande nome. Os livros de Le Clézio trazem aquele traço característico gaulês que é o interesse pelo estrangeiro e pelo agreste, como se vê nos temas versados (desertos, contrastes culturais). Entretanto, o propósito deste artigo não se reporta à seleção de Le Clézio, mas ao invés deseja discutir a exclusão do Brasil do prêmio Nobel em geral e daquele de literatura em particular.
A leitura dos prêmios Nobel de literatura, a princípio, nos indica ser um elenco dispar, em que ilustres desconhecidos e escritores datados aparecem junto de grandes nomes como Sartre (que rejeitou o prêmio), Camus, Thomas Mann, Gunther Grass (apesar de seu ‘esquecimento’ de juventude), Gabriel Garcia Marquez e outros mais.
Qual a razão da omissão de escritores brasileiros, levada em conta a circunstância de que a América Latina está representada, senão pletoricamente, pelo menos conta com os nomes da chilena Gabriela Mistral (1945), do guatemalteco Miguel Angel Asturias (1967), do chileno Pablo Neruda (1971), do colombiano Gabriel Garcia Marquez (1982) e do mexicano Octavio Paz (1990) ?
Com efeito, se o Prêmio Nobel, iniciado em 1901 com Sully Prudhomme, jamais incluíu um brasileiro, cabe perguntar se tal omissão é uma deliberada indicação de juízo negativo da qualidade de nossos escritores (e poetas), ou se é produto de outros fatores. Em verdade, o Prêmio Nobel, que deixou de distinguir escritores notáveis –de que, talvez,a maior omissão seja Marcel Proust - apresenta em sua lista uma série de sombras (sem memória, como as do Hades), e outros nomes digamos intermediários, que não tem o peso literário daqueles preteridos.
Na crônica do Nobel, comentou-se no passado que a não-premiação de Jorge Amado resultara de singular implicância de membro influente da comissão sueca. Decerto, à qualidade dos livros de Amado na sua primeira fase não correspondeu na produção ulterior idêntico nível literário. Não obstante, pelo conjunto de obra, e pela sua difusão mundial, Jorge Amado não terá preenchido os mesmos requisitos ou quiçá mais, do que, v.g., Anatole France (1921) e Miguel Angel Asturias (1967) ? E o que dizer da omissão do grande poeta Carlos Drummond de Andrade, diante das premiações de poetas de língua hispânica como Gabriela Mistral e Pablo Neruda ?
Este esquecimento do Brasil como presença literária – não entrarei aqui nas também gritantes omissões de Cesar Lattes e Dom Hélder Câmara, em outros campos do Nobel – semelha acaso corresponder a um juízo preconceituoso de nossa terra como sem personalidade (o recentemente falecido escritor palestino Edward Said nos considerou um país nondescript ) ? Ou será a conseqüência de uma relativa ausência de nossos escritores na literatura mundial, o que aparentemente não se sustenta pela atenção além fronteiras dispensada a grandes nomes como Machado de Assis, Manuel Bandeira, João Guimarães Rosa e o próprio Carlos Drummond.
Forçoso será reconhecer que à proficiência tristemente demonstrada pelo regime militar para barrar a candidatura de D. Helder Câmara ao Prêmio Nobel da Paz não houve antes ou depois equipolente disposição no sentido de divulgar nomes pátrios junto às ditas instâncias competentes.
Por outro lado, a própria lista do Nobel já representa um melancólico reflexo da postura neo-colonialista e européia do órgão decisório, privilegiando obscuros escritores escandinavos, e muitos e muitos europeus. Em tempos recentes, a comissão tem demonstrado, através de módica distribuição a nomes de países ditos exóticos, uma certa preocupação com vistas a resguardar-se de críticas contra o seu viés pró-Velho Continente.
Como última questão, dada a presente falta de expoentes em nossa literatura, as perspectivas de premiação não se afiguram das mais brilhantes, embora, como consolo, parece oportuno assinalar que a comissão já premiou muitas mediocridades na sua secular história. Por que então não se poderia especular de que venha a Europa curvar-se perante o Brasil mesmo que o seja por autor de grandeza não comparável àqueles que nas palavras de Carlos de Laet entre outras distinções já tiveram a da Morte ?
Jean-Marie Gustave le Clézio é o 14º.francês a ser agraciado com o Nobel de Literatura. Em meio à polêmica aberta pelo Secretário e porta-voz da Academia Sueca, Horace Engdahl, com declarações bastante discutíveis sobre a atual literatura estadunidense (que se acharia muito isolada, não haveria suficientes traduções e nem participariam do diálogo de literaturas, constituindo assim, uma ignorância que os limita), a escolha de Le Clézio - que é pouco conhecido no Brasil (apenas três livros aqui editados) - semelha recair em um grande nome. Os livros de Le Clézio trazem aquele traço característico gaulês que é o interesse pelo estrangeiro e pelo agreste, como se vê nos temas versados (desertos, contrastes culturais). Entretanto, o propósito deste artigo não se reporta à seleção de Le Clézio, mas ao invés deseja discutir a exclusão do Brasil do prêmio Nobel em geral e daquele de literatura em particular.
A leitura dos prêmios Nobel de literatura, a princípio, nos indica ser um elenco dispar, em que ilustres desconhecidos e escritores datados aparecem junto de grandes nomes como Sartre (que rejeitou o prêmio), Camus, Thomas Mann, Gunther Grass (apesar de seu ‘esquecimento’ de juventude), Gabriel Garcia Marquez e outros mais.
Qual a razão da omissão de escritores brasileiros, levada em conta a circunstância de que a América Latina está representada, senão pletoricamente, pelo menos conta com os nomes da chilena Gabriela Mistral (1945), do guatemalteco Miguel Angel Asturias (1967), do chileno Pablo Neruda (1971), do colombiano Gabriel Garcia Marquez (1982) e do mexicano Octavio Paz (1990) ?
Com efeito, se o Prêmio Nobel, iniciado em 1901 com Sully Prudhomme, jamais incluíu um brasileiro, cabe perguntar se tal omissão é uma deliberada indicação de juízo negativo da qualidade de nossos escritores (e poetas), ou se é produto de outros fatores. Em verdade, o Prêmio Nobel, que deixou de distinguir escritores notáveis –de que, talvez,a maior omissão seja Marcel Proust - apresenta em sua lista uma série de sombras (sem memória, como as do Hades), e outros nomes digamos intermediários, que não tem o peso literário daqueles preteridos.
Na crônica do Nobel, comentou-se no passado que a não-premiação de Jorge Amado resultara de singular implicância de membro influente da comissão sueca. Decerto, à qualidade dos livros de Amado na sua primeira fase não correspondeu na produção ulterior idêntico nível literário. Não obstante, pelo conjunto de obra, e pela sua difusão mundial, Jorge Amado não terá preenchido os mesmos requisitos ou quiçá mais, do que, v.g., Anatole France (1921) e Miguel Angel Asturias (1967) ? E o que dizer da omissão do grande poeta Carlos Drummond de Andrade, diante das premiações de poetas de língua hispânica como Gabriela Mistral e Pablo Neruda ?
Este esquecimento do Brasil como presença literária – não entrarei aqui nas também gritantes omissões de Cesar Lattes e Dom Hélder Câmara, em outros campos do Nobel – semelha acaso corresponder a um juízo preconceituoso de nossa terra como sem personalidade (o recentemente falecido escritor palestino Edward Said nos considerou um país nondescript ) ? Ou será a conseqüência de uma relativa ausência de nossos escritores na literatura mundial, o que aparentemente não se sustenta pela atenção além fronteiras dispensada a grandes nomes como Machado de Assis, Manuel Bandeira, João Guimarães Rosa e o próprio Carlos Drummond.
Forçoso será reconhecer que à proficiência tristemente demonstrada pelo regime militar para barrar a candidatura de D. Helder Câmara ao Prêmio Nobel da Paz não houve antes ou depois equipolente disposição no sentido de divulgar nomes pátrios junto às ditas instâncias competentes.
Por outro lado, a própria lista do Nobel já representa um melancólico reflexo da postura neo-colonialista e européia do órgão decisório, privilegiando obscuros escritores escandinavos, e muitos e muitos europeus. Em tempos recentes, a comissão tem demonstrado, através de módica distribuição a nomes de países ditos exóticos, uma certa preocupação com vistas a resguardar-se de críticas contra o seu viés pró-Velho Continente.
Como última questão, dada a presente falta de expoentes em nossa literatura, as perspectivas de premiação não se afiguram das mais brilhantes, embora, como consolo, parece oportuno assinalar que a comissão já premiou muitas mediocridades na sua secular história. Por que então não se poderia especular de que venha a Europa curvar-se perante o Brasil mesmo que o seja por autor de grandeza não comparável àqueles que nas palavras de Carlos de Laet entre outras distinções já tiveram a da Morte ?
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Dos Jornais XXI Eleição para Prefeito - Segundo Turno
Eleições para Prefeito - Segundo Turno
O GLOBO e FOLHA DE S. PAULO
Rio de Janeiro. Conforme a Datafolha indicara, os vencedores no primeiro turno foram Eduardo Paes e Fernando Gabeira. E nas primeiras pesquisas para o segundo turno, a Datafolha coloca Gabeira em primeiro lugar (43%) e Paes, em segundo (41%). Conforme se depreende do noticiário de O Globo, há uma grande movimentação dos dois candidatos, e notadamente de Paes, e de seus padrinhos, o governador Sérgio Cabral, e o presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Picciani. Depois do infrutifero contacto com o Presidente Lula na Base Aérea – Lula não se deixou fotografar com Paes, nem lhe deu o solicitado apoio – o candidato do PMDB verifica que as suas críticas ao Presidente durante o episódio do mensalão não foram esquecidas por Lula. Por outro lado, Cabral e Picciani tentam obter o apoio de Crivella ao seu candidato.
Não é a única ajuda que tem recebido o candidato Paes. O jornal O GLOBO nas edições de ontem e ante-ontem procurou explorar, com viés negativo, o factóide do banho de Gabeira na piscina do Flamengo. Rendida essa aparição de Gabeira o que poderia render para os moinhos da candidatura de Paes, na edição de hoje, em primeira página, depois de reportar-se ao “fraco desempenho eleitoral” de Gabeira na Zona Oeste, estranhamente transcreve uma suposta conversa “ouvida por repórteres”, em que Gabeira teria criticado “sua principal aliada, a vereadora Lucinha, mais votada no Rio”. Por meio de invasão de privacidade, a par de transcrição fora de seu contexto das alegadas palavras de Gabeira que, de resto pelo seu estilo truculento não se coadunam com a pessoa do candidato do PV, verifica-se que já nos primórdios da disputa eleitoral do segundo turno, órgãos como O Globo – que foi até há pouco um sustentáculo do Prefeito Cesar Maia – não trepidam em recorrer a esse gênero de artilharia pesada, com que se buscaria não só intrigar o candidato Gabeira com a sua principal representante na Zona Oeste, mas também desmerecer dos eleitores daquela área, com o presumível intento de prejudicar o candidato Gabeira:
“Lucinha está com o salto alto. É analfabeta política. Tem visão suburbana e precária.” O candidato Gabeira, mais do que o apoio de partidos, tem orientado a sua campanha no sentido de motivar os eleitores de Jandira Feghali (PCdoB) e de Alessandro Molon (PT). Tem frisado, dentro de sua postura ética, que não pretende trocar apoios políticos por cargos. Saindo na frente, para surpresa de muitos, Gabeira terá inquietado àqueles que terão motivos de alinhar-se na candidatura peemedebista de Eduardo Paes. Pela cidade do Rio de Janeiro, façamos votos para que prevaleça a candidatura de Fernando Gabeira. Diante do atual descalabro do Rio de Janeiro, um grande número de eleitores saberá discernir o que ele significa como proposta de mudança, e de alteração de práticas político-administrativas.
São Paulo. Na Paulicéia, continua a surpreender o atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM) contra a antes favorita Marta Suplicy (PT). Ao contrário, do que previa a Datafolha, Kassab venceu a Marta por 33,61% a 32,79% dos votos válidos. Na corrida para o segundo turno, Kassab sai na dianteira com 54% das intenções de voto, contra 37% , para Marta. Dependendo da evolução desse segundo turno, em que a maior parte dos eleitores de Geraldo Alckmin declara o seu propósito de apoiar a Kassab (74%) contra 13% (que pretendem sufragar a Marta), cresce a importância do governador José Serra, que politicamente já registra ganhos consideráveis pelo primeiro turno (devido à derrota de seu antagonista no PSDB, Geraldo Alckmin, e à vitória de seu candidato não-declarado, i.e., Gilberto Kassab). O desempenho de Marta Suplicy preocupa a direção do PT que estaria estudando maneiras de preservar o Presidente Lula, na hipótese, cuja possibilidade não é mais teórica, de uma vitória do candidato de José Serra. É de assinalar-se igualmente que não só pela sua desastrada incursão em São Paulo, para dar apoio a Alckmin, mas também pela circunstância de que o seu candidato em Belo Horizonte, ao invés da vitória já no primeiro turno, teve apenas uma diferença de dois pontos para o candidato Quintão do PMDB, a posição nacional de Aécio Neves – e a sua postulação à candidatura à presidência pelo PSDB - não brilhou com as luzes anteriores.
Porto Alegre e Recife. No Sul, vão para o segundo turno, José Fogaça (PMDB) e Maria do Rosario (PT). As projeções, por ora, dão no segundo turno a vitória de Fogaça. No Recife, o candidato do PT, João da Costa,que tivera a candidatura impugnada em primeira instância judiciária, ganhou folgadamente do representante do DEM, Mendonça Filho. A sua vitória popular, no entanto, depende de validação por sentença do T.R.E.
O GLOBO e FOLHA DE S. PAULO
Rio de Janeiro. Conforme a Datafolha indicara, os vencedores no primeiro turno foram Eduardo Paes e Fernando Gabeira. E nas primeiras pesquisas para o segundo turno, a Datafolha coloca Gabeira em primeiro lugar (43%) e Paes, em segundo (41%). Conforme se depreende do noticiário de O Globo, há uma grande movimentação dos dois candidatos, e notadamente de Paes, e de seus padrinhos, o governador Sérgio Cabral, e o presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Picciani. Depois do infrutifero contacto com o Presidente Lula na Base Aérea – Lula não se deixou fotografar com Paes, nem lhe deu o solicitado apoio – o candidato do PMDB verifica que as suas críticas ao Presidente durante o episódio do mensalão não foram esquecidas por Lula. Por outro lado, Cabral e Picciani tentam obter o apoio de Crivella ao seu candidato.
Não é a única ajuda que tem recebido o candidato Paes. O jornal O GLOBO nas edições de ontem e ante-ontem procurou explorar, com viés negativo, o factóide do banho de Gabeira na piscina do Flamengo. Rendida essa aparição de Gabeira o que poderia render para os moinhos da candidatura de Paes, na edição de hoje, em primeira página, depois de reportar-se ao “fraco desempenho eleitoral” de Gabeira na Zona Oeste, estranhamente transcreve uma suposta conversa “ouvida por repórteres”, em que Gabeira teria criticado “sua principal aliada, a vereadora Lucinha, mais votada no Rio”. Por meio de invasão de privacidade, a par de transcrição fora de seu contexto das alegadas palavras de Gabeira que, de resto pelo seu estilo truculento não se coadunam com a pessoa do candidato do PV, verifica-se que já nos primórdios da disputa eleitoral do segundo turno, órgãos como O Globo – que foi até há pouco um sustentáculo do Prefeito Cesar Maia – não trepidam em recorrer a esse gênero de artilharia pesada, com que se buscaria não só intrigar o candidato Gabeira com a sua principal representante na Zona Oeste, mas também desmerecer dos eleitores daquela área, com o presumível intento de prejudicar o candidato Gabeira:
“Lucinha está com o salto alto. É analfabeta política. Tem visão suburbana e precária.” O candidato Gabeira, mais do que o apoio de partidos, tem orientado a sua campanha no sentido de motivar os eleitores de Jandira Feghali (PCdoB) e de Alessandro Molon (PT). Tem frisado, dentro de sua postura ética, que não pretende trocar apoios políticos por cargos. Saindo na frente, para surpresa de muitos, Gabeira terá inquietado àqueles que terão motivos de alinhar-se na candidatura peemedebista de Eduardo Paes. Pela cidade do Rio de Janeiro, façamos votos para que prevaleça a candidatura de Fernando Gabeira. Diante do atual descalabro do Rio de Janeiro, um grande número de eleitores saberá discernir o que ele significa como proposta de mudança, e de alteração de práticas político-administrativas.
São Paulo. Na Paulicéia, continua a surpreender o atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM) contra a antes favorita Marta Suplicy (PT). Ao contrário, do que previa a Datafolha, Kassab venceu a Marta por 33,61% a 32,79% dos votos válidos. Na corrida para o segundo turno, Kassab sai na dianteira com 54% das intenções de voto, contra 37% , para Marta. Dependendo da evolução desse segundo turno, em que a maior parte dos eleitores de Geraldo Alckmin declara o seu propósito de apoiar a Kassab (74%) contra 13% (que pretendem sufragar a Marta), cresce a importância do governador José Serra, que politicamente já registra ganhos consideráveis pelo primeiro turno (devido à derrota de seu antagonista no PSDB, Geraldo Alckmin, e à vitória de seu candidato não-declarado, i.e., Gilberto Kassab). O desempenho de Marta Suplicy preocupa a direção do PT que estaria estudando maneiras de preservar o Presidente Lula, na hipótese, cuja possibilidade não é mais teórica, de uma vitória do candidato de José Serra. É de assinalar-se igualmente que não só pela sua desastrada incursão em São Paulo, para dar apoio a Alckmin, mas também pela circunstância de que o seu candidato em Belo Horizonte, ao invés da vitória já no primeiro turno, teve apenas uma diferença de dois pontos para o candidato Quintão do PMDB, a posição nacional de Aécio Neves – e a sua postulação à candidatura à presidência pelo PSDB - não brilhou com as luzes anteriores.
Porto Alegre e Recife. No Sul, vão para o segundo turno, José Fogaça (PMDB) e Maria do Rosario (PT). As projeções, por ora, dão no segundo turno a vitória de Fogaça. No Recife, o candidato do PT, João da Costa,que tivera a candidatura impugnada em primeira instância judiciária, ganhou folgadamente do representante do DEM, Mendonça Filho. A sua vitória popular, no entanto, depende de validação por sentença do T.R.E.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Dos Jornais XX - Eleições para Prefeito Primeiro Turno
Eleições para Prefeito - Pesquisas para o Primeiro Turno
Às vésperas do fim da campanha pelas prefeituras, a Datafolha divulga, entre outras, as suas pesquisas para o Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Recife.
Comentário. No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) continua na frente, com 29% das intenções de voto. Em segundo lugar, em empate técnico, estão Marcelo Crivella (PRB), com 19% e Fernando Gabeira (PV-PSDB), com 17%. Assinale-se o crescimento de Gabeira, que acumulou seis pontos positivos nas últimas duas pesquisas, enquanto Crivella cresceu um ponto na derradeira pesquisa. Por último dentre os candidatos com chance de irem para o segundo turno está Jandira Feghali (PCdoB), com 12% (queda de um ponto em relação à penúltima pesquisa). Todos esses dados provêm da Datafolha.
Não está muito esclarecido o papel da pesquisa do IBOPE (divulgada na última sexta-feira), segundo a qual Gabeira teria 10% e Crivella 24%. Neste mesmo dia, levantamento da Datafolha apontava 15% para Gabeira e 18% para Crivella. O IBOPE atribuiu tal diferença a “diferenças metodológicas”, enquanto para o diretor da Datafolha “diferenças metodológicas não explicam diferenças nos resultados”. Nesse sentido, o candidato F. Gabeira acusa o IBOPE de inflar as intenções de voto de Crivella, o candidato com maior rejeição no Rio, para apresentar Paes como um “mocinho”contra o “bicho-papão”. Por outro lado, Gabeira declarou que entrará com ação na Justiça Eleitoral para que as emissoras de TV revelem quais candidatos contratam institutos de pesquisa sempre que for divulgado algum levantamento de intenção de voto.
Em São Paulo, a Datafolha aponta a continuada tendência de queda da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), que desceu para 19% das intenções de voto, enquanto Gilberto Kassab (DEM), que é apoiado pelo governador José Serra, chega a 27%, livrando oito pontos sobre Alckmin. Marta Suplicy (PT) continua na frente, com 35%.
A confirmar-se a ascensão de Kassab, com a eliminação de Alckmin do primeiro turno, o governador Serra registra um desenvolvimento político importante. Se as previsões de uma vitória de Kassab contra Marta no segundo turno forem confirmadas, a posição de Serra com vistas à sua candidatura presidencial em 2010 se verão bastante reforçadas.
Em Porto Alegre, sempre segundo a Datafolha, a par do Governador José Fogaça (PMDB), com 35% das intenções de voto, têm chances de irem para o segundo turno tanto Maria do Rosário (PT), com 20% e Manuela (PCdoB) com 18%. É de assinalar-se que a candidata do PT subiu dois pontos nas últimas duas pesquisas, enquanto a representante do PCdoB se manteve estável. As projeções para o segundo turno são de vitória do atual Prefeito, José Fogaça, com ligeira margem superior no embate contra Maria do Rosario.
Finalmente, no Recife, o candidato do PT, João da Costa, mesmo após a cassação de sua candidatura em primeira instância (por iniciativa do DEM), está à frente com 46% dos votos, tendo 24 pontos de diferença sobre o segundo, Mendonça (DEM). Havendo sido ajuizado o seu recurso, João da Costa poderá ser votado em cinco de outubro, e não está excluída a possibilidade de que venha a ser eleito ainda no primeiro turno.
Às vésperas do fim da campanha pelas prefeituras, a Datafolha divulga, entre outras, as suas pesquisas para o Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Recife.
Comentário. No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) continua na frente, com 29% das intenções de voto. Em segundo lugar, em empate técnico, estão Marcelo Crivella (PRB), com 19% e Fernando Gabeira (PV-PSDB), com 17%. Assinale-se o crescimento de Gabeira, que acumulou seis pontos positivos nas últimas duas pesquisas, enquanto Crivella cresceu um ponto na derradeira pesquisa. Por último dentre os candidatos com chance de irem para o segundo turno está Jandira Feghali (PCdoB), com 12% (queda de um ponto em relação à penúltima pesquisa). Todos esses dados provêm da Datafolha.
Não está muito esclarecido o papel da pesquisa do IBOPE (divulgada na última sexta-feira), segundo a qual Gabeira teria 10% e Crivella 24%. Neste mesmo dia, levantamento da Datafolha apontava 15% para Gabeira e 18% para Crivella. O IBOPE atribuiu tal diferença a “diferenças metodológicas”, enquanto para o diretor da Datafolha “diferenças metodológicas não explicam diferenças nos resultados”. Nesse sentido, o candidato F. Gabeira acusa o IBOPE de inflar as intenções de voto de Crivella, o candidato com maior rejeição no Rio, para apresentar Paes como um “mocinho”contra o “bicho-papão”. Por outro lado, Gabeira declarou que entrará com ação na Justiça Eleitoral para que as emissoras de TV revelem quais candidatos contratam institutos de pesquisa sempre que for divulgado algum levantamento de intenção de voto.
Em São Paulo, a Datafolha aponta a continuada tendência de queda da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), que desceu para 19% das intenções de voto, enquanto Gilberto Kassab (DEM), que é apoiado pelo governador José Serra, chega a 27%, livrando oito pontos sobre Alckmin. Marta Suplicy (PT) continua na frente, com 35%.
A confirmar-se a ascensão de Kassab, com a eliminação de Alckmin do primeiro turno, o governador Serra registra um desenvolvimento político importante. Se as previsões de uma vitória de Kassab contra Marta no segundo turno forem confirmadas, a posição de Serra com vistas à sua candidatura presidencial em 2010 se verão bastante reforçadas.
Em Porto Alegre, sempre segundo a Datafolha, a par do Governador José Fogaça (PMDB), com 35% das intenções de voto, têm chances de irem para o segundo turno tanto Maria do Rosário (PT), com 20% e Manuela (PCdoB) com 18%. É de assinalar-se que a candidata do PT subiu dois pontos nas últimas duas pesquisas, enquanto a representante do PCdoB se manteve estável. As projeções para o segundo turno são de vitória do atual Prefeito, José Fogaça, com ligeira margem superior no embate contra Maria do Rosario.
Finalmente, no Recife, o candidato do PT, João da Costa, mesmo após a cassação de sua candidatura em primeira instância (por iniciativa do DEM), está à frente com 46% dos votos, tendo 24 pontos de diferença sobre o segundo, Mendonça (DEM). Havendo sido ajuizado o seu recurso, João da Costa poderá ser votado em cinco de outubro, e não está excluída a possibilidade de que venha a ser eleito ainda no primeiro turno.
Assinar:
Postagens (Atom)