Nesse governo, os mocinhos perdem
Será sempre devastadora a mensagem de que a justa causa não há de prevalecer no final. Nos filmes antigos uma geração se acostumou a esperar, confiante, pela vitória do bem. E, malgrado as peripécias e os obstáculos no caminho, a sua expectativa não seria jamais afrontada. A despeito de tudo e de todos, o bem vencia.
As pessoas saíam do cinema na reconfortante companhia de inebriante sensação, a de que nesse mundo a justiça pode prevalecer, por mais fortes e apadrinhados que os seus inimigos possam ser. Tais impressões da juventude não são tão fugazes quanto os céticos almejam fazê-las parecer. As mentes jovens abraçam o belo e o promissor com abandono, porque é bom redescobrir em um mundo marcado por cega e estúpida crueldade a indelével marca de que a causa justa não há de desfazer-se a exemplo de fábulas da terra-do-faz-de-conta.
Veja ilustre passageiro desse bonde que não circula mais a não ser na frágil memória de geração que, se não vai se despedindo, se aferra, a custo, aos atropelos do dia-a-dia. É uma nota de primeira página, e se me permitem, vou transcrevê-la nas suas entrecortadas frases, que contam, com um golpe atrás do outro, uma estória que deixará em muitos o acerbo travo de um estranho desfecho:
‘Derrota do
Verde – IPHAN PRESERVA INVASÕES NO JARDIM BOTÂNICO Estudo sobre tombamento da área diz que 316
famílias podem ficar onde estão. Na queda de braço com os defensores das
ocupações e com o Ministério do Meio Ambiente, Liszt Vieira, diretor do parque
perde a batalha e o cargo’
O parecer do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) defende que 316
famílias invasoras permaneçam no local. Tal conclusão vai contra a proposta da
direção do Jardim Botânico, que durante trinta anos pede a transferência dos
invasores para a ampliação de sua área de pesquisa e do espaço aberto à
visitação. Apesar de defender a boa causa, o presidente Liszt Vieira será exonerado.
Será para isso que se demarcou o espaço do Jardim Botânico e que o Principe-Regente plantou a sua palmeira imperial, que por mais de um século se ergueu no gesto de quem agradece ao Criador pela generosa extensão aberta a tantas espécies conhecidas ou não.
É deveras estranho este caso. O raio parte de quem deveria preservar esse ambiente. Que é suposto ser público e, ainda por cima, botânico.
A Democracia é Pedra no Caminho
de Yanukovitch ?
No entanto, a relutância até hoje demonstrada por Yanukovitch no que tange à condição política para a firma de tal instrumento colocam pesadas dúvidas sobre a efetiva vontade de pagar o preço pelo desenvolvimento de intercâmbio e o consequente progresso da economia ucraniana.
A criação de reais condições de império da democracia na Ucrânia desenvolveria a economia naquele país diante da consequente abertura do comércio, seja no desenvolvimento das exportações ucranianas, seja através do ingresso de meios e produtos da União Européia, com a resultante elevação do nível de vida naquele país.
Viktor Yanukovitch, no entanto, através da judicialização da política, com dóceis juízes empilha processos iníquos contra a líder da oposição, Yulia Timoshenko, detida desde agosto de 2011, e hoje consignada num cárcere hospitalar em Kharkhov. A par disso, o ditador-presidente também encerrou em masmorra desde dezembro de 2010, a Yuri Lutsenko, outro prócer oposicionista.
A mão de ferro do ditador Yanukovitch – a quem os trapos de esgarçada prática democrática não dissimulam os pendores autoritários - reapareceu nas eleições parlamentares do outuno passado. Dessarte, não será com punhos de renda nem outras mesuras, como a aceitação de vagas promessas de reformas democráticas que se deverá permitir o livre comércio com a U.E.
Somente com a incondicional liberação da Timoshenko, de Lutsenko e de todos os políticos oposicionistas presos, além da supressão de todas as práticas anti-democráticas hoje vigentes - em que cortes judiciais e administrativas fazem o trabalho sujo do partido de Yanukovitch – é que se afigura possível a relibertação da Ucrânia, e a criação de condições de eleições limpas e imparciais, em que os vencedores sejam empossados e não afastados por cínicas manobras judiciais e administrativas puxadas pelos cordéis de Yanukovitch e seus múltiplos asseclas.
Para a prosperidade da Ucrânia existe diante do tirano Viktor Yanukovitch a pedra no caminho das eleições livres, em que a oposição da Timoshenko e o partido governamental participem em igualdade de condições. Para que o ditador-presidente se decida a cruzar o Rubicon da Democracia, nos muros de seu palácio deverá estar escrita a alternativa: Ou democracia com prosperidade, ou ditadura com os grilhões da pobreza.
( Fontes: O Globo;
International Herald Tribune )
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