Abertura do Conclave
Depois da
missa ‘Pro eligendo Pontifice’, rezada
pelo cardeal-decano, Angelo Sodano, a
assembleia de 115 cardeais se transforma em Conclave. Hoje haverá a primeira
votação e tudo leva a crer que a fumaça da Capela Sistina seja negra, eis que a
urna inicial, mesmo se aponta os principais candidatos, tende a ser utilizada
para homenagens pessoais.
Por
primeira vez, um cardeal brasileiro, dom Odilo Scherer, arcebispo de São
Paulo, aparece entre os concorrentes com chance. Ele tem 63 anos, que é idade
relativamente jovem para pontífice romano. Dom Odilo estaria sendo indicado
pelo Camerlengo, Cardeal Tarcisio Bertone.
Como este último é personagem polêmico, a quem se procurou envolver nos
derradeiros escândalos do pontificado de Papa Ratzinger, tal caução não se
afigura necessariamente favorável. De toda maneira, o arcebispo de São Paulo é visto
enquanto representante da corrente conservadora.Na bolsa de apostas, o Arcebispo de Milão, Angelo Scola, com 71 anos, surge como o presente favorito. Milão, depois de Roma (a sé pontifícia), é a mais importante da Itália. O Cardeal Montini, que sucedeu a Papa Giovanni, era arcebispo de Milão, quando foi eleito em 30 de junho de 1963, assumindo o nome de Paulo VI.
Outros ‘papabili’ (‘papáveis’) seriam o americano Sean O’Malley, de Boston, com 68 anos, o canadense Marc Oullet, nunca excluindo surpresas – cada vez mais possíveis em congresso eleitor tão amplo – como foi o caso a seu tempo de Karol Wojtyla, em 1978. Assinale-se que durante tal conclave muitos sufrágios foram dados ao Cardeal Stefan Wyszynski, Primaz da Polônia, que os declinou, por causa da idade, tendo apontado o Cardeal de Cracóvia, Karol Wojtyla, como eventual candidato em seu lugar.
Chega-se a mencionar outros candidatos, entre os quais o hondurenho Oscar Rodriguez Maradiaga, Arcebispo de Tegucigalpa, da ala progressista e o portenho Leonardo Sandri, que fez carreira na Cúria romana já ao tempo do regime militar argentino.
Como não há grandes favoritos – a exemplo de Joseph Ratzinger, o virtual preferido de Papa Wojtyla – o conclave pode caracterizar-se pela abertura, com alguma indicação surpresa. Qualquer intento nesse sentido deve ser, portanto, julgado temerário.
Segundo a investigação da polícia e as
gravações de telefonemas da Dra. Virgínia
Soares de Souza, chefe da UTI, a equipe sob a sua direção adotava
um procedimento para lá de estranho com vistas à liberações dos leitos ocupados
por enfermos submetidos à terapia intensiva.
Para ‘liberar’
as vagas no espaço da UTI, a dra.
Virgínia ordenava a aplicação de bloqueadores neuromusculares ou anestésicos.
Em seguida, determinava a quantidade de oxigênio disponibilizada pelos
respiradores, o que provocava a morte por asfixia. Consoante afirma a promotora Fernanda Garcez, do Ministério Público “não havia indicação terapêutica justificada para que os pacientes recebessem esses medicamentos”. Dos seis indiciados pela Polícia, foram denunciados cinco: a citada chefe da UTI (e da quadrilha), os médicos Anderson de Freitas, Edison Anselmo da Silva Júnior e Maria Israela Cortez Boccato, assim como a enfermeira Lais da Silva Groff.
A par disso, foram incluídos na denúncia os enfermeiros Claudinei Machado Nunes e Patrícia de Gouveia Ribeiro, e a fisioterapeuta Carmencita Minozzo. Esses dois últimos constam do indiciamento tão só por formação de quadrilha.
Todas as vítimas – e são sete mortes contabilizadas – eram pacientes do SUS e de convênios. Neste contexto, em não havendo interesse financeiro direto, resta a determinar qual o móbil do crime, se de pecuniário colateral ou de qualquer outra motivação.
A Causa contra o defunto Dr. Magnitsky (Contd.)
A legislação
russa prevê que uma pessoa defunta venha a ser ré em ação judiciária. Em geral,
esse tipo de procedimento judiciário existe para que familiares tenham a
oportunidade de isentar de culpa alguém que tenha sido injustamente acusado.
No caso
emblemático de Sergei L. Magnitsky, não é o que se pretende. Morto com 37 anos
de idade na prisão, a causa mortis provavelmente foram maus
tratos e falta de assistência médica.Segundo as aparências, o retomado processo penal contra Magnitsky constitui, na verdade, represália da Federação Russa motivada por uma lei do Congresso estadunidense que proíbe o ingresso nos EUA de funcionários russos envolvidos na sua detenção e morte. Em resposta, além de o parlamento russo aprovar lei que proíbe a adoção de órfãos russos por cidadãos americanos, os promotores de Moscou reativaram o processo por evasão de divisas de que Magnitsky fora réu.
Na verdade, segundo os advogados da vítima, o motivo de sua prisão era bem diverso. Magnitsky não só foi preso em uma masmorra, mas também espancado pelo ‘crime’ de ousar investigar a respeito de milhões de dólares muito possivelmente subtraídos por policiais e burocratas corruptos. Acresce notar que para a morte de Sergei Magnitsky igualmente contribuíu a sistemática negativa de atendimento médico.
Há de intuir-se que a reexumação do processo contra Magnitsky nos insere em verdadeiro teatro do absurdo. Dada a peculiaridade do caso, a defesa solicitou o adiamento do juízo por dois meses.
Tanto o promotor, quanto o juiz acharam demasiado tempo, e este último marcou audiência para a próxima segunda-feira.
Resta saber se as duas partes estarão representadas. Sem entrar no mérito da acusação, a aparente falta de propósito de toda a encenação já é representada pela jaula vazia (em toda ação penal na Rússia o réu está confinado em gaiola de ferro).
(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, International
Herald Tribune)
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